segunda-feira, 30 de junho de 2025

Repouso em Teu peito, Senhor!

                                                               

Repouso em Teu peito, Senhor!

“As raposas têm tocas e as aves do céu têm ninhos,
mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça” (Lc 9,58).

O Reino de Deus precisa ser anunciado,
Não há mais tempo a perder.
Há um mundo clamando, eu escuto...

Não podemos ficar parados,
Ele nos chama e qual nossa resposta?
Não fiquemos indiferentes, insensíveis.

Há doentes sem carinho, na fila esperando,
Crianças, pelas ruas e praças, suplicantes,
Jovens sem sentido, drogados, perdidos.

Famílias em situação de enfermidade crônica,
Ausência de perdão, de diálogo, de alegria, de compreensão;
Carentes de formação, doutrina, princípios, luz...

A criação geme em dores de parto,
Esperando também a reconciliação,
Paulo assim compreendeu e nos proclamou.

Há um caminho a ser percorrido,
Há uma meta a ser alcançada,
Coragem, firmeza, mansidão vivenciadas. 

Não fincar âncoras no passado consumado,
Inaugurar o futuro, germinando sementes,
Que no presente são, no coração, fecundadas.

Ele nos chama e nos pede confiança,
Despojamento, discernimento, prontidão...
Não há nada mais belo e sagrado a fazer, 

Ao seu chamado prontamente responder,
Carregar a cruz, renúncias são necessárias,
Amadurecimento, crescimento, alcançados.

Mas como seguir alguém que nem tem
Onde a cabeça reclinar, apesar do mundo
Por Ele ter sido feito e d’Ele ser Senhor?

De fato, não teve onde reclinar a cabeça,
Se não o duro Madeiro da Cruz.
Inclinando a cabeça disse: “tudo está consumado”.

Não tinha almofada, travesseiro, aconchego...
Despido, despojado, insultado, crucificado,
O abismo da maldade humana quis derrotá-Lo.

Quem não tinha onde reclinar a cabeça,
Porque assim livremente o quis,
Pobre Se fez para nos enriquecer. 

Descendo ao mais profundo da mansão dos mortos,
Resgatou a vida, para renascer, ressuscitar
Cheio de beleza, vigor, enfim Glorificado.

Hoje não mais reclina a cabeça sobre o Madeiro,
Está de pé, ao lado do Amado Pai, nosso Criador,
Em comunhão plena, Divino Cordeiro.

Vitorioso, glorioso, à direita do Pai Reinando,
Sua cabeça majestosamente coroada
Pelos Anjos e Santos, mártires e por tantos adorado.

Ele que nunca teve onde reclinar a cabeça
Quer tão apenas um lugar para ser acolhido:
O mais profundo do coração humano.

Ele bate, se abrirmos Ele entrará, 
E com Ele faremos a deliciosa Refeição
No Banquete Eucarístico, sinal do Banquete de Eternidade.

Ele não tinha travesseiro...
Tão pobre, tão despojado, tão simples,
Sobre o Seu ombro, quem apoio não encontrou?

Repousemos em Seu Coração!
Sacratíssimo Coração!
Amantíssimo Coração!

Aquele que não tinha onde reclinar a cabeça
Fez-Se apoio, sustento de toda a humanidade.
Deitado em Seu peito, refaço-me, sigo em frente...

PS: apropriado para a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 8,18-22)

Ser cristão: “ser para os outros”

                                                           

Ser cristão: “ser para os outros”

 “Mestre, eu Te seguirei aonde quer que Tu vás”
(Mt 8,19)

Na segunda-feira da 13ª Semana do Tempo Comum, ouvimos a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 8,18-22), em que Jesus nos apresenta as exigências para segui-Lo.

Na passagem, Jesus afasta toda e qualquer ilusão: sem medo da insegurança da própria vida, em confiança total no Senhor, acompanhado de despojamento, pobreza, simplicidade de vida, bem como abertura aos desafios que possam surgir no trilhar o caminho, ao segui-Lo.

Assim afirmou o Papa Bento XVI sobre o ser cristão na Carta Encíclica Deus Caritas Est (n.1):

“Ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo”.

De fato, a mensagem cristã é exigente e não se limita à adesão de uma doutrina, mas uma Pessoa, Jesus.

Com isto, é preciso que oriente, determine o modo de viver, muito mais do que o modo de pensar, tão apenas.

Para seguir Jesus Cristo, é preciso que se vá aonde Ele for, fazer o que Ele faz e como Ele faz, impregnando nossas atitudes de amor, para que estas ações sejam fecundas.

Múltiplas são as formas de ação de pessoas que se decidiram segui-Lo: evangelizando nas casas em todos os lugares (sobretudo em desafiadores espaços, como vilas e favelas, prédios e condomínios); com os enfermos nos hospitais, ou mesmo em suas casas; penitenciárias; em claustros, numa vida consagrada, na oração e serviço pela santificação do mundo; no trabalho com crianças, jovens e idosos e comunidades distantes de nossas cidades.

No testemunho da caridade sublime, participando da política, a fim de que ela seja, de fato, o exercício da promoção do bem comum; em tantas atividades sociais dentro e fora do espaço da Igreja; outros tantos que se dedicam nas inúmeras pastorais de nossas comunidades paroquiais.

Como vemos, ser cristão é configurar-se totalmente a Jesus Cristo, e d’Ele ter mesmos sentimentos, como nos falou o Apóstolo Paulo na Carta aos Filipenses (c.2). E assim, muito mais do que viver não fazendo o mal a ninguém, é preciso escrever uma história de seguimento comprometido na promoção do bem comum, da fraternidade e da paz. Isto é, verdadeiramente, um caminho de santidade, que encontramos apresentado no Sermão da Montanha (Mt 5,1-12).

Numa palavra final, seguir o Mestre, Jesus Cristo, é seguir e se consumir, cotidianamente, na fidelidade a Ele e à Boa-Nova do Reino, numa vida essencialmente marcada pelo “Ser para os outros”.

Oremos:

"Ó Deus, pela Vossa graça, nos fizestes filhos da luz. Concedei que não sejamos envolvidos pelas trevas do erro, mas brilhe em nossas vidas a luz da Vossa verdade. Por N.S.J.C., na unidade do Espírito Santo. Amém".


Fonte: Missal Cotidiano – Editora Paulus – pág.964

Participemos dos sofrimentos de Cristo

 


Participemos dos sofrimentos de Cristo

Assim nos falou o apóstolo Pedro (1Pd 4,13-14):

“Caríssimos, alegrai-vos por participar dos sofrimentos de Cristo, para que possais também exultar de alegria na revelação da Sua glória. Se sofreis injúrias por causa do nome de Cristo, sois felizes, pois o Espírito da glória, o Espírito de Deus, repousa sobre vós.”

Oremos:

Ó Deus, quando vierem os sofrimentos ou dificuldades, na graça de viver o discipulado no seguimento de Vosso Filho, enviai-nos sempre o Espírito Santo para nos animar, fortalecer e conduzir.

Dai-nos maturidade e serenidade para enfrentar situações adversas, e que o peso da cruz não nos faça esmorecer ou recuar, como discípulos do Vosso amado Filho; e jamais vacilemos na fé, esmoreçamos na esperança e esfriemos na caridade.

Concedei-nos, ó Deus, a graça de viver a verdadeira alegria, que tão somente na fidelidade a Vós podemos alcançar, assim como nos falou Vosso Filho, que alegria plena somente se n’Ele permanecermos.

Inflamai nosso coração para que ardente seja, e firme nossos passos a caminho, comprometidos com a Boa Nova do Reino, atentos na escuta e prática da Palavra do Vosso Filho, com o Vosso Espírito Santo, para que membros vivos de uma Igreja Sinodal sejamos. Amém.

Exemplos de coragem e fidelidade ao Senhor

                                                        

Exemplos de coragem e fidelidade ao Senhor

Celebramos no dia 30 de junho a Memória dos Santos Protomártires da Igreja de Roma, como veremos na Carta do Papa São Clemente I aos Coríntios (séc. I):

“Deixemos de lado os exemplos dos antigos e falemos de nossos atletas mais recentes. Apresentemos os generosos exemplos de nosso tempo.

Vítimas do fanatismo e da inveja, aqueles que eram as maiores e mais santas colunas da Igreja, sofreram perseguição e lutaram até a morte.

Tenhamos diante dos olhos os bons apóstolos. Por causa de um fanatismo iníquo, Pedro teve de suportar duros tormentos, não uma ou duas vezes, mas muitas; e depois de sofrer o martírio, passou para o lugar que merecia na glória. Por invejas e rivalidades, Paulo obteve o prêmio da paciência: sete vezes foi lançado na prisão, foi exilado e apedrejado, tornou-se pregoeiro da Palavra no Oriente e no Ocidente, alcançando assim uma notável reputação por causa da sua fé. Depois de ensinar ao mundo inteiro o caminho da justiça e de chegar até os confins do Ocidente, sofreu o martírio que lhe infligiram as autoridades. Partiu, pois, deste mundo para o lugar santo, deixando-nos um perfeito exemplo de paciência.

A estes homens, mestres de vida santa, juntou-se uma grande multidão de eleitos que, vítimas de um ódio iníquo sofreram muitos suplícios e tormentos, tornando-se, desta forma, para nós um magnífico exemplo de fidelidade. Vítimas do mesmo ódio, mulheres foram perseguidas, como Danaides e Dirceia. Suportando graves e terríveis torturas, correram até o fim a difícil corrida da fé e mesmo sendo fracas de corpo, receberam o nobre prêmio da vitória.

O fanatismo dos perseguidores separou as esposas dos maridos, alterando o que disse nosso pai Adão: ‘É osso dos meus ossos e carne de minha carne’ (cf. Gn 2,23). Rivalidades e rixas destruíram grandes cidades e fizeram desaparecer povos numerosos.

Escrevemos isto, não apenas para vos recordar os deveres que tendes, mas também para nos alertarmos a nós próprios. Pois nos encontramos na mesma arena e combatemos o mesmo combate. Deixemos as preocupações inúteis e os vãos cuidados, e voltemo-nos para a gloriosa e venerável regra da nossa tradição.

Consideramos o que é belo, o que é bom, o que é agradável ao nosso Criador. Fixemos atentamente o olhar no Sangue de Cristo e compreendamos quanto é precioso aos olhos de Deus, Seu Pai, esse Sangue que, derramado para nossa salvação, ofereceu ao mundo inteiro a graça da penitência.” (1)

Muitos cristãos foram martirizados com terríveis tormentos, como vimos na Carta do Papa e também no testemunho dado pelo escritor pagão, Tácito.

Foram vítimas da primeira perseguição desencadeada pelo Imperador Nero, depois do incêndio da cidade de Roma no ano 64.

Como o Papa disse: “vítimas de um ódio iníquo sofreram muitos suplícios e tormentos, tornando-se, desta forma, para nós um magnífico exemplo de fidelidade”.

Os tempos hoje são outros, mas as provações, dificuldades, cansaços, desilusões também têm suas marcas e desafiam o testemunho de nossa fé, sem jamais deixarmos de dar a razão de nossa esperança, na prática incansável e frutuosa da caridade.

Quando fazemos memória dos Apóstolos, Pedro e Paulo e tantos que deram a vida por causa de Jesus e do Evangelho, reavivamos a chama do Espírito que em nosso peito habita.

Não podemos jamais vacilar na fé, esmorecer na esperança e esfriar na caridade, como nos ensina a Igreja. Professemos nossa fé com palavras e obras, porque tão somente assim para Deus se torna agradável.


(1) Liturgia das horas – Vol. III - pp.1401-1402

“Somos pó e cinza diante da Rocha”

                                                                   

                 “Somos pó e cinza diante da Rocha”
 
Reflexão à luz da passagem do Livro de Gênesis (Gn 18,20-32),  em que Abraão faz uma oração em favor de Sodoma e Gomorra, porque o clamor contra estas cresceu e chegou até o Senhor, e houve o agravamento de seu pecado.
 
Reflitamos sobre o diálogo de Abraão com o Senhor, conforme comentário do Missal Dominical:
 
“Em Israel, que vive num regime de fé, não está em perigo a veracidade da relação do homem com Deus, a verdadeira oração.
 
Um homem vivo, um homem verdadeiro, encontra o Deus vivo e verdadeiro. Uma liberdade está diante da Liberdade, o pó diante da Rocha. ‘Eis que ouso falar ao meu Senhor, eu que sou pó e cinza”.
 
Em Israel, a oração está essencialmente ligada a fé. Uma resposta livre ao Deus que se revela e fala, uma ação de graças pelos grandes acontecimento que Deus realiza para o Seu povo. A oração é, pois, antes resposta do que pedido”. (1)
 
Aprendemos com Abraão a fazer da oração um verdadeiro diálogo com Deus: ele se coloca diante diante d’Ele, com ousadia e confiança, apresentando suas inquietações, dúvidas, anseios, e procurando captar Sua vontade para a humanidade.
 
A passagem é uma catequese sobre o peso que o justo e o pecador têm diante de Deus; revela-nos a misericórdia divina que é maior do que a vontade de castigar. 
 
A vontade que Deus tem de salvar é infinitamente maior do que a vontade de perder: Deus está sempre pronto a nos salvar. É preciso que nos abramos à Sua vontade.
 
Abraão nos ensina que é possível dialogar com Deus numa forma familiar, confiante, insistente e ousada. Revela-nos um Deus que veio ao encontro da humanidade, entrou em sua tenda, sentou-se à sua mesa, criando vínculos de comunhão, e ainda mais, realizando os sonhos daquele que O acolhe.
 
Com o pai da fé, aprendemos que Deus é alguém com quem se pode dialogar, com amor e sem temor; com uma Oração que brota de um coração humilde, reverente, respeitoso, confiante, ousado e cheio de esperança.
 
Abraão não repete palavras vazias e gravadas, sem ressonância na própria vida, mas estabelece com Deus um diálogo espontâneo e sincero.
 
Assim, devemos nos colocar diante de Deus sempre, de modo especial, quando em oração, em diálogo com Ele, para que experimentemos o sabor da autêntica oração, sem arrogância, sem sinais de petulância, na mais bela expressão de humildade e confiança: somos pó e cinza diante da Rocha que é Deus (como tão bem expressam diversas passagens da Sagrada Escritura).
 
Somos plasmados pelo Deus, desde os primeiros dias do Paraíso, por Ele criados à Sua imagem e semelhança, agraciados com o Seu divino sopro de vida, como narram as primeiras páginas do Livro de Gênesis.
 
Somos permanentemente modelados por Deus, como barro na mão do oleiro, para que melhor sejamos, e mais perfeitamente sintonizemos Seus desígnios ao nossos respeito e mais felizes sejamos.
 
Somos criaturas do Divino Criador, sim, criaturas com todas as limitações inerentes à condição humana, passíveis de todas as imperfeições em todos os sentidos, convivendo com a graça que em nós é derramada abundantemente, mas sem jamais esquecermos, que somos santos e pecadores, com sede e desejo de sermos santos como Deus é Santo, pois este é o Seu desejo mais pleno e belo para a humanidade.
 
Somos pó, somos barros carregando o tesouro do Espírito em vasos de argilas que somos, como tão bem expressou o Apóstolo Paulo (2 Cor 4,7).
 
E um dia desfeito nosso corpo mortal, voltaremos a ser pó, porque do pó viemos e ao pó retornaremos. Seremos se cremados, um punhado de cinzas apenas, mas certos de que a alma que em nós habita, para Deus haverá de voltar.
 
Confiamos e esperamos, porque de Deus vivemos, nos movemos e somos e para Deus haveremos de retornar, no dia de nossa Ressurreição, pois como Ele mesmo o disse: “Eu Sou a Ressurreição e a vida, todo aquele que em mim viver e crer, ainda que esteja morto viverá” (Jo 11, 25-26).
 
Quando oramos assim devemos nos sentir: pó e cinza, limitados, suplicantes diante de Deus, a onipotência da misericórdia que vem sempre em socorro de nossa finitude e miséria.
 
É o Amor Uno e Trino que vem ao nosso encontro, e nós somos sedentos de força, amor, luz e graça. Somos os eternos suplicantes da presença da Santíssima Trindade que vem em socorro de nossa fraqueza; vem ao nosso encontro o Amante(Deus Pai), com o Amante (Deus Filho) e o Amor (o Espírito Santo).
 
Pó e cinza, somos diante da Rocha! Oremos assim, exatamente como Abraão o fez, e nossa oração chegará até Deus, que não desiste de nós porque nos amou e nos criou e quer nos redimir, mas não sem nossa participação.
 
 
 
(1) Missal Dominical - Ed. Paulus - p.1189
PS: Apropriado para a passagem do Livro do Gênesis (Gn 18,16-33) proclamada na segunda-feira da 13ª semana do Tempo Comum

Rejeitados, animados ou censurados?

                                                  

Rejeitados, animados ou censurados?

Retomemos a Liturgia da Palavra da Missa do 13º Domingo do Tempo Comum (ano C), e as palavras do Bispo Santo Agostinho em relação à passagem do Evangelho (Lc 9,51-62):

“Escutai o que Deus me inspirou sobre este capítulo do Evangelho: Nele se lê como o Senhor Se comportou distintamente com três homens.

A um que se ofereceu para segui-Lo, o rejeitou; a outro que não se atrevia, o animou a isso; por fim, a um terceiro que o retardava, o censurou”. (1)

Uma constatação para que sejamos discípulos missionários: tendo sido escolhidos e chamados pelo Senhor para participação nesta missão divina, precisamos ter a prontidão para a partilha da vida e do destino de Jesus, reconhecendo-O e aceitando-O como uma forma pessoal de vida.

Deste modo, ser cristão não é precisamente adesão a uma Doutrina, mas ao seguimento de Jesus, ligando-se plenamente, em comunhão à Sua Pessoa, em adesão total ao Seu Projeto, com novo sentido para a vida, com horizontes novos do Reino cultivados permanentemente no coração.

A adesão incondicional à Pessoa de Jesus, a obediência absoluta a Ele, torna-se, portanto, um ato libertador.

Assim afirma o Missal Dominical:
“Quem segue o Cristo é verdadeiramente homem livre, sem patrões. Um homem livre da escravidão das coisas, do poder, do dinheiro, do sexo, livre sobretudo de si mesmo.” (2)

Deus nos chama para viver na Liberdade, que consiste em viver abertos às novas potencialidades criativas, que são possibilidades de amor, partilha, doação, serviço e comunhão.

Concluindo, podemos afirmar, sem dúvida, que a vocação cristã não é propriedade pessoal, em sua origem, pois tem um Autor exterior à nossa existência:

“É o Senhor que chama, convoca, convida, encaminha e orienta a vida de um homem e de uma mulher, com uma proposta ou uma missão a cumprir”. (3)

Voltando a Santo Agostinho...
O Senhor nos chama:

- podemos ser rejeitados, porque não nos predispomos a viver na liberdade e na gratuidade;

- podemos ser animados, para que nos abramos ao desprendimento e coragem para segui-Lo;

- entretanto, precisamos de abertura às censuras divinas, para que não percamos tempo na emergência de nos colocarmos a serviço do Reino.

Rejeitados, animados ou censurados, como o Senhor Se dirige a cada um de nós? Como nos dirigimos e nos colocamos diante do Senhor, diante do Seu divino chamado?


PS: Liturgia do 13º Domingo do Tempo Comum - Ano C: 1 Rs 19,16b.19-21; Sl 15; Gl 5,1.13-18; Lc 9, 51-62; apropriado para a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 818-22)

(1)  Lecionário Patrístico Doninical - Editora Vozes - 2013 - p. 669
(2) Missal Dominical - p. 1163
(3) Lecionário Comentado - Editora Paulus - Lisboa - 2013 p. 620

Em poucas palavras...

                                                      


“O caminho desta perfeição passa pela cruz...”

“O caminho desta perfeição passa pela cruz. Não há santidade sem renúncia e combate espiritual (2 Tm 4). O progresso espiritual implica a ascese e a mortificação, que conduzem gradualmente a viver na paz e na alegria das Bem-Aventuranças: 

«Aquele que sobe, nunca mais para de ir de princípio em princípio, por princípios que não têm fim. Aquele que sobe nunca mais deixa de desejar aquilo que já conhece» (São Gregório de Nissa).” (1)

 

(1)        Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n.2015

Em poucas palavras...

 


As parábolas do Reino

“Jesus chama para entrar no Reino, por meio de parábolas, traço característico do seu ensino (Mc 4,33-34). Por meio delas, convida para o banquete do Reino (Mt 22,1-14), mas exige também uma opção radical: para adquirir o Reino é preciso dar tudo (Mt 13,44-45).

As palavras não bastam, exigem-se atos (Mt 21,28-32). As parábolas são, para o homem, uma espécie de espelho: como é que ele recebe a Palavra? Como chão duro, ou como terra boa? (Mt 13,3-9). Que faz ele dos talentos recebidos? (Mt 25,14-30). Jesus e a presença do Reino neste mundo estão secretamente no coração das parábolas.

É preciso entrar no Reino, quer dizer, tornar-se discípulo de Cristo, para «conhecer os mistérios do Reino dos céus» (Mt 13, 11). Para os que ficam «fora» (Mc 4, 11), tudo permanece enigmático (Mt 13,10-15).”(1)

 

(1) Parágrafo do Catecismo da Igreja Católica – n. 546

Em poucas palavras...

 


“Jesus convida os pecadores para a mesa do Reino...”

"Jesus convida os pecadores para a mesa do Reino: «Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores» (Mc 2, 17).

Convida-os à conversão sem a qual não se pode entrar no Reino, mas por palavras e atos, mostra-lhes a misericórdia sem limites do Seu Pai para com eles e a imensa «alegria que haverá no céu, por um só pecador que se arrependa» (Lc 15, 7).

A prova suprema deste amor será o sacrifício da Sua própria vida, «pela remissão dos pecados» (Mt 26, 28)."

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 545

Em poucas palavras...


 

“Maranatha”

“Esta petição é o «Maranatha», o clamor do Espírito e da esposa: «Vem, Senhor Jesus!»:

«Mesmo que esta oração não nos tivesse imposto o dever de pedir a vinda deste Reino, teríamos espontaneamente soltado este grito, com pressa de irmos abraçar o objeto das nossas esperanças. 

As almas dos mártires, sob o altar de Deus, invocam o Senhor com grandes gritos: "Até quando, Senhor, até quando tardarás em pedir contas do nosso sangue aos habitantes da terra?" (Ap 6, 10). 

Eles devem, com efeito, alcançar justiça, no fim dos tempos. Apressa, portanto, Senhor, a vinda do Teu Reino!» (Tertuliano).” (1)

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 2817

domingo, 29 de junho de 2025

Pedro e Paulo: as Colunas Mestras da Igreja


 

Pedro e Paulo: as Colunas Mestras da Igreja
 
Dia 29 de junho a Igreja celebra, numa só Festa, duas colunas mestras da Igreja: São Pedro e São Paulo (quando cai no dia da semana, no Brasil, transfere-se para o domingo seguinte).
 
Assim falou Santo Agostinho, no século V, sobre eles: “O martírio dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo consagrou para nós este dia... Estes mártires viram o que pregaram, seguiram a justiça, proclamaram a verdade, morreram pela verdade... Num só dia celebramos o martírio dos dois Apóstolos.
 
Na realidade, os dois eram como um só. Embora tenham sido martirizados em dias diferentes, deram o mesmo testemunho. Pedro foi à frente; Paulo o seguiu. Celebramos o dia festivo consagrado para nós pelo sangue dos Apóstolos.
 
Amemos a fé, a vida, os trabalhos, os sofrimentos, os testemunhos e as pregações dos dois Apóstolos”.
 
A complementaridade dos dois ”carismas” continua atual: Pedro, a responsabilidade institucional; Paulo, a criatividade missionária.
 
Quando falamos de Pedro, nos lembramos da instituição e o exercício do poder; da responsabilidade, hierarquia; e quando falamos de Paulo, nos lembramos da pregação, do carisma, missão, evangelização, fundação de novas comunidades.
 
Deste modo, elevemos a Deus orações pelo nosso querido Papa Leão XIV, que continua a missão a Pedro confiada pelo Senhor, pois assim nos ensina o Catecismo da Igreja Católica (n. 882):
 
“O Papa, Bispo de Roma e sucessor de São Pedro é princípio perpétuo e visível, e fundamento da unidade que liga, entre si, todos os bispos com a multidão dos fiéis”.
 
Que o Espírito de Deus o conduza e ilumine, pois, como Vigário de Cristo e Pastor de toda a Igreja, o Pontífice Romano tem sobre a mesma Igreja um poder pleno, supremo e universal; que pode exercê-lo livremente.
 

Em poucas palavras...

                                                        


“O Papa, Bispo de Roma e sucessor de São Pedro...”

“O Papa, Bispo de Roma e sucessor de São Pedro, é o perpétuo e visível princípio e fundamento da unidade, quer dos Bispos, quer da multidão dos fiéis'. 'Com efeito, o Pontífice Romano, em virtude de seu múnus de Vigário de Cristo e Pastor de toda a Igreja, possui na Igreja poder pleno, supremo e universal. E ele pode exercer sempre livremente este seu poder’”.  (1)

 

(1)Catecismo da Igreja Católica – n.882

O testemunho de Paulo e o Louvor ao Senhor

 


O testemunho de Paulo e o Louvor ao Senhor

“- Louvor a vós, Senhor Jesus, que falais a nós no rosto de Paulo e nos pedis que vos  sigamos incondicionalmente como ele vos seguiu!

- Louvor a vós, Cristo, que procurais cada homem, que viestes a mim nos lugares de minha vida, como entrastes na vida de Paulo no caminho de Damasco!

- Louvor a vós, que nos alcançais em nossas estradas, nos tomais convosco e nos enviais para sermos vossas testemunhas, a tempo e fora do tempo, para todo o ser humano, até os extremos confins da terra!

Na comunhão dos Santos, confiamo-nos, pois, à intercessão e à ajuda do Apóstolo das gentes:

- Roga por nós, Paulo, para que possamos viver contigo o encontro com Cristo, que muda o coração e a vida.

- Ajuda-nos a esvaziar-nos de nós para encher-nos dele, a fim de que, tornados fortes por seu Espírito, sejamos capazes de crer, de esperar e de amar além de qualquer prova ou medida de cansaço.

- Obtém-nos que nos tornemos sempre mais testemunhas humildes e enamoradas daquele que é a esperança do mundo, em comunhão com toda a Igreja, a serviço de todas as criaturas.

Cristo Jesus seja para nós a verdadeira vida, a alegria plena, a fonte de um amor sempre novo, a luz sem ocaso, no tempo e pela eternidade. Amém. Aleluia!” (1)

 

(1) Caminhando na fé – Bruno Forte – Arcebispo Metropolitano de Chieti-Vasto - Retiro espiritual dos Bispos – CNBB – Aparecida – de 3 a 4 de maio de 2014

Anéis de uma mesma corrente

                      




Anéis de uma mesma corrente

Celebrando a Solenidade de São Pedro e São Paulo, renovaremos a alegria de nossa pertença à Igreja, pela graça do Batismo, como pedras vivas que somos, como bem escreveu o Apóstolo Pedro:

“Do mesmo modo, também vós, como pedras vivas, constituí-vos em um edifício espiritual, dedicai-vos a um sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais aceitáveis a Deus por Jesus Cristo” (1 Pd 2,5).

O Apóstolo Paulo também assim escreveu:

“Portanto, já não sois estrangeiros e adventícios, mas concidadãos dos Santos e membros da família de Deus. Estais edificados sobre o fundamento dos Apóstolos e dos Profetas, do qual Cristo Jesus a Pedra angular. N’Ele bem articulado, todo o edifício se ergue como santuário santo, no Senhor, e vós, também, n’Ele sois coedificados para serdes habitação de Deus, no Espírito” ( Ef 2,19-22).

Deste modo, podemos afirmar que “São Pedro e São Paulo são os últimos dois anéis de uma corrente que nos une ao próprio Cristo.

Em certo sentido, nossa comunhão com Jesus passa através deles. Nós celebramos, por isso, a festa dos ‘fundadores’ de nossa fé, dos antepassados do povo cristão.” (1).

Assim como São Pedro e São Paulo, continuemos a missão de Jesus, tão expressivamente como eles o fizeram, chegando ao ápice do martírio, culminando com o derramamento do sangue, em plena fidelidade a quem os chamou, Jesus Cristo, morto e Ressuscitado, Aquele que agora vive e reina em todo o Universo e em todos os povos.

Eles, colunas mestras da Igreja; nós, pedras vivas amadas e escolhidas por Deus neste edifício espiritual, em que Cristo é a Pedra angular.

Eles, os dois últimos anéis da corrente, nós, humildes anéis que, se não unidos a eles e a Cristo, sucumbimos diante das dificuldades e na fidelidade do carregar da cruz, não alcançando a graça da contemplação da face divina, um dia, na glória da eternidade, após termos vivido o bom combate da fé.

Digamos para nós mesmos: como é bom ser um anel, um simples anel nesta corrente inquebrável, indestrutível, que começamos a fazer parte no momento de nosso Batismo.


(1) O Verbo Se faz Carne – Raniero Cantalamessa - Editora Ave Maria -  2012 - p. 837.

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