sábado, 15 de março de 2025

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Presbítero: homem da imersão e da emersão...

                                                       

Presbítero: homem da imersão e da emersão...

“Imerso no Amor para fazer emergir a vida...”

Em todo tempo, mas de modo especial na Quaresma, vivemos, como Igreja, o Tempo da graça e reconciliação; tempo de revisão e revigoramento de nossa fé na fidelidade ao Senhor, configurados a Ele, com renúncias necessárias, para carregarmos a nossa cruz de cada dia, rumo à Páscoa.

Eis o Itinerário que Presbíteros e fiéis são chamados a percorrer, tendo como meta a Ressurreição, pois se com Ele vivemos e morremos, com Ele também Ressuscitaremos.

Retomando as palavras do Papa Bento XVI, na Mensagem Quaresmal 2011, detenhamo-nos nesta afirmação:

 “A Transfiguração é o convite a distanciar-se dos boatos da vida quotidiana para se imergir na presença de Deus...”.  

Indubitavelmente, não poucos são os “boatos da vida quotidiana”, que podem nos afastar dos fatos que clamam a nossa solicitude, na fidelidade ao Cristo Bom Pastor, no exercício de nosso ministério. 

Convém ressaltar, que boatos aqui não são meramente fofocas, como se possa pensar, mas ruídos que interferem na escuta dos clamores do rebanho por Deus confiado.

Por “boatos”, também podemos entender a ditadura do relativismo, que o Papa tanto denunciou, onde as verdades se tornam transitórias, valores se tornam relativos, esvaziando de sentido os princípios, que deveriam nortear a existência da humanidade.

No início do Itinerário Quaresmal com o Senhor, vimos que “boatos” podem ser as propostas satânicas, que nos desviam do Projeto Divino, na realização de nossa vocação, quer Presbíteros ou não. 

São as tentações que Jesus venceu no deserto: ter, ser, poder – abundância, prestígio e domínio, respectivamente. 

Ceder a elas nos afastaria da graça de sermos instrumentos de Deus na construção do Reino, pois como bem disse o Bispo Santo Irineu (séc. I): “a nossa glória é perseverar e permanecer no serviço de Deus”.

Evidentemente, muitos outros “boatos” podem seduzir e enfraquecer a missão. Portanto, é sempre bom lembrar que somos anunciadores da Boa-Nova e não ouvintes e multiplicadores de “boatos”, que esvaziam o existir, destruindo a vida em todos os níveis.

Sem ouvidos a “boatos”, com distanciamentos necessários dos mesmos, o Papa nos convida para a imersão na presença de Deus. 

Quanto mais mergulharmos nos Mistérios de Deus, mais místicos o seremos, mais encarnada e densa de conteúdo será nossa espiritualidade, no compromisso com os empobrecidos desfigurados pelo caminho.

Como Presbíteros, com toda a comunidade, urge que nos coloquemos na presença de Deus, para que nosso coração seja configurado ao coração do Cristo  Bom Pastor, no cuidado do rebanho.

A imersão no Amor Divino é diretamente proporcional à emersão que somos chamados a realizar com toda a comunidade.

Imersos no Amor para fazer emergir a vida, vir à tona uma nova existência, uma nova Igreja, um Planeta mais bem cuidado e, consequentemente, mais amado.

Mais do que nunca, o Presbítero precisa ser o homem da imersão cotidiana e constante; o homem da Oração, do silêncio, da contemplação. 

Um homem que permita que a luz divina ilumine a caverna escura de sua existência, enfim, um homem imerso neste mar de misericórdia e luz; somente assim poderá ajudar a comunidade a fazer e viver a mesma experiência e realidade.

Uma das exigências que o povo tem para conosco, mais do que perceptível, é que sejamos homens imersos no Mistério do Amor de Deus, pois só assim conseguiremos ajudá-lo a encontrar luz também para sua existência.

O Povo de Deus não quer respostas prontas, mas quer ter a certeza de que o Presbítero é um homem que a Deus encontrou na pessoa de Jesus Cristo, por Ele vive uma paixão que se renova em cada instante de sua vida, deixando-se guiar pela luz do Santo Espírito. Que seja um homem de Deus e do povo, sem separação, distanciamentos e dicotomias.

Reflitamos:

- Em que consiste o Ministério Presbiteral, à luz da transfiguração do Senhor?
O que podemos compreender por “distanciar-se dos boatos da vida quotidiana”?

Como Presbíteros, o que é “imergir na presença de Deus”?

Homem do deserto e do oásis revigorante e saciador; homem do céu e da terra simultaneamente; homem da montanha e da planície corajosamente; homem da imersão e da emersão incansavelmente... Numa palavra: homem itinerante e Pascal.


PS: Texto escrito quando exercia o Ministério Presbiteral na Diocese de Guarulhos-SP

Em poucas palavras...

                                              


Maria, imagem puríssima da esperança

“Pelos profetas, Deus forma o seu povo na esperança da salvação, na expectativa duma aliança nova e eterna, destinada a todos os homens (Is 2,2-4), e que será gravada nos corações (Jr31,31-34; Hb 10,16). Os profetas anunciam uma redenção radical do povo de Deus, a purificação de todas as suas infidelidades (Ez 36), uma salvação que abrangerá todas as nações (Is 49,5-6; 53,11).

Serão sobretudo os pobres e os humildes do Senhor (Sf 2,3) os portadores desta esperança. As mulheres santas como Sara, Rebeca, Raquel, Míriam, Débora, Ana, Judite e Ester conservaram viva a esperança da salvação de Israel. Maria é a imagem puríssima desta esperança (Lc 1,38).” (1)

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 64

Transfiguração do Senhor: Vi meu Amado...(IIDTQC)

                                                      


Transfiguração do Senhor: Vi meu Amado...

 “Este é o meu Filho, o Escolhido.
Escutai o que Ele diz!” (Lc 9,35)

Na Liturgia do 2º Domingo da Quaresma (ano C), somos agraciados com a Liturgia da Palavra que nos apresenta a Transfiguração do Senhor, com a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 9,28b-36).

Ela é um momento fundamental na vida do discípulo missionário, vivido pelos três apóstolos (João, Pedro e Tiago), e muito nos ajuda ao iniciar nossa caminhada Quaresmal.

Quaresma é Tempo de:

- Renovar e revigorar nossa aliança e confiança em Deus, como Abraão, modelo de crente, que confia, se entrega, busca, espera, jamais se instala (1ª Leitura - Gn 15,5-12.17-18);

- Tornar-nos amigos da Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, sempre acompanhados da mudança, da transformação e da conversão, que deve acontecer primeiramente em nosso coração (2ª Leitura – Fl 3,17-4,1);

- Redimensionar a nossa vida a partir da provisoriedade e precariedade de nosso corpo, até que possamos receber, na Ressurreição, um corpo glorioso, um corpo celestial, uma morada eterna;

- Sentir antecipadamente a alegria da Vitória Pascal que passa pela obediência ao Pai e a fidelidade no carregar da cruz, como nos revela a Transfiguração do Senhor (Lc 9,28b-36); 

- Fazer silêncio, afastando-nos de todos os ruídos que nos distraiam e não nos possibilitem a escuta do Filho muito amado, que tem sempre algo de muitíssimo especial para nos dizer, para que sejamos felizes, realizados e plenos de vida;

- de subir a Montanha Sagrada contemplar a presença do Senhor, escutá-Lo atentamente, descer à planície e testemunhar Sua Palavra com nossa vida;

- Renovar a graça de sermos “cidadãos dos céus”. Como cristãos, estamos no mundo, mas não somos do mundo, como podemos ver nos primeiros ensinamentos da Igreja;

- Subir ao Monte Santo para contemplar Cristo Glorioso e Transfigurado, mas também de corajosamente descer a montanha e renovar compromissos solidários com os “Cristos” desfigurados que clamam por vida, alegria, dignidade, amor e paz;

- De subidas e descidas. Subir ao Monte Sagrado para revitalização da graça divina para a fé, esperança e caridade; na planície viver confiantes sempre no Senhor,  testemunhando que conhecemos e cremos em Alguém, Jesus, que transformou e transforma continuamente a nossa vida;

- Recuperar as forças indo à Fonte das fontes, Jesus, nutrir pela  Sua Palavra, alimentar-se com o Pão da Imortalidade, inebriar a alma com a Verdadeira Bebida; porque verdadeiramente Jesus na Eucaristia, comungamos a Palavra que se faz Pão, trigo que se faz Pão, vinho que se faz Sangue de Redenção, isto é o que contemplamos, saboreamos e cremos, ao participar do Banquete da Eucaristia.

Jesus nos acolhe com nossos cansaços, dificuldades, imperfeições, limitações próprias do ser humano.

Jesus ama a cada um de nós como somos para nos fazer melhores, para nos aperfeiçoar, para que a imagem de Deus possa transparecer em nosso olhar, em nossos pensamentos, palavras e atitudes, para que transpareça que há Alguém que faz morada no mais profundo de nós e nos acompanha em todo instante.

Celebrar a Transfiguração do Senhor nos convida a  renovação de sagrados compromissos com a Boa Nova do Reino.

Em poucas palavras... (IIDTQC)

                                              


Contemplemos a Transfiguração do Senhor 

“Ele (Jesus) os levou até a montanha para mostrar-lhes a glória de Sua divindade, e lhes ensinar que Ele era o Redentor de Israel, tal como já tinha revelado por Seus profetas; e também para prevenir todo escândalo à vista dos sofrimentos que livremente iria sofrer por nós em Sua natureza humana.” (1)

 

(1) Sermão do Diácono Santo Efrém (séc. IV)

 

Sagrada Escritura: fonte de oração na vida comunitária (IIDTQC)

 


Sagrada Escritura: fonte de oração na vida comunitária

Assim lemos no Comentário do Missal Dominical, ao celebramos o segundo Domingo da Quaresma, quando refletimos sobre a Transfiguração do Senhor, e voz do Pai que nos acompanharia por todo o sempre: – “Este é o meu Filho, o Escolhido. Escutai o que Ele diz!” (Lc 9,35):

“Não basta uma leitura pessoal; corremos o risco de pôr a Palavra de Deus a nosso serviço, de cair num estéril subjetivismo, de não permitir que a palavra ‘reviva’.

A leitura ‘comunitária’ faz com que a Palavra de Deus caminhe junto com a comunidade; enriquece-a continuamente, através da ação do Espírito, com novos significados e atualizações, que fazem penetrar melhor no Mistério do plano salvífico.

Ótima oportunidade para tal confronto comunitário é a preparação, em grupo, das leituras da liturgia dominical.” (1)

Mas é preciso este salto para a “dimensão comunitária”, pois a Sagrada Escritura é a história de um povo que se pôs a caminho na escuta e fidelidade ao Deus da Aliança, a nós revelado com a Encarnação de Jesus Cristo, e ao longo da história, pela ação do Espírito Santo.

Urge que fortaleçamos todos os espaços comunitários de oração, nos quais a Sagrada Escritura esteja sempre presente, iluminando e fortalecendo o discipulado, na necessária comunhão, participação e missão à Igreja confiada.

Fundamental que nos empenhemos na prática da Leitura Orante da Palavra Divina e seus passos (leitura, meditação, oração e contemplação) que culminará em ação iluminadora das sombras, obscuridades da existência humana, ou sua, por vezes, total escuridão.

 

(1)         Missal Dominical – Editora Paulus – p.223

 

Quaresma: edifiquemos tendas de transfiguração (IIDTQC)

Quaresma: edifiquemos tendas de transfiguração

Senhor Jesus, contemplando Vossa Transfiguração no Monte Tabor, somos desinstalados e enviados em missão como discípulos missionários na planície, nos diversos espaços em que vivemos e nos relacionamos, e rostos tão desfigurados, com marcas da violência de incontáveis nomes, encontramos; edificando tendas para edificar e santificar a vida de Vossos filhos e filhas, nossos irmãos e irmãs.

Senhor Jesus, ainda que queiramos, não podemos fixar tendas no Monte Tabor, livrai-nos da tentação de evadirmos do mundo, sem jamais nos omitirmos em nossas responsabilidades de transformá-lo, construindo uma cultura de paz, com laços mais fraternos, e que esta paz seja fruto da justiça, sinal de um mundo novo e reconciliado.

Senhor Jesus, afastai-nos desta tentação de fixar tendas no Monte Tabor, que seria como uma pedra de tropeço no árduo testemunho e combate da fé, e assim fecharíamos os olhos ao Mistério Pascal; esvaziando-o de todo o sentido e conteúdo, porque não viveríamos a autenticidade da fidelidade e seguimento, com renúncias necessárias, carregando a nossa cruz quotidiana.

Senhor Jesus, iluminai-nos para a compreensão da efemeridade do resplendor da Transfiguração neste mundo, necessariamente efêmero, a fim de não desejarmos nos  instalar no “alto monte”, pois ainda não chegou este tempo,  nem para os cristãos nem para a Vossa Igreja que somos.

Senhor Jesus, conduzi-nos neste tempo da fé e da esperança sem esplendor. Com a certeza de que caminhais conosco, podemos nos apoiar firmemente, porque Vosso Pai, com o Vosso Espírito, é fiel e nunca falta às Suas promessas, assim como foi com Abraão, nosso pai na fé, pronto para o sacrifício de seu filho.

Senhor Jesus, ajudai-nos a viver este Tempo da Quaresma, tempo favorável de nossa Salvação, marcado por reconciliações convosco e com nosso próximo, vivendo os exercícios que a Igreja nos propõe (oração, jejum e esmola), a fim de que possamos celebrar, em breve, o transbordamento da alegria Pascal, quando a Igreja cantará, solenemente, o Aleluia!



Fonte de pesquisa: Missal Quotidiano, Dominical e Ferial – 2010 - Editora Paulus – Lisboa - p.329

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