sábado, 27 de abril de 2024

“O Verbo Se fez humildade, e encarnou entre nós”

                                                  

“O Verbo Se fez humildade, e encarnou entre nós”

Um ensinamento do Divino Mestre sobre a humildade que refletimos com a passagem do Evangelho (Lc 14,1.7-14), proclamado do 22º Domingo do Tempo Comum (ano C).

Assim nos disse o Senhor: “Todo aquele que se exaltar será humilhado, e todo aquele que se humilhar será exaltado”.

Em Jesus, encontramos a verdadeira humildade, porque Ele Se abaixou, desceu: “quando encontrando-Se na condição divina, não considerou Sua igualdade com Deus como um tesouro a ser conservado ciosamente, humilhou-Se e foi obediente até a morte (Fl 2,6-8).

Durante a vida, depois, foi sempre coerente com esta escolha: Ele o Mestre, abaixa-Se para lavar os pés dos discípulos, comporta-Se como ‘Aquele que serve’; desce, desce, desce até que – tendo chegado ao ponto mais baixo, no túmulo – chega o Pai para O apanhar, O eleva acima dos céus e o estabelece chefe do universo, colocando tudo sob os Seus pés. Eis como Deus mesmo realizou Sua Palavra: ‘aquele que se humilhar será exaltado. Doravante, ser humilde, significa algo muito simples: ter os mesmos sentimentos de Cristo Jesus (Fl 2,5), comportando-se como Jesus Se comportou” (1).

Voltemo-nos para algumas definições de humildade que encontramos no livro “O Verbo Se faz carne” , de Raniero Cantalamessa, acima citado:

- “A humildade é antes de tudo uma questão de fatos, de escolhas, de atitudes concretas, não uma maneira de sentir e de falar de si.”

- “É a disponibilidade a descer de nós mesmos, abaixar-se para os irmãos, é vontade de servir, e de servir por amor, não por algum cálculo ou vantagem ou glória que possam advir para nós mesmos.”

- “A humildade é gratuidade.”

- “A humildade é uma manifestação do ágape, isto é, do amor de doação, do qual fala São Paulo no famoso hino (1 Cor 13,4); dizer que ‘a caridade é paciente, não se ostenta, não guarda rancor’, significa dizer que a caridade é humilde e que a humildade é caridade.”

- “Ser humilde, segundo modelo de Jesus, significa perder-se, gastar-se gratuitamente; significa ‘não viver para si mesmo’, mas para os outros, isto é, procurando levar os outros para si (reduzindo-os, quem sabe, a escravos ou a objetos para nossas vantagens pessoais), mas procurando ir ao encontro dos outros.”

- “’Humildade é verdade’. Santa Tereza escreve: ‘Perguntava-me uma vez por que o Senhor ama tanto a humildade e me veio à mente de improviso, sem nenhuma reflexão, que isto deve ser porque Ele é suma verdade e a humildade é verdade.”

- “A humildade em estado puro é a que se observa em Deus, na Trindade. Deus é humildade.”

- “Pentecostes – a ‘descida’ do Espírito – é um ato de humildade. Cada vez que Deus vem a nós e nos visita com sua graça Ele se torna ‘condescendente’ e faz atos de humildade.”

- “A água é, então, o melhor símbolo de humildade porque, da posição em que está, tende sempre a ir para baixo, descer, ocupar o lugar mais baixo: ‘Louvado seja meu Senhor, pela irmã água, a qual é muito últil e humilde e preciosa e casta’ (São Francisco)."

- “Ser humildes diante de Deus – no-lo dizem tantos textos dos profetas, dos salmos e, sobretudo, do Evangelho – é ser: ‘os pobres de Javé’, isto, abandonados a Ele, sem pretensões, mas confiantes diante d’Ele; é ser como crianças em seus braços.”

- “A humildade é um equilíbrio entre o modo de ser com Deus (a humildade do coração) e o modo de ser com os homens (humildade dos fatos). Não se pode ter humildade sem passar, de alguma maneira, através da humilhação.”

- “Na família: acho que a humildade foi inventada por Deus também para salvar os matrimônios. O orgulho, a obstinação, o individualismo são os inimigos mortais do amor, os que levam ao divórcio, antes no coração e depois na vida. Eu digo que a humildade é como lubrificante que dissolve na raíz a ferrugem, os atritos; ela impede que se forme incrustações de ressentimentos e muros de silêncio que depois são muito difíceis de superar...”

- “...muitas vezes um matrimônio é salvo pela humildade.... o matrimônio nasce da humildade! Enamorar-se de outra pessoa é o ato mais radical de humildade que se possa imaginar; significa sair de si mesmo, descer para o outro em atitude de quem implora, de mendigo, dizendo-lhe, com os fatos, mais ou menos assim: ‘Dá-me também o teu ser porque o meu não me basta!’. É admitir com todas as fibras do próprio ser que o homem não basta a si mesmo, mas se completa doando-se...

É preciso, porém ficar atentos: pode acontecer, com efeito, que com o passar dos anos, e esfriando-se o amor, se tente fazer pagar ao próprio cônjuge aquele ato inicial de humildade, infligindo lhe toda espécie de humilhações como para se vingar do fato de ter tido e de ter ainda necessidade dele; são os sinais de nossa espantosa miséria e da desordem que há dentro de nós depois do pecado. No início não era assim.”

- “Quanto mais alto queres que suba o edifício da santidade, tanto mais profundo precisa que ponhas o fundamento da humildade” -  (Santo Agostinho).

- “A humildade é o sal da santidade porque preserva toda virtude do perigo de se desgastar pela vanglória”

“A humildade desarma as pessoas... A humildade desarma; a melhor autodefesa não vale tanto quanto o menor ato de humildade.”

O autor também nos fala de uma disparidade entre a lógica evangélica da humildade em relação ao mundo: na vida social e na vida familiar.

Depois de percorrido o caminho, meditando em cada afirmação sobre a humildade, faz-se necessário, rever o quanto a humildade se faz presente em nossa vida. Uma vida marcada pela humildade nos faz cada vez mais identificados com o Senhor, em pensamentos, palavras e ação, sem omissões no melhor que possamos fazer pelos últimos.

A humildade vivida é condição indispensável, para que participemos verdadeira e frutuosamente do Banquete do Senhor, ouvindo Sua Palavra e nos alimentando de Seu Corpo e Sangue.

De fato, Jesus é a encarnação da humildade, e nós haveremos de ser, pela nossa vida, sinais desta humildade, quanto mais a Ele nos configurarmos.

Parafraseando o Evangelista São João, no início de seu Evangelho, podemos dizer que Deus, ao Se encarnar na segunda Pessoa da Santíssima Trindade, possibilitou-nos a contemplação da encarnação da humildade, da pura humildade, naquela frágil, indefesa criança, amparada por José e Maria, na singela gruta de Belém: “O Verbo Se fez humildade, e encarnou entre nós”.

(1) “O Verbo Se faz carne” - Raniero Cantalamessa – Editora Ave Maria - - 2013 - pp.715-720 
Apropriado para o quarto sábado do Tempo da Páscoa, quando se proclama a passagem do Evangelho de João (Jo 14,7-14).

sexta-feira, 26 de abril de 2024

Minhas reflexões no Youtube





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https://www.youtube.com/c/DomOtacilioFerreiradeLacerda 

Ó Filho Amado do Pai

 


Ó Filho Amado do Pai
 
Calcadíssimo, pisado, torturado, dilacerado,
E quanto mais se possa dizer da crueldade.
Por amor a todos nós em indizível fidelidade,
Por isto, reina Vivo, Glorioso, Ressuscitado.
 
Nós Vos adoramos e glorificamos intensamente,
E vos suplicamos: vinde ao nosso encontro;
Curai as feridas de nossa alma que geme imensamente,
Vivenciando tantas dores e partidas de quem amamos.
 
Amparai-nos e socorrei-nos, a Vós recorremos, a Vós pedimos.
Vós que nos dais Vossa Carne e Sangue, alimentos divinos,
Alimento e Bebida que nos fortalecem em todo o tempo,
De modo especialíssimo neste tão sombrio e difícil. Amém. Aleluia!

Em poucas palavras...

 


O monte das Santas Escrituras

“Não vos extravieis no meio do nevoeiro, antes escutai a voz do pastor. Retirai-vos para os montes das Santas Escrituras; ali encontrareis as delícias do vosso coração e não achareis nada que vos possa envenenar ou fazer mal, pois ricas são as pastagens que ali se encontram” (1)

 

(1)Santo Agostinho, Sermão 46 sobre os pastores

Somente Jesus nos conduz ao Pai

                                                          

Somente Jesus nos conduz ao Pai

        Sejamos cristãos alegres, corajosos, convictos a caminho do céu,
vivendo  no tempo presente a nossa fé em Jesus Cristo, que nos conduz ao Pai, com a força, presença e ação do Seu Espírito.

Na 4ª sexta-feira do Tempo da Páscoa, ouvimos a passagem do Evangelho de João (Jo 14,1-6), em que Jesus Se apresenta como Aquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14,6).

Reflitamos sobre a missão da Igreja, que nasce de Jesus, na fidelidade ao Pai, é vivificada com a presença e ação do Espírito Santo, continuando o caminho que é o próprio Jesus.

A comunidade continua a Sua missão, no anúncio e testemunho do Evangelho, como homens novos, com vida em plenitude, porque integrados à Família Trinitária: Pai, Filho e Espírito Santo.

A passagem retrata um contexto de despedida de Jesus, e com isto Ele quer deixar no coração dos discípulos uma palavra de confiança e esperança, para que não se desviem e nem abandonem a caminhada com Ele iniciada.

Ele vai para o Pai e garante a todos que O seguirem o mesmo destino: a glória da eternidade, de modo que a comunidade, acolhendo o Espírito que Ele enviará do Pai, viverá na obediência e fidelidade a Deus, em total entrega de amor e serviço ao próximo.

No entanto, para fazer parte de Sua família é preciso que os discípulos vivam esta total obediência a Deus, trilhando o Caminho que é o próprio Jesus que ama até o fim, porque de fato, cristãos são os que se põem a caminho. Não se pode viver uma fé instalada, acomodada, e tão pouco conceber possíveis recuos, pois “a fé começa pelos pés”.

E como vemos na passagem do Livro dos Atos dos Apóstolos (At 6,1-7), a Igreja em Jerusalém, com seu testemunho, tinha alguns aspectos que davam a ela sua identidade:

Uma comunidade santa, embora formada por pecadores, num contínuo processo de conversão, procurando viver a fidelidade apesar das falhas e dificuldades;

Possui uma organização hierárquica com a responsabilidade de conduzir e orientar a direção da comunidade, favorecendo o diálogo e a participação consciente, ativa e frutuosa;

Uma comunidade de servidores que colocam em comum os dons de Deus recebidos;

Finalmente, uma comunidade criada, animada e dinamizada pelo Espírito Santo, para que dê testemunho de Jesus Cristo Ressuscitado.

Sejamos cristãos alegres, corajosos, convictos a caminho do céu, vivendo no tempo presente a nossa fé em Jesus Cristo, que nos conduz ao Pai, com a força, presença e ação do Seu Espírito.

Renovemos em nosso coração o Amor de Deus, infundido em nós pela ação do Espírito, para continuarmos com os pés firmes neste Bom Caminho que nos conduz aos céus, à comunhão plena e eterna de Amor: Céu. 

Creio em Jesus: Caminho, Verdade e Vida

                                    


Creio em Jesus: Caminho, Verdade e Vida

Creio em Jesus, o Caminho, sobretudo enquanto viveu a profunda experiência do encontro de Deus com  a humanidade, e comunica esta experiência à todos nós.

Creio em Jesus, o Caminho que nos leva ao Pai, uma Pessoa; Aquele que, por primeiro, encontrou-Se com Deus e, por isso, Se tornou o ‘lugar’ visível da Aliança entre Deus e a humanidade; portanto, jamais reduzido a algo exterior, nem árido procedimento ascético.

Creio em Jesus, a Verdade, porque é a perfeita revelação do Pai, de quem todas as coisas recebem origem e no qual todos encontram sua consistência e verdade.

Creio em Jesus, a Verdade, que jamais é para o cristão mera relação lógica ou abstrato conhecimento intelectual, mas nos insere num relacionamento pessoal com Deus na Sua Pessoa, imagem do Pai.

Creio em Jesus, a Vida, porque nos faz participarmos da comunhão plena com o Deus vivo, a se consumar na comunhão de amor na glória da eternidade. Amém. Aleluia!

 

 

Fonte: Missal Cotidiano – Editora Paulus - Comentário da passagem do Evangelho de São João (Jo 14,1-6) - pp.420-421

Jesus Cristo, Sua Pessoa, Identidade e Mensagem


Jesus Cristo, Sua Pessoa, Identidade e Mensagem

“Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”
(Jo 14,6)

O Missal Dominical oferece um Comentário que muito nos enriquece para aprofundarmos sobre a Pessoa, a identidade e mensagem de Jesus para todos os tempos, afinal “Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e sempre.” (Hb 13,8).

“A figura de Cristo hoje impressiona e seduz muitos homens do nosso tempo, especialmente os jovens, por tudo o que de humano transmite, por Seu Amor aos pobres, Sua coerência, Sua tomada de posição, levada até a morte, contra as pretensões do poder.

Mas há o risco de que esse Cristo seja visto em perspectiva simplesmente humana, deixando para segundo plano ou mesmo recusando Sua divindade. Por isso, a fé na divindade de Jesus Cristo seja particularmente defendida e corroborada em nosso tempo.

Cristo não é apenas um homem, nem mesmo um homem de proporções gigantescas - escrevia um jovem. De que me serve um Deus despojado de Sua divindade, grandeza, poder, e reduzido à minha própria humanidade?

Já tivemos muitos grandes homens que conseguiram até certo ponto influenciar o espírito humano e modificá-lo. Mas todos, uns mais outros menos, apresentaram suas limitações ideológicas e existenciais, teóricas e práticas.

Assim falou um jovem sobre Jesus Cristo, um Deus que Se fez Carne, há dois mil anos:

“... ainda hoje nos comove com sua mensagem revolucionária", mas, diversamente de todos os outros grandes homens - Buda, Confúcio, Maomé, Francisco de Assis, Gandhi, Marx, Martin Luther King”.

E a reflexão do Missal Dominical continua:

“Jesus ‘não disse sou um Profeta’, ‘sou um teórico’, ‘sou um reformador’, ‘sou um contestador’, ‘sou um revolucionário’ (mesmo que o tenha sido). Disse simplesmente: ‘Eu sou o Caminho, a Verdade, a Vida’.

Cristo é o Caminho: não há outras vias para atingir a Deus e para chegar ao homem.

Cristo é a Verdade: na confusão ruidosa das mil verdades que só duram um dia, Ele permanece como o termo último de todas as verdades.

Cristo é a Vida: todos os esforços do homem para vencer as barreiras da morte só conseguem retardar de um momento o terrível encontro. Só Cristo destrói essa barreira e nos abre as portas para uma vida sem fim, em plenitude total.”. (1)

Oremos:

“Ó Deus, Pai de bondade, que nos redimistes e adotastes como filhos e filhas, concedei aos que creem no Cristo a liberdade verdadeira e a herança eterna. Por N. S. J. C. Amém”


(1) Missal Dominical – Editora Paulus - Página 383.

Jesus: O Caminho, A Verdade e A Vida

Jesus: O Caminho, A Verdade e A Vida

Há uma canção da Legião Urbana que diz: Quando tudo está perdido sempre existe um caminho. Quando tudo está perdido sempre existe uma luz...”.

Quando ouvi pela primeira vez esta canção, imediatamente lembrei-me do Evangelho de São João, em que Jesus Se nos apresenta como O Caminho, A Verdade e A Vida (Jo 14,1-6).

Jesus é o Caminho que nos conduz ao Pai; a Verdade que nos ilumina e nos liberta; e a Vida que renova a vida do mundo.

Como nos diz o Comentário do Missal Cotidiano: “Jesus é Verdade porque é a perfeita revelação do Pai de quem todas as coisas recebem origem e no qual todos encontram sua consistência e verdade.

É Vida, porque desde já faz os homens participarem da comunhão com o Deus vivo.

Mas, sobretudo é Caminho, enquanto viveu em Sua pessoa a profunda experiência do encontro de Deus com o homem e comunica esta experiência aos homens Seus irmãos”.

Jesus é o Caminho...

- Caminho, pois Sua própria pessoa e Sua proposta nos conduz até Deus, inevitavelmente, se vividas.

Aderir a Cristo não é aderir a um conjunto de teorias, filosofias, mas é acolher a Palavra que nos assegura num horizonte mais distante e amplo a eternidade, o desejado encontro com Deus na eterna morada e plenitude do amor.

- Caminho exclusivo para chegar até Deus e para chegar à própria humanidade.

- Caminho a ser trilhado na superação das barreiras da morte para adentrarmos no mistério da vida sem fim, plenitude de amor total: céu.

Jesus é a Verdade...

- Verdade enquanto relacionamento pessoal com Deus na adesão a Sua proposta.

- Verdade que nos Liberta, se O conhecermos, O amarmos e Seu Evangelho encarnarmos em nosso quotidiano. Se por Ele nos enamorarmos, num relacionamento eternamente apaixonado. Discípulos Dele só o seremos se por Ele enamorados...

- Verdade pura e plena em meio a verdades que só duram um dia. Cristo é o termo último de todas as verdades.

Jesus é Vida...

- Vida, a própria fonte da Vida, do coração trespassado do qual nascemos e nos alimentamos. Vida plena e abundante.

- Vida na graça, na acolhida, na ternura, no perdão, na partilha e na solidariedade.

- Vida para já ser vivida e um dia vivida no e com o Amor, eternamente!

- Vida que Se fez encarnada, pela Cruz marcada, vida livremente doada, vida redimida, Vida Ressuscitada, pelo Pai glorificado e à direita assentado.

- Vida que pelo Pai foi confirmada, por isto para sempre na glória exaltada.

Vida pelo Amor também marcada e pelo Pai confirmada, testemunhada.

- Vida eterna alcançada na vida que Se faz doada, por Amor sacrificada.

Concluo citando Santo Agostinho: 

“Queres conhecer o caminho? Ouve o que o Senhor diz em primeiro lugar: Eu Sou o Caminho. Antes de dizer aonde deves ir, mostrou por onde deves seguir. Eu Sou, diz Ele, o Caminho. o Caminho para onde? A Verdade e a Vida.

Disse primeiro por onde deves seguir e logo depois indicou para onde deves ir... Permanecendo junto do Pai é Verdade e Vida; revestindo-Se de nossa carne, tornou-Se o Caminho.

Não te é dito: esforça-te por encontrar o caminho, para que possas chegar à verdade e à vida. Decerto não é isso que te dizem. Levanta-te preguiçoso! O próprio Caminho veio ao teu encontro e te despertou do sono em que dormias se é que chegou a despertar-te; levanta-te e anda!

Talvez tentes andar e não consigas, porque te doem os pés. Por que estão doendo?
Não será pela dureza dos caminhos que a avareza te levou a percorrer?

Mas o Verbo de Deus curou também os coxos. Eu tenho os pés sadios respondes, mas não vejo o caminho. Lembra-te que Ele também deu vista aos cegos.”

Por isto, Senhor, Te pedimos:

Que não nos afastemos nunca do Caminho, e possamos sempre Te descobrir conosco pelo caminho, na Tua Palavra ouvida, e no coração encontre acolhida.

Que nossos corações por Ela continuem o ardor sentir e A Verdade do Teu Evangelho seja a Boa Nova que nos guie, nos oriente e nos ilumine. Em meio as verdades que passam fiquemos com a Tua eterna Verdade que jamais passa  - “Céus e terra passarão, mas Tua Palavra não passará...”

Que a nossa vida pela Tua vida seja consumida, e a nossa humanidade pela Tua vida divina seja permeada.

Vida sem Ti não goza de alegria e sentido, e é a morte da própria humanidade.

A Ti suplicamos, Tu que és nosso Caminho, Verdade e Vida. Amém.

Fonte: Missal Cotidiano - Editora Paulus - pág. 420-421

Síntese da mensagem do Santo Padre Francisco para o LXI Dia Mundial de Oração pelas Vocações (2024)

 


Síntese da mensagem do Santo Padre Francisco para o
LXI Dia Mundial de Oração pelas Vocações
 
O LXI Dia Mundial de Oração pelas Vocações 2024, celebrado no quarto domingo de Páscoa, tem como o tema “Chamados a semear a esperança e a construir a paz”, com as marcas da sinodalidade: há muitos carismas e somos chamados a nos escutar reciprocamente e caminhar juntos para descobrir discernindo aquilo a que nos chama o Espírito para o bem de todos - “...no momento histórico presente, o caminho comum conduz-nos para o Ano Jubilar de 2025.
 
Caminhamos como peregrinos de esperança rumo ao Ano Santo, para, na descoberta da própria vocação e pondo em relação os diversos dons do Espírito, podermos ser no mundo portadores e testemunhas do sonho de Jesus: formar uma só família, unida no amor de Deus e interligada pelo vínculo da caridade, da partilha e da fraternidade.”
 
Em sua mensagem, o Papa Francisco nos convida a considerar o precioso dom da chamada que o Senhor dirige a cada um de nós, Seu povo fiel a caminho, pois dá-nos a possibilidade de tomar parte no Seu projeto de amor e encarnar a beleza do Evangelho nos diferentes estados de vida.
 
Dia favorável para recordar, com gratidão, diante do Senhor o compromisso fiel, cotidiano e muitas vezes escondido daqueles que abraçaram uma vocação que envolve toda a sua vida:
 
- mães e pais que não olham primeiro para si mesmos, nem seguem a tendência de um estilo superficial, mas organizam a sua existência cuidando das relações com amor e gratuidade, abrindo-se ao dom da vida e pondo-se ao serviço dos filhos e seu crescimento;
 
- aqueles que realizam, dedicadamente e em espírito de colaboração, o seu trabalho;
 
- aqueles que, em diferentes campos e de vários modos, se empenham por construir um mundo mais justo, uma economia mais solidária, uma política mais equitativa, uma sociedade mais humana, isto é, em todos os homens e mulheres de boa vontade que se dedicam ao bem comum;
 
- pessoas consagradas, que oferecem a sua existência ao Senhor quer no silêncio da oração quer na atividade apostólica, às vezes na linha de vanguarda e sem poupar energias, servindo com criatividade o seu carisma e colocando-o à disposição de quantos encontram;
 
- aqueles que acolheram a chamada ao sacerdócio ordenado, se dedicam ao anúncio do Evangelho, repartem a sua vida – juntamente com o Pão Eucarístico – pelos irmãos, semeiam esperança e mostram a todos a beleza do Reino de Deus;
 
- aos jovens, especialmente a quantos se sentem distantes ou olham a Igreja com desconfiança, exorta para que se deixem fascinar por Jesus Cristo.
 
Dia especial para elevar orações implorando ao Pai o dom de santas vocações para a edificação do Seu Reino: «Rogai ao dono da messe que mande trabalhadores para a Sua messe» (Lc 10, 2).
 
Pôr-se a caminho como peregrinos da esperança, cientes de que “...o  nosso caminho sobre esta terra nunca se reduz a uma labuta sem objetivo nem a um vaguear sem meta; pelo contrário, cada dia, respondendo à nossa chamada, procuramos realizar os passos possíveis rumo a um mundo novo, onde se viva em paz, na justiça e no amor. Somos peregrinos de esperança, porque tendemos para um futuro melhor e empenhamo-nos na sua construção ao longo do caminho.
 
Esta é a finalidade de cada vocação: “tornar-se homens e mulheres de esperança. Como indivíduos e como comunidade, na variedade dos carismas e ministérios, todos somos chamados a «dar corpo e coração» à esperança do Evangelho neste mundo marcado por desafios epocais: o avanço ameaçador duma terceira guerra mundial aos pedaços, as multidões de migrantes que fogem da sua terra à procura dum futuro melhor, o aumento constante dos pobres, o perigo de comprometer irreversivelmente a saúde do nosso planeta...”
 
Por isso, é decisivo “para nós cristãos, cultivar um olhar cheio de esperança no nosso tempo, para podermos trabalhar frutuosamente respondendo à vocação que nos foi dada ao serviço do Reino de Deus, Reino do amor, de justiça e de paz. Esta esperança – assegura-nos São Paulo – «não engana» (Rm 5, 5)
 
Como peregrinos da esperança e construtores de paz, fundar a própria existência sobre a rocha da ressurreição de Cristo, sabendo que todos os nossos compromissos, na vocação que abraçamos e levamos por diante, não caiem no vazio, com a necessária coragem de se envolver, despertados do sono e saindo da indiferença.
 
Concluo com as palavras do Papa Francisco - “Levantemo-nos, pois, e ponhamo-nos a caminho como peregrinos de esperança, para que também nós, como fez Maria com Santa Isabel, possamos comunicar boas-novas de alegria, gerar vida nova e ser artesãos de fraternidade e de paz.”

“A vida é essencialmente comunhão”

“A vida é essencialmente comunhão”

Assim Jesus Se definiu: Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14,6).

Assim afirma o Lecionário Comentado: “alguém poderia pensar que a vida é uma realidade misteriosa que está sabe-se lá onde, que Jesus pode dar ou que a ela pode conduzir. Na verdade, a vida é ainda o próprio Cristo e consiste precisamente naquela intimidade profunda com o Pai que se obtém vivendo com o Filho.

A vida é essencialmente comunhão: quem não tem afetos, relações, amizades, não vive; pois bem, Jesus oferece a principal das relações, a relação com Deus, que não é alternativa aos outros, mas está dentro de todas as boas relações que tecem a trama de uma vida” (1)

Assim como Jesus estabeleceu uma relação de amigo com Seus discípulos, enquanto com eles estava e caminhava, também quer estabelecer conosco: “Já não vos chamo de servos, mas amigos” (Jo 15,9-17).

É preciso intensificar nossa amizade com Jesus, nosso Senhor, que nos revela a face do Pai, como Ele mesmo disse a Felipe: “Quem me viu, viu o Pai” (Jo 14,9), pois viver é fortalecer a comunhão entre nós e com Deus.

Uma sadia e fecunda relação com Deus nos introduz na comunhão perfeita com o Filho e o Seu Espírito, e assim, consequentemente, nos abrimos em relação ao nosso próximo, estabelecendo vínculos e amizades sinceras e fraternas, numa expressão de afetos, que se abrem sempre para novas amizades multiplicadas, incessantemente.


(1) Lecionário Comentado - Editora Paulus-Lisboa - Volume Tempo da Quaresma e Páscoa - p. 528 

O Senhor é nosso único caminho

O Senhor é nosso único caminho

“Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14,6)

Em nossas atividades pastorais, é preciso lançar as redes em águas mais profundas (Lc 5,1-11), pois a evangelização prima pela superação da superficialidade e ativismo inconsequente; provoca-nos para respostas comunitárias, sem ações individualizadas, mas inseridas na Pastoral de Conjunto.

Precisamos buscar respostas evangélicas para os grandes desafios que enfrentamos na realidade urbana e pós-moderna:

- A realidade urbana: desafios e respostas;
- A evangelização da família;
- O resgate da pessoa humana no exercício de sua cidadania;
- O aprimoramento das atitudes de acolhida e fortalecimento dos vínculos de comunhão fraterna;
- O desafio da evangelização da juventude;
- Um projeto missionário que expresse a dimensão missionária de toda a Igreja;
- Presença evangelizadora nas escolas, universidades;
- Meios de comunicação social e a Evangelização;
- Fortalecimento das Pastorais Sociais;
- Formação bíblica e espiritualidade do Agente de Pastoral;
- Maior cuidado com os momentos litúrgicos, para que sejam momentos fortes de Oração e de espiritualidade.

Urge vocações leigas, alimentadas pela Palavra e Eucaristia, juntamente com padres, bispos, religiosos e religiosas, presentes nas diversas estruturas, organismos e pastorais, para que no espírito da comunhão e participação, e na evangélica opção preferencial pelos pobres, participemos da construção de uma sociedade justa, fraterna e mais solidária, a caminho do Reino definitivo.

Conduzidos pelas Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2019-2023), não nos esqueçamos de que o Protagonista da evangelização é o Espírito Santo, de modo que a diversidade de carismas, dons e ministérios devem ser compartilhados, garantindo êxito na evangelização.

É tempo favorável para a evangelização, comunicando a luz do Ressuscitado em todos os momentos e em todos os âmbitos, e continuemos fiéis no Caminho que é o próprio Jesus, a Verdade que nos liberta e nos comunica vida plena e definitiva.

Peregrinamos confiantes com o Verbo

                                                     

Peregrinamos confiantes com o Verbo

Sejamos enriquecidos pelo Sermão do  Bispo Santo Agostinho (Séc. V) sobre a Encarnação do Verbo, em que nos exorta a peregrinarmos longe do Senhor, para, um dia, sermos saciados com Sua Visão, na glória eterna.

“Quem poderia conhecer todos os tesouros de sabedoria e ciência ocultos em Cristo e escondidos na pobreza de sua carne? Ele, sendo rico, Se fez pobre por nossa causa, a fim de enriquecer-nos com a Sua pobreza (cf. 2Cor 8,9). Quando assumiu nossa condição mortal e experimentou a morte, manifestou-Se na pobreza; contudo, não perdeu Suas riquezas, mas prometeu-as para o futuro.

Como é grande a riqueza de Sua bondade, reservada para os que O temem e concedida aos que n’Ele esperam! Agora o nosso conhecimento é imperfeito, até chegar o que é perfeito. Para sermos capazes de alcançá-Lo é que o Cristo, igual ao Pai na condição divina, fez-Se igual a nós na condição de servo e nos recriou a semelhança divina.

O Filho único de Deus, tornando-Se Filho do Homem, torna filhos de Deus a muitos filhos dos homens; e promovendo a nossa condição de servos com a Sua forma visível de servo, tornou-nos livres e capazes de contemplar a Sua forma divina.

Somos filhos de Deus, mas ainda não se manifestou o que seremos! Sabemos que, quando Ele Se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque O veremos tal como Ele é (1Jo 3,2). 

Ora, quais são esses tesouros de sabedoria e ciência, para que servem essas riquezas divinas senão para satisfazer a nossa pobreza? Para que essa imensa bondade senão para nos saciar? Mostra-nos o Pai, isto nos basta (Jo 14,8).

E, em certo Salmo, um de nós, expressando nossos sentimentos ou falando por nós, diz ao Senhor: Serei saciado quando se manifestar a Vossa glória (cf. Sl 16,15 Vulg.). Ele e o Pai são um só; e quem O vê, vê também o Pai. Por conseguinte, o Rei da glória é o Senhor Deus do universo (Sl 23,10). Voltando-Se para nós, Ele nos mostrará o Seu rosto; seremos salvos e saciados, e isso nos bastará.

Mas até que isso aconteça, até mostrar o que nos basta, até bebermos e ficarmos saciados na fonte da vida que é Ele mesmo, enquanto caminhamos na fé e peregrinamos longe d’Ele, enquanto temos fome e sede de justiça e desejamos, com indizível ardor, contemplar a beleza de Cristo na Sua condição divina, celebremos com amorosa devoção o nascimento de Deus na condição de servo.

Se ainda não podemos contemplar Aquele que foi gerado pelo Pai antes da aurora, celebremos o Seu nascimento da Virgem no meio da noite. Se ainda não podemos compreender Aquele cujo nome subsistirá enquanto o sol brilhar (cf. Sl 71,17), reconheçamos que armou Sua tenda ao sol (cf. Sl 18,6).

Se ainda não vemos o Unigênito que permanece no Pai, recordemos o Esposo saindo do quarto nupcial (cf. Sl 18,6). Se ainda não estamos preparados para o Banquete do nosso Pai, conheçamos o presépio de nosso Senhor Jesus Cristo”.

Celebrar o Natal do Senhor, é tempo favorável para firmamos nossos passos, peregrinando longe dE’le, com Ele mais perto de nós do que possamos estar de nós mesmos.

Peregrinamos já com a alegria de contemplá-Lo pela fé, até que possamos ser saciados com a visão gloriosa prometida por Ele, que se fez o Caminho, a Verdade e a Vida; o único Caminho que nos conduz ao Pai (cf. Jo 14,6).

Peregrinemos sem vacilar na fé, esmorecer na esperança e esfriar na caridade, vivendo como filhos de Deus, e identificados com Ele na exigente e irrenunciável prática da caridade ativa e efetiva.

Iluminados pela Divina Palavra e nutridos pelo Salutar Pão de Eternidade na Mesa da Eucaristia, como peregrinos neste mundo que somos, mas não sem rumo, não sem destino, porque sabemos em quem cremos e em quem pomos a esperança: Jesus, na plena comunhão com o Espírito Santo, na fidelidade ao Projeto do Pai. Amém.

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG