terça-feira, 31 de outubro de 2023

A fé não nos dispensa de sagrados compromissos

                                      

A fé não nos dispensa de sagrados compromissos

Retomemos um trecho da Carta do Apóstolo Paulo aos Romanos, em que se refere à criação à espera da libertação da corrupção - (Rm 8,18-25):

“Sabemos que toda a criação, até ao tempo presente, está gemendo como que em dores de parto, e não somente ela, mas nós também, que temos os primeiros frutos do Espírito, estamos interiormente gemendo, aguardando a adoção filial e a libertação para o nosso corpo...”.

Assim nos fala o Comentário do Missal Cotidiano:

“Os problemas levantados pela ecologia têm chamado a atenção sobre o equilíbrio natural. Também em nosso modo de ver a natureza, devemos encontrar um equilíbrio. Entre um naturalismo todo horizontal, terra-a-terra, e um angelismo todo vertical, para o qual a terra não passa de base para os pés, existem outras posições mais realistas, portanto, mais cristãs. Ciência e técnica se inclinam a um esforço de busca e transformação da criação. Mas, as energias descobertas são por si ambíguas. Nós é que lhes damos sentido: gloria do Criador ou desfrute da criatura. Num caso tem-se a expansão na liberdade; no outro, a distorção, grávida de consequências arriscadas”. (1)

Naturalismo todo horizontal e angelismo todo vertical. Termos não muito comuns ao nosso discurso, mas de pertinência incontestável.

Não somente em relação à criação, mas a outros fatos da vida (nascimento, vida, doença, saúde, emprego, relacionamentos amorosos, dimensão profissional, morte etc.) podemos transitar entre as duas atitudes.

Diante da vida podemos adotar a primeira postura, procurando respostas humanas, técnicas e científicas, prescindindo de toda dimensão espiritual, sobretudo se considerarmos o processo de dilaceramento interior aguçado da fé, da religião, da existência e da necessidade de Deus.

A busca de solução, portanto, na pura razão científica e técnica e absolutamente desvinculada da fé. Não há espaço algum para a fé!

A outra postura, prescindir da ciência, da técnica, de seus avanços. Não se utilizar daquilo que o conhecimento humano alcançou, com a inapropriada postura: Deus tudo resolverá!

Segue-se a atitude de passividade e confiança em Deus, pois cabe a Ele tudo resolver, sem fazer uso daquilo que por Ele também foi propiciado, mas que deliberadamente pela atitude pessoal dispensada. A fé que tudo resolve sem mediação alguma!

Nem uma postura, nem outra. Adotada uma postura unilateral, exclusiva teremos o que se disse acima: “Num caso tem-se a expansão na liberdade; no outro, a distorção, grávida de consequências arriscadas”.

Mais uma vez vem à mente a brilhante Encíclica do Papa São João Paulo II – “Fé e Razão”.

Como Bispo, religioso, bem como cientista social que também sou, procuro transitar entre um polo e outro:

As questões econômicas, políticas, sociais, ecológicas etc. Sejam elas quais forem somente encontrarão respostas, que as sustentem, sabendo-se fazer sabiamente este livre trânsito.

Quando a fé e a ciência procuram sincero diálogo: Deus tem o seu lugar absoluto na vida humana, e esta, por sua vez, ganha em expressão, beleza e dignidade!

A negação de Deus, Seu eclipse, é a negação e o eclipse da própria humanidade, como nos insiste o Papa Bento XVI, em suas Encíclicas e pronunciamentos.

Oremos:

Livrai-nos, Senhor, da terrível “armadilha” do Naturalismo Horizontal e do Angelismo Vertical, que certamente levar-nos-ia a ofuscar e a não reconhecer Vossa soberania e  divindade, bem como fragilizaria nossa imagem que de Vós somos, estampada em nossa humanidade! 

Dai-nos, Senhor, o Fogo do Espírito, para correspondermos melhor ao Vosso Projeto de Vida plena para todos.

Dai-nos, a Sabedoria do Espírito, para iluminar a sabedoria humana, o que nos levará ao equilíbrio necessário, para agirmos como se tudo dependesse da humanidade, sem jamais prescindirmos da Força da Suprema Divindade. Amém.


(1) Missal Cotidiano – Editora Paulus - pág.1428

As parábolas da semente de mostarda e do fermento

                                        

As parábolas da  semente de mostarda e do fermento

Na Liturgia, da Palavra da terça-feira da 30ª semana do Tempo Comum, refletimos sobre duas Parábolas, em que Jesus nos fala do Reino de Deus (Lc 13,18-21): o grão de mostarda e o fermento na massa.

As Parábolas nos ajudam no crescimento espiritual, pois nos questionam, exortam, animam, ensinam, fortalecem a fé e nos levam ao mergulho tão necessário dentro de nós mesmos.

São elas, como injeção de ânimo, de esperança e renovação de compromissos com o Reino de Deus.

Ainda que tão pequenos como o grão de mostarda, aparentemente tão insignificantes, nossas ações aos olhos de Deus não o serão, pois o mesmo que acontece com o grão de mostarda acontece com o bem que fazemos.

O Reino de Deus não acontece pela grandiosidade, celebridade etc.; mas pela ação dos simples dos pequenos, dos pobres, de nossos pequenos esforços e entregas, doação total. Ainda que não mude o mundo na totalidade visibiliza a graça do Reino.

Bem disse São Paulo: Deus escolhe os fracos para confundir os fortes. A Cruz, verdadeiramente é loucura para os gregos e escândalo para os judeus.

Um discípulo missionário não fica medindo o tamanho da ação, tão pouco a recompensa recebida, mas antes, por amor, não economiza no multiplicar dos pequenos grandes gestos de amor. Isto é o que nos ensina a Parábola do grão de mostarda.

Mas tudo isto nos pede um fermento para levedar a massa, para fazer crescer o Reino o fermento indispensável: o amor, certos de que Deus  reina por Seu Amor, e o amor jamais força alguém, mas cativa para a livre adesão.

Trabalhar na construção do Reino de Deus é multiplicar palavras e ações feitas com amor, e por menor que sejam, tornarão grandes aos olhos de Deus.

Esta participação se dá quando cremos na força transformadora do melhor fermento, que somente Deus pode nos oferecer: o fermento do Seu Divino Amor.

Amor de mãe

                                                        


Amor de mãe
 
Assim são mães, invariavelmente:
Sempre solícitas em nossas dores,
Percepção ímpar de nossos sentimentos,
E atentas em ouvir e responder aos nossos lamentos.
 
Mãe tem sempre algo pronto
para enxugar nossas lágrimas,
aquecer nossa alma em aflição,
ainda que sem lenço, com o calor da mão.
 
Ó amor de mãe, que tanto bem faz,
Que tanta segurança nos alcança.
Que tanto bem faz para nossa alma,
Nos acolhe, escuta, ampara, acalma...


Ave Maria, cheia de graça...
 


Em busca da eternidade... (12/05) Ascensão do Senhor

                                            

Em busca da eternidade...

“Agora suportam-se os males deste mundo,
na terra dos mortais. Depois, contemplaremos
os bens do Senhor, na terra dos vivos.”

Sejamos enriquecidos pelo Tratado escrito pelo Bispo Santo Agostinho (séc V), para nos ajudar na compreensão de duas vidas conhecidas pela Igreja.

A Igreja conhece duas vidas, que lhe foram anunciadas por Deus; uma é vivida na fé; a outra, na visão. Uma, no tempo da caminhada; outra, na mansão eterna. Uma, no trabalho; outra, no descanso. Uma no exílio; outra, na pátria. Uma, no esforço da atividade; outra, no prêmio da contemplação.

A primeira é representada pelo Apóstolo Pedro; a segunda, pelo Apóstolo João. A primeira desenvolve-se completamente sobre a terra até que o mundo acabe, e então encontrará o fim; a outra se prolonga para além do fim dos tempos, e nunca acabará no mundo que há de vir.

Por isso foi dito a Pedro: Segue-me (Jo 21,19); mas a João diz-se: Se eu quero que ele permaneça até que Eu venha, o que te importa isso? Tu, segue-me! (Jo 21,22).

‘Segue-me tu, imitando minha paciência em suportar os males temporais. E ele permaneça até que Eu venha, para conceder os bens eternos’. Ou ainda mais claramente: ‘Siga-me a atividade que, a exemplo de minha Paixão, já terminou. Mas a contemplação, que apenas começou, permaneça assim até que Eu venha para levá-la à perfeição’.

Portanto, quem segue a Cristo, acompanha-O na santa plenitude da paciência, até à morte. Permanece até a vinda de Cristo, para lhe manifestar a plenitude da ciência. Agora suportam-se os males deste mundo, na terra dos mortais. Depois, contemplaremos os bens do Senhor, na terra dos vivos.

As palavras de Cristo: Quero que ele permaneça até que Eu venha, não devem ser interpretadas como se quisesse dizer: ‘permanece até o fim’ ou ‘fica assim para sempre’, mas ‘permanece na esperança’; pois o que João representa não atinge agora a sua plenitude, mas apenas quando Cristo vier.

Pelo contrário, o que Pedro representa, a quem o Senhor disse: Segue-me, deve cumprir-se agora, para podermos alcançar o que esperamos.

Contudo, ninguém ouse separar estes dois insignes Apóstolos. Ambos se encontravam na situação representada por Pedro e ambos haviam de se encontrar na situação representada por João.

No plano do símbolo, Pedro seguiu e João ficava; mas no plano da fé, ambos suportavam os males da vida presente, ambos esperavam os bens da felicidade futura.

O que sucedeu com eles, sucede com toda a santa Igreja, esposa de Cristo: também ela lutará no meio das tentações do mundo para alcançar a felicidade futura.

Pedro e João representavam as duas vidas, cada um simbolizando uma delas; mas ambos viveram esta vida temporal, animados pela fé, e agora já se alegram eternamente na outra vida, pela contemplação.

Pedro, o primeiro Apóstolo, recebeu as chaves do Reino dos céus, com o poder de ligar e desligar os pecados, para que fosse timoneiro de todos os Santos, unidos inseparavelmente ao corpo de Cristo, em meio às tempestades desta vida. E João, o Evangelista, reclinou a cabeça sobre o peito de Cristo, para exemplo dos mesmos Santos, a fim de lhes indicar o porto seguro daquela vida divinamente tranquila e feliz.

Todavia, não é somente Pedro, mas a Igreja universal, que liga e desliga os pecados. E não é só João que bebe da fonte do coração do Senhor, para ensinar com sua pregação que, no princípio, a Palavra era Deus junto de Deus, e outros ensinamentos profundos a respeito da divindade de Cristo, da Trindade e da Unidade de Deus.

No Reino dos céus, estas verdades serão por nós contempladas face a face, mas na terra nos limitamos a vê-las como num espelho e obscuramente, até que o Senhor venha.

Não foi só ele que descobriu estes tesouros do coração de Cristo, mas a todos foi aberta pelo mesmo Senhor a fonte do Evangelho, a fim de que por toda a face da terra todos bebessem dele, cada um segundo sua capacidade.”.

Algumas conclusões: 

- A diferença entre Pedro e João não empobrece a evangelização, pelo contrário a enriquece;

- Como Deus sabe trabalhar com nossas diferenças para um bem maior, e quanto ainda temos que aprender a conviver e trabalhar com o diferente para o enriquecimento mútuo;

- A Igreja avança na história de cada um: na história de fidelidade de Pedro, no ato extremado do martírio na cruz, e no amor intenso e imenso do discípulo amado que tornou o nome de Jesus conhecido, acreditado;

A relação intensa de amizade e amor que Jesus quer estabelecer conosco, sem relacionamentos marcados pela superficialidade;

A prontidão, a lucidez necessária de Pedro para se abrir permanentemente aos Mistérios de Deus;

- A tríplice relação que deve existir entre a prontidão, o amor e a lucidez aos Mistérios de Deus que se revela na História da  humanidade e na história de cada um de nós.

Na busca da eternidade, como Pedro e João, testemunhemos o Cristo Vivo e Ressuscitado até que um dia possamos contemplar a Sua face na glória da eternidade, acolhendo no tempo presente o sopro do Espírito, na fidelidade e abertura plena ao Projeto Salvador de Deus Pai. Amém.

Continuemos a Missão do Ressuscitado, tendo e sendo em nós um pouco de Pedro e João, duas pessoas tão distintas, mas tão complementares.

Sejam nossas marcas a prontidão, lucidez, coragem, relação de amor profundo e intenso com o Senhor, e deste modo, cada um de nós escreva uma história de vida memorável como Pedro e João

Sejamos, de fato, amigos e amados do Senhor para testemunhá-lo com toda firmeza e coragem.

Como João, reclinemo-nos no porto seguro do coração de Jesus, e mais do que isto, continuemos nascendo e nos alimentando do Seu coração trespassado, do qual Água e Sangue jorraram. Vida e Alimento para sempre ao mundo foi oferecido. Aleluia. 

Liberta-me, Senhor, de todo o medo!

                                           

Liberta-me, Senhor, de todo o medo!

Senhor, ofereço-Te meus medos, ânsias, angústias, temores, complexos, traumas psicológicos....

Quero arrancá-los do coração, como braceletes e correntes de ouro, e dizer-Te:
Toma, Senhor. Não quero mais que meu coração fique cheio de medo, mas  pleno de Ti, de Tua graça, ternura e amor.

Arranca, Senhor, todo o medo, ou me ajude a enfrentá-lo e assim poder vencê-lo; livra-me de todo o mal, de modo especial do mal que me corrói a alma e me fragiliza na conquista de meus sonhos.

Obrigado, Senhor, porque me libertas da necessidade de ter medo, e me dirige a Tua Santa Palavra:“ Não temais, pequeno rebanho, porque foi do agrado de vosso Pai dar-vos o Reino” (Lc 12,32); e ainda: “Coragem, Eu venci o mundo” (Jo 16,33).

Gratidão a Ti, Senhor, pelo Teu Espírito concedido, que é princípio de liberdade interior, luz que dissipa todos os medos; bálsamo indispensável e indizível que dá paz ao coração.

Por fim, Senhor, com Teu Apóstolo, agradeço porque não nos deste um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e de sabedoria (2 Tm 1,7).


PS: Livre adaptação – O Verbo Se faz Carne – Raniero Cantalamessa – Editora Ave Maria - 2013 - p.793.

segunda-feira, 30 de outubro de 2023

Em poucas palavras...

                                          


                                                    Curai-nos, Senhor 

Passagem do Evangelho: Lc 13,10-17

Jesus cura a mulher há 18 anos encurvada em dia de sábado

Comentário de São Gregório Magno (séc VI):

“Quem está encurvado olha sempre para a terra, e quem olha para baixo não se lembra do preço pelo qual foi redimido”

 

“Jesus, Filho de Davi, tem piedade de mim”

                                                              

“Jesus, Filho de Davi, tem piedade de mim”

Jesus, Filho de Davi, tem piedade de mim. Não quero ficar aqui, à beira do caminho, mendigando em eterna dependência, saboreando o amargo sabor da marginalização, indiferença e exclusão.

Ainda que queiram calar minha voz, a Ti, grito e, suplico, pois sei em quem confio e que não me deixarás gritar aos ventos, com minha dor, sofrimento, prantos e lamentos, e em Ti, tenho fé que podes me devolver o olhar, um novo olhar...

Jesus, Filho de Davi, tem piedade de mim. A exemplo daquela que curaste, que há dezoito anos encurvada se encontrava, e não podia olhar para o alto e ver o horizonte do inédito, pois apenas via o chão sórdido da dor, regado pelas lágrimas de sofrimento.

Não quero mergulhar meu coração na terra, como se não mais houvesse sinais de esperança, como que numa entrega, abandono, desistência, sem saídas possíveis, a não ser silenciá-lo, no chão duro dos que não mais querem viver, porque razões não há.

Nem cego, nem encurvado quero ficar, mas quero enxergar contra toda falta de esperança.

Quero me por de pé, olhando para o alto, e as coisas do alto para sempre buscar, como nos falou o Apóstolo Paulo - "Portanto, já que vocês ressuscitaram com Cristo, procurem as coisas do alto onde Cristo está sentado à direita de Deus" (Cl 3,1).

Jesus, Filho de Davi, curai minha cegueira, e que não me curve jamais diante do mal, do medo, da apatia, da indiferença e de qualquer outra coisa que roube a beleza da vida
E o encantamento e paixão pelo Teu Reino. Amém


PS: Inspirado nas passagens bíblicas Mc 10,46-52; Lc 13,10-17

Plena fidelidade à vontade divina

Plena fidelidade à vontade divina

Esta Carta escrita pelo Papa São Clemente I (séc. I) nos convida a refletir sobre o empenho que devemos fazer na realização da vontade de Deus, sem jamais nos desviarmos dela.

“Tomai cuidado, diletos, para que os benefícios de Deus, tão numerosos, não se tornem condenação para todos nós, se não vivermos para Ele de modo digno e não realizarmos em concórdia o que é bom e aceito diante de Sua face. Pois foi dito em algum lugar: ‘O Espírito do Senhor é lâmpada que perscruta as cavernas das entranhas’ (Pr 20,27 Vulg.).

Consideremos quão próximo está e que nada lhe é oculto de nossos pensamentos e palavras. É, portanto, justo que não sejamos desertores de Sua vontade. É preferível ofendermos os homens estultos e insensatos, soberbos e presunçosos na jactância de seu modo de falar, a ofender a Deus.

Veneremos o Senhor Jesus, cujo Sangue foi derramado por nós, respeitemos nossos superiores, honremos os anciãos, eduquemos os jovens na disciplina do temor de Deus, encaminhemos nossas esposas para todo o bem. Manifestem o amável procedimento de castidade, mostrem seu puro e sincero propósito de mansidão, pelo silêncio deem a conhecer a moderação da língua, tenham igual caridade sem acepção de pessoas para com aqueles que santamente temem a Deus.

Participem vossos filhos da ciência de Cristo. Aprendam que grande valor tem para Deus a humildade, o poder da casta caridade junto de Deus, como é bom e imenso Seu temor, protegendo a todos que n'Ele se demoram na santidade de um coração puro. Porque Ele é o perscrutador dos pensamentos e resoluções da mente. Seu Espírito está em nós, e, quando quer, retira-O.

A fé em Cristo tudo confirma. Ele, pelo Espírito Santo, nos incita: ‘Vinde, filhos, ouvi-me; ensinar-vos-ei o temor do Senhor. Qual é o homem que quer a vida e deseja ver dias bons? Afasta tua língua do mal e não profiram teus lábios a mentira. Desvia-te do mal e faze o bem. Busca a paz e persegue-a’ (Sl 33,12-15).
Misericordioso em tudo, o Pai benigno tem amor pelos que O temem, concede com bondade e doçura Suas graças àqueles que se lhe aproximam com simplicidade. Por isso não sejamos fingidos nem insensíveis a Seus dons gloriosos”.(1)

A Carta é propícia para refletirmos ao rezarmos a oração que o Senhor nos ensinou: “Seja feita a Vossa vontade assim na terra como nos céus”. 

Supliquemos a luz e força do Espírito para que jamais sejamos desertores de Sua vontade, ainda que difícil de realizá-la, porque nos desinstala, exige renúncias quotidianas.

Também seja suplicada, para que, nas mais diversas situações, saibamos, de fato, no que consiste a vontade divina, sem jamais impor a nossa a d’Ele.

Como discípulos missionários do Senhor, temos sempre um longo caminho a percorrer, e quanto maior compreensão e fidelidade à vontade divina, mais felizes seremos, e mais frutuoso será nosso testemunho, acolhendo sempre a Palavra divina, na alegria do Espírito que nos renova, recria e nos revigora.


(1) Liturgia das Horas – Vol. IV – pp. 384-385.

Em poucas palavras...

 


Aumentai em nós a fé, a esperança e a caridade

Oremos:

Deus eterno e todo-poderoso, aumentai em nós a fé, a esperança e a caridade e dai-nos amar o que ordenais para conseguirmos o que prometeis. Por N.S.J.C. Amém.

 

(1) Oração do dia – 30º Domingo do Tempo Comum

Mensagem de Sua Santidade Papa Francisco para o 97º Dia Mundial das Missões de 2023 (Síntese)

 


Mensagem de Sua Santidade Papa Francisco para o
97º Dia Mundial das Missões de 2023 (Síntese)
 
                    “Corações ardentes, pés ao caminho” (cf Lc 24,13-35)
 
A mensagem para o Dia Mundial das Missões de 2023 tem como tema “Corações ardentes, pés ao caminho (cf. Lc 24, 13-35)”, que o Papa nos apresenta através de três aspectos que traçam o itinerário dos discípulos missionários, a fim de que se faça a revisão do zelo na evangelização do mundo de hoje:
 
1 – Corações ardentes: A Palavra de Deus ilumina e transforma o coração na missão: Jesus a Palavra viva, a única que pode fazer arder, iluminar e transformar o coração.
 
Jesus nunca se cansa de estar conosco, apesar de nossos defeitos, dúvidas, fraquezas e não obstante o pessimismo que nos reduzam a “homens sem inteligência e lentos de espírito” (Lc, 24,25). O Senhor é maior do que os nossos problemas, afirma o Papa.
 
Expressa sua proximidade com todos os missionários/as do mundo, lembrando que nem todos os dias da vida são cheios de sol, como o Senhor já nos alertara – “No mundo, tereis tribulações, mas tende confiança: Eu venci o mundo” (Jo 16,33).
 
Citando São Jerônimo – «A ignorância das Escrituras é ignorância de Cristo» (Commentarii in Isaiam, Prologus), insiste na importância do conhecimento da Escritura é importante para a vida do cristão e, mais ainda, para o anúncio de Cristo e do Seu Evangelho. Somente corações ardentes podem fazer arder o coração dos outros.
 
2. Olhos abertos: os olhos dos discípulos «se abriram e O reconheceram» ao partir o pão. Jesus na Eucaristia é ápice e fonte da missão.
 
Afirma o Papa: “A propósito, é preciso ter presente que, se o simples repartir o pão material com os famintos em nome de Cristo já é um ato cristão missionário, quanto mais o será o repartir o Pão eucarístico, que é o próprio Cristo? Trata-se da ação missionária por excelência, porque a Eucaristia é fonte e ápice da vida e missão da Igreja.”
 
Citando o Papa Bento XVI, recorda-nos: «Não podemos reservar para nós o amor que celebramos neste sacramento [da Eucaristia]: por sua natureza, pede para ser comunicado a todos. Aquilo de que o mundo tem necessidade é do amor de Deus, é de encontrar Cristo e acreditar n’Ele. Por isso, a Eucaristia é fonte e ápice não só da vida da Igreja, mas também da sua missão: uma Igreja autenticamente eucarística é uma Igreja missionária» (Exort. ap. pós-sinodal Sacramentum caritatis, 84).
 
Tão somente unidos a Jesus, daremos frutos (cf. Jo 15, 4-9), e esta união se realiza através da oração quotidiana, particularmente na adoração, no permanecer em silêncio diante do Senhor, que está conosco na Eucaristia.
 
É preciso cultivar amorosamente esta comunhão com Cristo, o discípulo missionário pode tornar-se um místico em ação; e deste modo, nosso coração desejará estar sempre pela companhia de Jesus, suspirando conforme o ardente pedido dos dois de Emaús, sobretudo ao entardecer: «Fica conosco, Senhor!» (cf. Lc 24, 29).
 
3 - Pés ao caminho e com a alegria de proclamar Cristo Ressuscitado. A eterna juventude de uma Igreja sempre em saída.
 
Depois de abrir os olhos ao reconhecerem Jesus na fração do pão, os discípulos partiram sem demora e voltaram para Jerusalém (cf. Lc 24, 33): “Não se pode encontrar verdadeiramente Jesus Ressuscitado, sem se inflamar no desejo de o contar a todos. Por isso, o primeiro e principal recurso da missão são aqueles que reconheceram Cristo ressuscitado, nas Escrituras e na Eucaristia, e que trazem o Seu fogo no coração e a Sua luz no olhar. Eles podem testemunhar a vida que não morre jamais, mesmo nas situações mais difíceis e nos momentos mais escuros.”
 
Necessária, portanto, a conversão missionária, que permanece como principal objetivo que nós devemos propor como indivíduos e como comunidade, porque a ação missionária é o paradigma de toda a obra da Igreja, pois como afirma o apóstolo Paulo, o amor de Cristo nos conquista e nos impele (cf. 2 Cor 5, 14).
 
Ressalta o importante trabalho das Pontifícias Obras Missionárias, como instrumento privilegiado para favorecer esta cooperação missionária a nível espiritual e material, daí a necessária motivação e participação das ofertas no Dia Mundial das Missões.
 
Concluindo, lembra a urgência da ação missionária da Igreja que comporta naturalmente uma cooperação missionária, cada vez mais estreita, de todos os seus membros a todos os níveis.
 
Trata-se, portanto, do objetivo essencial do percurso sinodal que a Igreja está a realizar com as palavras-chave comunhão, participação, missão, a fim de que a Igreja não se feche sobre si mesma.
 
É preciso pôr-se a caminho, como os discípulos de Emaús, afirma o Papa, escutando o Senhor Ressuscitado que não cessa de vir juntar-Se a nós para nos explicar o sentido das Escrituras e partir o pão para nós, a fim de podermos levar avante, com a força do Espírito Santo, a sua missão no mundo.
 
Iluminados pelo encontro com o Ressuscitado e animados pelo Seu Espírito, exorta o Papa: – “Saiamos com corações ardentes, olhos abertos, pés ao caminho, para fazer arder outros corações com a Palavra de Deus, abrir outros olhos para Jesus Eucaristia, e convidar todos a caminharem juntos pelo caminho da paz e da salvação que Deus, em Cristo, deu à humanidade.”, contando com a intercessão de Santa Maria do Caminho, Mãe dos discípulos missionários de Cristo e Rainha das missões.
 
Desejando leia a mensagem na integra:

Oração para o mês missionário - 2023

 


Oração para o Mês Missionário 2023

 

Tema: "Ide! Da Igreja local aos confins do mundo"

Lema: "Corações ardentes, pés a caminho" (cf. Lc 24,13-35)

 

Oração
 
"Deus Pai, Filho e Espírito Santo, consagrados e enviados pelo batismo,
fazei-nos viver nossa vocação de discípulos missionários, 
como graça e missão.


Inspirados e guiados pelo Espírito Santo, com os corações ardentes ao escutar a Vossa Palavra, e com os pés a caminho para anunciar a Boa Nova de Jesus Cristo, queremos ir da Igreja local aos confins do mundo.
 

Maria, Mãe missionária, rogai por nós!

Amém!"

 

 

PS: Riquíssimo material sobre o mês missionário 2023, o leitor poderá encontrar acessando: https://pom.org.br/campanhamissionaria/cm2023/

O Mandamento do Amor é o nosso distintivo! (04/05)

                                                             

O Mandamento do Amor é o nosso distintivo!

“Amor que desconhece barreiras e limites...”

O Mandamento do Amor é a proposta essencial do cristianismo: “Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei.” (Jo 13,13,31-33a.34-35). A identidade cristã passa pela intensidade e profundidade de como e do quanto se ama o próximo. Deste modo, nos reconhecerão como discípulos do Senhor.

A nossa identidade não é uma filosofia, conjunto de ideologias... Não somos meros cumpridores da lei; cumpridores da prática de ritos em si mesmo.

O discípulo de Cristo é marcado pelo doar-se totalmente, como Ele o fez: Amou-nos até o fim, até as últimas consequências e continua nos amando...

O Mandamento do Amor não é conselho ou condição, é imperativo! Foi dado, a nós, pelo Senhor. Amar na alegria e na tristeza, nos momentos bons e difíceis, amar o igual e o diferente, amar mesmo sem ser amado...

Amor que desconhece barreiras e limites... Amor que supera preconceitos, discriminações...

Assim é o amor cristão, o novo Mandamento, porque é o amor vivido como Ele viveu, e não segundo nossos mesquinhos conceitos e critérios...

A partir desta fé, inaugura-se um relacionamento que transforma a si mesmo e todos os que estão a sua volta, culminando na renovação de todas as estruturas geradoras de lágrimas, luto, dor e sofrimento...

A fé na Ressurreição de Cristo nos convoca a nossa própria renovação, bem como de todas as estruturas do mundo, para ser a expressão de uma Aliança que deu certo.

 Ø   Jesus, plenitude do Amor de Deus por nós, teria morto em vão?

O amor e a alegria de sermos partícipes de um novo céu e de uma nova terra devem estar presentes em nós e em nossas comunidades, de modo que os ministérios na comunidade estejam a serviço do Reino.

Tudo se torna mais belo e grandioso quando nos pomos a servir a comunidade e não nos servir da mesma.

Ser discípulo é ser testemunha, no mundo, do Amor de Deus, na fidelidade, acolhida, partilha e serviço...  É ser marcado pelo entusiasmo, generosidade, solidariedade, no respeito à liberdade, no sentido mais pleno e belo que se possa dizer...

A vida cristã se move a partir da novidade da Ressurreição, construindo o novo céu e a nova terra, a Jerusalém Celeste, a utopia que nos move.

A utopia que nos faz crescer a cada dia no Mandamento fundamental que nos identifica com Ele, Jesus!

Eis o grande desafio: a construção de uma comunidade escatológica que experimente sinais do Reino, e ainda que não plenamente, mas experimente...

Por isto uma comunidade alegre e consciente de que o horizonte de um mundo novo, renovado, transformado, com vida e dignidade, marcado pela fraternidade e paz, é possível...

Amemos como Jesus nos amou! Exigência fundamental para aquele que n’Ele crê! Amar, não na nossa medida, mas na medida em que Ele nos amou! A maneira de Jesus nos amar ultrapassa a nossa maneira de amar.

A nossa religião é a religião do amor, se não o for não terá mais razão de ser, de existir...

Amar é condição para pertencer a Comunidade de Jesus, e assim, descobrirão através de nossa vida, relacionamentos e testemunhos, a presença e a vida do Amor de Deus em nós!

Eis a força que nos move: 
Ser, no mundo, sinal vivo do Deus que ama!

Amor que ultrapassa nossa humana compreensão,
Porque Amor de Divina condição!
Amém. Aleluia!

Quem sou eu

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG