sábado, 20 de maio de 2023

Ascensão: o Triunfo do Vencedor, Jesus Cristo (Ascensão do Senhor - Ano A) (12/05)

 


Ascensão: o Triunfo do Vencedor, Jesus Cristo

Ao Celebramos a Ascensão do Senhor, sejamos enriquecidos pelo Sermão de São Máximo de Turim (séc. V):

“’Se o grão de trigo não cai na terra e morre, fica infecundo; mas se morre, dá muito fruto’. Floresceu, pois, novamente o Senhor ressuscitando do sepulcro; frutifica quando sobe ao céu.

É flor quando é gerado nas profundezas da terra; é fruto quando é assentado em Sua sublime sede. É grão – como Ele mesmo diz – quando, só, padece a Cruz; é fruto quando Se vê cercado da copiosa fé dos Apóstolos.

De fato, durante aqueles quarenta dias em que, depois da Ressurreição, conviveu com Seus discípulos, instruiu-lhes em toda a maturidade da sabedoria e os preparou para uma safra abundante com toda a fecundidade de Sua doutrina. Depois subiu ao céu, ou seja, ao Pai, levando o fruto da carne e deixando em Seus discípulos as sementes da justiça.

Subiu, portanto, o Senhor ao Pai. Vossa santidade recordará, sem dúvida, que comparei o Salvador com aquela águia do salmista, da qual lemos que renova sua juventude.

Realmente existe uma semelhança, e não pequena. Pois assim como a águia abandonando os vales se eleva às alturas e penetra impetuosa nos céus, assim também o Salvador abandonando as profundidades do abismo Se elevou aos serenos picos do paraíso, e penetrou nas mais elevadas regiões do céu.

E assim como a águia, abandonando a mesquinharia da terra, e voando para as alturas, usufrui da salubridade de um ar mais puro, assim também o Senhor, abandonando a imundície dos pecados terrenos e revoando em Seus santos, alegra-Se na simplicidade de uma vida mais pura.

De forma que a comparação com a águia se encaixa perfeitamente ao Salvador. Mas, então, como explicar o fato de que frequentemente a águia destroça sua presa e arrebata seguidamente a presa alheia? Contudo, tampouco nisto é dessemelhante ao Salvador.

De certo modo arrastou com a presa quando ao homem que tinha assumido, arrancado das gargantas do inferno, o conduziu ao céu, e ao que era escravo de uma dominação alheia, isto é, da potestade diabólica, libertado da catividade, cativo o conduziu às regiões elevadas, como escreve o profeta: ‘Subiu ao alto levando cativa a catividade e deu dons aos homens’.

Esta frase certamente significa que levou ao alto dos céus a catividade cativa. Uma e outra catividade são designadas com idêntica palavra. Mas ambas com um significado bem distinto, visto que a catividade do diabo reduz o homem à escravidão, enquanto a catividade de Cristo restitui a liberdade.

‘Subiu’, disse, ‘ao alto levando cativa a catividade’. Quão bem descreve o profeta o triunfo de Cristo! Pois, segundo dizem, a pompa da carruagem dos vencidos costuma preceder ao rei vencedor.

Mas eis aqui que a catividade gloriosa não precede ao Senhor em sua Ascensão aos céus, mas que o acompanha; não é conduzida a carruagem à frente, mas sim que é ela a que leva ao Salvador.

Por um inefável mistério, enquanto o Filho de Deus eleva ao céu o Filho do homem, a própria catividade é ao mesmo tempo portadora e portada. O que acrescenta: ‘deu dons aos homens’, é o gesto típico do vencedor.” (1)

O Prefácio da Solenidade da Ascensão é expressivo para aprofundamento de quanto tenha dito São Máximo de Turim em seu Sermão:

“Na Verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação dar-vos graças, sempre e em todo o lugar, Senhor, Pai santo, Deus eterno e todo-poderoso. Vencendo o pecado e a morte, vosso Filho, Jesus, Rei da glória, subiu (hoje) ante os anjos maravilhados ao mais alto dos céus. E tornou-Se o mediador entre vós, Deus, nosso Pai, e a humanidade redimida, juiz do mundo e Senhor do universo. Ele, nossa cabeça e princípio, subiu aos céus, não para afastar-Se de nossa humildade, mas para dar-nos a certeza de que nos conduzirá à glória da imortalidade...” .

De fato, a Ascensão de Cristo é o triunfo do vencedor, como tão bem expressa a Oração do dia desta Solenidade:

Oremos: 

“Ó Deus todo-poderoso, a Ascensão do Vosso Filho já é nossa vitória. Fazei-nos exultar de alegria e fervorosa ação de graças, pois, membros de Seu corpo, somos chamados na esperança a participar da Sua glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.”


(1) Lecionário Patrístico Dominical – Editora Vozes – 2013 - pp. 110-111

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