quinta-feira, 3 de julho de 2025

“Meu Senhor e meu Deus”

                                            

“Meu Senhor e meu Deus”

Era o primeiro dia da semana... Um acontecimento memorável que marcou a vida dos primeiros discípulos, e, para sempre, a vida da Igreja, irradiando a luz que jamais se apaga, porque foi a manifestação gloriosa do Senhor Jesus, vivo e Ressuscitado.

Portas fechadas por medo dos judeus, compreensível, pois o que haviam feito ao Divino Mestre, poderiam o mesmo fazer com Seus discípulos seguidores. Quem não ficaria com medo diante do trágico acontecimento, da crudelíssima morte do Justo, Santo e Inocente?

Inspirado na passagem do Evangelho de João (20,19-31), apresento uma súplica, a fim de que nossas forças sejam renovadas, e também o nosso compromisso batismal, para que sal e luz da terra sejamos, vida nova, no Espírito, vivamos, gosto de Deus ao mundo demos

Oremos:

Senhor Jesus Ressuscitado, creio que para Vós não há porta e absolutamente nada que impeça Sua ação. Suplico-Vos, rompei a porta de meu coração, para nele fazer Vossa morada, e assim eu Vos acolha como o mais belo Hóspede.

Senhor, afastai de nós todo medo que possa nos fragilizar. Medo de tantos nomes, sobretudo nos momentos difíceis por que passamos. Vossa divina presença, Senhor, nos dá segurança, porque sois nosso refúgio, nosso escudo, nossa luz e proteção.

Senhor, ficai no centro de minha vida, assim como da comunidade que participo. Que absolutamente nada ocupe a centralidade em minha vida. Que eu saiba buscar, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a sua justiça e tudo mais me será acrescentado, como Vós mesmo nos dissestes e nos assegurais.

Senhor, Vossa divina presença é para nós a comunicação da alegria, mas não a alegria ilusória e passageira que o mundo dá, e que nos afasta da verdadeira alegria, que somente de Vós procede. Pois Vós também dissestes, que somente Vós podeis nos dar a plena alegria.

Senhor Jesus, dai-me a Vossa paz, o Shalom, a plenitude de todos os bens, dons. Somente em Vós e convosco, eu encontro a paz plena, que não significa a ausência de problemas, ou uma falsa paz conseguida com drogas ou coisa semelhante, mas com seu alto preço consequente.

Senhor Jesus, como é maravilhoso poder contar com o Vosso sopro, que nos comunica a presença e ação do Espírito, que não nos permite que nos sintamos órfãos, e nos envia em missão para remissão dos pecados, inauguração de novos tempos, novos relacionamentos, mundo novo e reconciliado.

Senhor, unido ao Mistério de Vossa Paixão, em comunhão com Vossas Chagas dolorosas, cremos que sois vitorioso, glorioso, e que estais sentado à direita do Pai. Sem ter visto e nem tocado, como Tomé, também digo: “Meu Senhor e meu Deus”, exultante de alegria pelas Vossas Chagas gloriosas.

Senhor, renovo minha fé, e assim como Vosso Apóstolo Pedro nos exortou, quero testemunhá-la com a esperança que não murcha, que floresce em terrenos áridos e sombrios, porque impelido pelo Vosso amor que não passa, e o coração para sempre inflama. Amém. Aleluia.

São Tomé viu e tocou as chagas gloriosas do Senhor

                                                               

São Tomé viu e tocou as chagas gloriosas do Senhor

Quando celebramos a Festa do Apóstolo São Tomé, ouvimos a passagem do Evangelho de São João (Jo 20,24-29), em que Jesus Se manifesta no centro da comunidade, reunida no primeiro dia da semana, com as portas fechadas, com medo dos judeus.

Da mesma forma, oito dias depois, agora com a presença de Tomé e a sua profissão de fé, quando toca as Chagas gloriosas do Senhor.

Vejamos o que nos diz o Bispo e Doutor Santo Agostinho (séc. V):

“Não lhes bastou vê-Lo com os próprios olhos, quiseram apalpar com as mãos Seu corpo e as cicatrizes das feridas recentes; até o ponto de que o discípulo que tinha duvidado, tão prontamente como tocou e reconheceu as cicatrizes, exclamou: Meu Senhor e Meu Deus! Aquelas cicatrizes eram as credenciais d’Aquele que tinha curado as feridas dos demais.

O Senhor não podia ressuscitar sem as cicatrizes? Sem dúvida, mas sabia que no coração de Seus discípulos ficaram feridas que haveriam de ser curadas pelas cicatrizes conservadas em Seu corpo. E o que respondeu o Senhor ao discípulo que, reconhecendo-O por seu Deus, exclamou: Meu Senhor e meu Deus? Disse-lhe: Crestes porque me vistes? Bem-aventurados os que creram sem terem visto.

A quem chamou de bem-aventurados, irmãos, senão a nós? E não somente a nós, mas a todos os que venham depois de nós. Porque, não muito tempo depois, tendo-Se apartado de seus olhos mortais para fortalecer a fé em seus corações, todos os que doravante crerão n’Ele, crerão sem ver-Lhe, e sua fé teve grande mérito: para conquistar essa fé, mobilizaram unicamente Seu piedoso coração, e não o coração e a mão comprovadora.”  (1)

Deus nos concede a graça de sermos chamados Bem-aventurados, porque cremos sem nunca ter visto, sem nunca ter tocado.

A profissão de fé de Tomé possibilitou que também viéssemos a afirmar nossa fé no Cristo Vivo, Glorioso, Ressuscitado, Aquele que vive e reina pelos séculos dos séculos. Amém.
Roguemos ao Senhor que cure nossas cicatrizes de tantos nomes, para que curados por suas gloriosas Chagas, nos coloquemos em atitude de anunciadores e testemunhas de Sua Palavra e Projeto de Vida Plena para todos.

Não permitamos que as dificuldades que ferem nossos sonhos, levem-nos a perder a fé nas gloriosas Chagas, crendo que as chagas provisórias podem nelas se transformar e nos conduzir a novos espaços e sagrados compromissos.

Como Tomé, é preciso que creiamos, tenhamos uma fé no poder de Deus, que cura as feridas e cicatrizes de nossa alma, portanto, supliquemos sempre:

“Meu Senhor e Meu Deus!” Curai-me. Fortalecei-me. Enviai-me para Vos testemunhar com fidelidade, coragem e ardor. Amém. Aleluia



(1)         Lecionário Patrístico Dominical – Editora Vozes – 2013 – p.597
PS: Festa celebrada dia 03 de julho.

“O coro dos Apóstolos Vos louva, Senhor!”

                                 

O coro dos Apóstolos Vos louva, Senhor!”

Quando a Igreja celebra a Festa de um Apóstolo, nas Laudes, são feitas orações a partir da herança celeste recebida dos Apóstolos, acompanhada de agradecimento a Deus por todos os dons que Ele nos concede.

Deste modo, em seguida, são feitas quatro aclamações acompanhadas do refrão: O coro dos Apóstolos Vos louva, Senhor!”

A primeira aclamação, ou seja, o primeiro louvor ao Senhor: pela Mesa do Seu Corpo e Sangue, que recebemos por intermédio dos Apóstolos, somos alimentados e vivemos. 

O segundo louvor ao Senhor, devido ao fato de que, pela Mesa de Sua Palavra, preparada para nós pelos apóstolos, recebemos luz e alegria. 

O terceiro motivo de louvor ao Senhor é que, por Sua Igreja edificada sobre o fundamento dos Apóstolos, formamos um só Corpo. 

O último louvor ao Senhor é feito pelos Sacramentos do Batismo e da Penitência
 confiados aos Apóstolos, pelos quais somos lavados de todo o pecado. 

Assim, contemplamos o imensurável amor de Deus à luz destas orações:

- somos alimentados e vivemos do Pão da Eucaristia;
- recebemos luz e alegria divinas;
- como Igreja, formamos um só Corpo;
- pelos Sacramentos do Batismo e Penitência, somos lavados de todo o pecado.

Unamo-nos ao coro dos Apóstolos e louvemos ao Senhor, que faz sempre maravilhas em nosso favor em todo o tempo: ontem, hoje e sempre.

Peregrinos de esperança, revigoremos nossas forças para continuar nosso discipulado, fiéis aos ensinamentos dos Apóstolos, em total fidelidade ao Senhor, que nos chama e nos envia em missão; alimenta-nos com o Seu Corpo e Sangue, acompanha-nos e nos fortalece com O Seu Espírito, para que nos empenhemos, a cada dia, com a Boa- Nova do Reino de Deus.

Com Tomé digamos: “Meu Senhor e meu Deus”.

                                                                      

Com Tomé digamos:  “Meu Senhor e meu Deus”.

Na celebração da Festa do Apóstolo São Tomé, ouvimos a passagem do Evangelho de João (Jo 20,24-29).

Vemos o itinerário da profissão de fé feito por Tomé, ausente na primeira vez em que Jesus apareceu aos Apóstolos, e depois, quando presente, faz a grande profissão de fé: “Meu Senhor e meu Deus”.

Tomé é proclamado bem-aventurado porque viu e tocou as Chagas gloriosas do Ressuscitado, e Jesus nos diz que felizes são aqueles que creram sem nunca terem visto, nem tocado.

Tomé toca exatamente onde nascemos e nos nutrimos: no coração de Jesus, do qual jorrou Sangue e Água: Batismo e Eucaristia.

Esta é uma mensagem essencialmente catequética, que nos convida a renovar hoje e sempre a nossa fé: somos felizes porque cremos sem nunca ter visto nem tocado.

A experiência vivida por Tomé não foi exclusiva das primeiras testemunhas do Ressuscitado, e pode ser vivida por todos os cristãos de todos os tempos.

Reflitamos:

- Creio na presença de Jesus Ressuscitado na vida da Igreja?
- Sinto a presença e ação do Ressuscitado em minha vida?
- Como testemunhamos a fé no Cristo vivo e Ressuscitado?


Oremos:

“Deus todo-poderoso, concedei-nos celebrar com alegria a Festa do Apóstolo São Tomé, para que sejamos sempre sustentados por sua proteção e tenhamos a vida pela fé no Cristo que ele reconheceu como Senhor. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém”.

PS: Festa celebrada dia 03 de julho

As cicatrizes do Ressuscitado

                                                     

As cicatrizes do Ressuscitado

Sejamos enriquecidos por este trecho do Sermão de Santo Agostinho (séc. V), para melhor compreensão da passagem do Evangelho de João (Jo 20,19-31):

“Não lhes bastou vê-Lo com os próprios olhos: quiseram apalpar com as mãos seu corpo e as cicatrizes das feridas recentes; até o ponto de que o discípulo que tinha duvidado, tão prontamente como tocou e reconheceu as cicatrizes, exclamou: ‘Meu Senhor e Meu Deus!’ Aquelas cicatrizes eram as credenciais d’Aquele que tinha curado as feridas dos demais.

O Senhor não podia ressuscitar sem as cicatrizes? Sem dúvida, mas sabia que no coração de seus discípulos ficavam feridas que haveriam de ser curadas pelas cicatrizes conservadas em seu corpo. E o que respondeu o Senhor ao discípulo que, reconhecendo-O por seu Deus, exclamou: meu Senhor e meu Deus’? Disse-lhe: ‘Crestes porque me vistes? Bem-aventurados os que creram sem terem visto’....”   (1)

Como discípulos missionários do Senhor, façamos nossa profissão de fé no Cristo glorioso, Ressuscitado, e sejamos os bem-aventurados que creem sem nunca terem visto o Senhor.

O Círio Pascal, que acendemos na Vigília Pascal, lembra-nos que Jesus Cristo Ressuscitado é o princípio e o fim (Alfa e ômega), o mesmo ontem e hoje, e a Ele o tempo e a eternidade, a glória e o poder, pelos séculos sem fim.

Contemplemos as Chagas Gloriosas do Senhor, suas credenciais, as cicatrizes de Seu corpo glorioso, como nos falou o bispo, e sejam elas a cura de nossas feridas de nomes diversos.

Contemplando as Chagas Gloriosas do Senhor, revigorados na fé, fortalecidos na esperança, sejamos inflamados na caridade, comprometidos com quem padece as chagas no corpo, como a fome, abandono, exilados de suas terras e raízes...

Com Tomé, também digamos – “Meu Senhor e Meu Deus”, e como Tomé, que derramou seu sangue por amor ao Senhor, tenhamos a coragem para ser testemunhas do Ressuscitado. Amém. Aleluia

Enviados em missão... (XIVDTCC)

                                                      

Enviados em missão...

A Liturgia do 14º Domingo do Tempo Comum (ano C) nos convida a refletir sobre o envio que Jesus faz dos Seus discípulos e as exigências da missão evangelizadora.

Na passagem da primeira Leitura (Is 66, 10-14c), refletimos sobre a missão dos discípulos de serem portadores da paz, da vida e da esperança de um mundo novo.

O Profeta, mesmo numa situação difícil em que o Povo de Deus se encontrava (martirizado, sofrido e angustiado), tem palavras de confiança e esperança.

Apresenta a ação divina com imagens de fecundidade e vida; somente Deus pode oferecer ao seu povo o “shalom”, ou seja, saúde, fecundidade, prosperidade, amizade com Ele e com os outros, a felicidade total.

O Profeta tem sempre uma palavra que convida à alegria. Deus age por meio dele. Também nós somos Profetas, a voz de Deus num mundo também marcado pelo sofrimento, angústia, dores, prantos e morte.

Ontem e hoje, vivendo a vocação profética, somos convidados a superar o medo e a angústia e sentir a presença e a força de Deus conosco, não nos curvando diante dos temores que nos paralisam.

É oportuno nos questionarmos sobre a mensagem que temos a oferecer, como Igreja e Profetas do Reino, neste contexto.

O Apóstolo Paulo, na passagem da segunda Leitura (Gl 6,14-18), nos exorta ao testemunho radical que passa pela cruz, para alcançarmos a glória, e assim possa nascer a vida do Homem Novo em nós:

Só gerados e alimentados por essa fonte é que poderemos ser novas criaturas. No que diz respeito, Paulo declara que no centro da sua glória não está a observância rigorosa da Lei, mas Cristo Crucificado” (Lecionário Comentado - pág. 669).

Com a passagem do Evangelho (Lc 10,1-12.17-20), refletimos sobre a nossa missão de sermos continuadores da missão de Jesus.

Pelo Batismo todos somos chamados a anunciar a alegria do Reino de Deus, não obstante as dificuldades que possam surgir. 

O comentário do Missal Dominical é enfático ao afirmar: “... Não há missão sem perseguição, sem sofrimento e sem Cruz.

A Cruz pelo Reino de Deus, aceita com amor, é o sinal da vitória sobre o mal e a morte...

O que o Senhor nos pede é a fidelidade a Ele, à Sua mensagem e ao Seu estilo de anúncio. Não nos garante o êxito” (pp. 1169-1170).

Jesus envia 72 discípulos, de dois em dois, pois a ação é comunitária, e apresenta a eles algumas exigências e advertências:

Ø    Haverá dificuldades;
Ø    Viver a pobreza, confiando tão apenas na providência divina;
Ø    Crer na força libertadora da Palavra de Deus;

Ø    A urgência da missão (não pode haver perda de tempo);
Ø    Dedicar-se totalmente à missão;
Ø    Ser portador da paz;

Ø    Combater contra o mal que se contrapõe ao Reino de Deus;
Ø    Exultar de alegria por terem os nomes inscritos no céu, no livro da vida.

Concluindo, é preciso que o discípulo missionário confie na Palavra de Deus, com desprendimento, coragem, ousadia, confiante na providência de Deus e paixão por Ele, e carregando a cruz cotidiana, pois somente Cristo interessa para nossa Salvação, de modo que nossa identificação com Ele se dará na intensidade que amarmos como Ele nos ama.

Reflitamos:

Ø  Qual é a nossa fidelidade à missão que Deus nos confia?
Ø  Quanto nos empenhamos para que percebam em nós a alegria da chegada do Reino de Deus?

Ø  Percebem as pessoas que somos prisioneiros do mais belo Amor, Jesus Cristo, marcados pelo sinal da Cruz, como expressão do amor radical, da liberdade, da vida, doação e serviço?

Ø  Como viver mais intensamente a missão, por Deus, a nós confiada?
Ø  Em quem depositamos nossa confiança e esperança?

Retomo as palavras do Papa São Paulo VI: “O homem contemporâneo escuta com melhor boa vontade as testemunhas do que os mestres, dizíamos ainda recentemente a um grupo de leigos, ou então se escuta os mestres, é porque eles são testemunhas” na Evangeli Nuntianti.

Participando das Mesas Sagradas do Senhor, sejamos iluminados e fortalecidos por Sua Palavra, e revigorados pelo Pão da Imortalidade, para continuarmos com coragem e fidelidade a missão que Ele nos confia. Amém.



PS: Apropriado para o dia 26 de janeiro, ao celebramos a Memória de São Timóteo e São Tito, e ouvimos a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 10,1-9).

Apropriadotambém para a quarta-feira da 28ª Semana do Tempo Comum, quando se proclama esta passagem.

Paulo: um Apóstolo apaixonado por Cristo (XIVDTCC)

                                                       


Paulo: um Apóstolo apaixonado por Cristo

O Apóstolo Paulo, escrevendo aos Gálatas (Gl 6,14-18), nos exorta ao testemunho radical que passa pela cruz, para alcançarmos a glória, e assim possa nascer em nós a vida do Homem Novo.

O Apóstolo declara que, no centro da sua glória, encontra-Se o Cristo crucificado e não a observância rigorosa da Lei:

“Paulo acreditou tanto nisso que apostou a sua vida inteira nesta certeza, até sentir-se crucificado com Cristo (cf v. 14), trazendo ‘no seu corpo’ os sinais de uma permuta existencial de participação no Mistério da Paixão de Cristo.

A conformidade com a Cruz marcou o seu próprio corpo, como testemunham ‘os estigmas’ dos sofrimentos provocados pelo seu ministério apaixonado”. (1)

Deste modo, para que vivamos o discipulado com fidelidade, precisamos ser gerados e alimentados pela Divina Fonte da Eucaristia, a fim de que sejamos “novas criaturas”, carregando com fidelidade nossa cruz, cotidianamente.

Na saudação final, invoca a “graça de Cristo” sobre a comunidade, pois esta é fundamental para que se viva a comunhão e a solidariedade na missão, e em todos os momentos, não obstante às dificuldades e incompreensões que tenhamos que suportar.

Oremos:
“Senhor Deus, que na vocação batismal nos chamais a estar plenamente disponíveis para o anúncio do Vosso Reino, concedei-nos a coragem apostólica e a liberdade evangélica, para que levemos a todos os ambientes da vida a Vossa Palavra de amor e de paz. Amém” (2)



(1)         Lecionário Comentado – Editora Paulus – Vol. I do Tempo Comum – p.669
(2)        Idem p.672







Alegria na missão (XIVDTCC)

                                                             

Alegria na missão

Reflexão à luz da passagem da Carta de Paulo aos Gálatas (Gl 6,14-18).

Como membros da Igreja, pelo Batismo, recebemos a graça de sermos sacerdotes, profetas e reis. De fato, pelo Batismo recebemos a graça de sermos Profetas do Reino. 

Só gerados e alimentados por essa fonte é que poderemos ser novas criaturas. No que diz respeito, Paulo declara que no centro da sua glória não está a observância rigorosa da Lei, mas Cristo Crucificado”. (1)

 “Não nos surpreende ouvir da boca do Mestre que a missão não é fruto de decisões ou de empenhos humanos. O primeiro responsável é o Pai, o dono da seara: a Ele cabe a salvação dos homens, é Ele que suscita os anunciadores do Reino.

Por isso o missionário é sereno e corajoso no anúncio, atua na confiança e na ausência total de seguranças ou de recursos materiais, não se deixa tentar pelo fascínio da imposição forçada, não impressiona o auditório com meios poderosos ou efeitos especiais, está consciente de que a fecundidade da missão está toda na força inerme da Palavra de que é arauto, uma Palavra capaz de curar e libertar todas as enfermidades”. (2)

A Deus, supliquemos graça para vivermos a nossa vocação batismal, plenamente disponíveis para o anúncio do Reino de Deus; com a imprescindível coragem apostólica e liberdade evangélica, iluminando todos os lugares em que vivamos, com a luz da Palavra de Amor e de paz, como alegres e convictos discípulos missionários do Senhor!


(1)  Lecionário Comentado - Volume I Tempo Comum - Editora Paulus - Lisboa - pág. 669.
(2)  Idem pág. 670.

Missão, uma resposta de amor ao Senhor (XIVDTCC)

                                                 

                      Missão, uma resposta de amor ao Senhor
 
Reflexão à luz da passagem do Evangelho de São Lucas (Lc 10,1-9), sobre o envio que Jesus faz aos Seus discípulos e as exigências da missão evangelizadora: é missão do discípulo ser portador da paz, da vida e da esperança de um mundo novo, como também foi a missão dos profetas, como vemos na passagem do Livro do Profeta Isaías (Is 66, 10-14c).
 
O Profeta, mesmo numa situação difícil, em que o Povo de Deus se encontrava (martirizado, sofrido e angustiado), tem palavras de confiança e esperança.
 
Apresenta a ação divina com imagens de fecundidade e vida: somente Deus pode oferecer ao Seu povo o “shalom”, ou seja, saúde, fecundidade, prosperidade, amizade com Ele e com os outros, a felicidade total.
 
O Profeta tem sempre uma palavra que convida à alegria. Deus age por meio dele. Também nós somos Profetas, a voz de Deus num mundo também marcado pelo sofrimento, angústia, dores, prantos e morte.
 
Ontem e hoje, vivendo a vocação profética, somos convidados a superar o medo e a angústia e sentir a presença e a força de Deus conosco, não nos curvando diante dos temores que nos paralisam.
 
Deste modo, compreendemos a mensagem do Evangelho: somos continuadores da missão de Jesus, e pelo Batismo, chamados a anunciar a alegria do Reino de Deus, não obstante as dificuldades que possam surgir. 
 
O comentário do Missal Dominical é enfático ao afirmar: “... Não há missão sem perseguição, sem sofrimento e sem Cruz.
 
A Cruz pelo Reino de Deus, aceita com amor, é o sinal da vitória sobre o mal e a morte...
 
O que o Senhor nos pede é a fidelidade a Ele, à Sua mensagem e ao Seu estilo de anúncio. Não nos garante o êxito” (pp. 1169-1170).
 
Jesus envia 72 discípulos, de dois em dois, pois a ação é comunitária, e apresenta a eles algumas exigências e advertências:
 
- Haverá dificuldades;
- Viverão a pobreza, confiando tão apenas na providência divina;
- Crerão na força libertadora da Palavra de Deus;
 
- Viverão a urgência da missão (não pode haver perda de tempo);
- Dedicarão totalmente à missão;
- Serão portadores da paz;
 
- Combaterão contra o mal que se contrapõe ao Reino de Deus;
- Exultarão de alegria por terem os nomes inscritos no céu, no Livro da Vida.
 
Urge que o discípulo missionário confie na Palavra e providência de Deus, com desprendimento, coragem, ousadia e paixão por Ele, carregando a cruz cotidiana. Somente Cristo interessa para nossa Salvação, de modo que nossa identificação com Ele se dará na intensidade que amarmos como Ele nos ama.
 
Neste sentido, Paulo, na passagem na Carta aos Gálatas, exorta a comunidade ao testemunho radical do Senhor, e como discípulos missionários, assumirmos nossa cruz, na qual devemos nos gloriar, para que nos tornemos novas criaturas e alcancemos a glória eterna (cf. Gl 6, 14-18).

 
Reflitamos:
 
- Qual é a nossa fidelidade à missão que Deus nos confia?
- Quanto nos empenhamos para que percebam em nós a alegria da chegada do Reino de Deus?
 
- Somos, de fato, prisioneiros do mais belo Amor, Jesus Cristo, marcados pelo sinal da Cruz, com expressão do amor radical, da liberdade, da vida, doação e serviço?
 
- Como viver mais intensamente a missão que Deus nos confia com plena doação, entrega e fidelidade?
 
Concluo com a afirmação do Papa São Paulo VI: “O homem contemporâneo escuta com melhor boa vontade as testemunhas do que os mestres, dizíamos ainda recentemente a um grupo de leigos, ou então se escuta os mestres, é porque eles são testemunhas”
 
Partícipes das Mesas Sagradas do Senhor, sejamos iluminados e fortalecidos por Sua Palavra, e revigorados pelo Pão da Imortalidade, para continuarmos com coragem, alegria e fidelidade a missão que Ele nos confia. Amém.


PS: Passagem proclamada na Festa de São Lucas Evangelista dia 18 de outubro.

Creio na Igreja santa, uma, católica e apostólica (XIVDTCC)

 


Creio na Igreja santa, uma, católica e apostólica

Sejamos enriquecidos pelo Tratado escrito por Tertuliano (séc. III), sobre a prescrição dos hereges:

“Cristo Jesus, nosso Senhor, durante a sua vida terrena, por Si mesmo ensinava em toda parte quem Ele era, o que tinha sido eternamente, qual era o desígnio do Pai que Ele realizava no mundo, qual deve ser a conduta do homem para que seja conforme a este mesmo desígnio; e algumas vezes o ensinava abertamente ao povo, outras à parte aos seus discípulos, principalmente aos doze que tinha escolhido para que estivessem junto d’Ele, e aqueles que tinha destinado como mestre das nações.

E assim, depois da apostasia de um deles, quando estava para voltar ao Pai, apos sua ressurreição, ordenou aos outros onze que fossem pelo mundo para ensinar aos homens e batizá-los em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

Os apóstolos – palavra que significa ‘enviado’ -, depois de terem escolhido Matias lançando as sortes, para substituir a Judas e assim completar o número doze – apoiados para isto na autoridade de uma profecia contida em um salmo de Davi -, e depois de terem obtido a força do Espírito Santo para falar e realizar milagres, como o havia prometido o Senhor, primeiramente na Judeia deram testemunho da fé em Jesus Cristo e ali instituíram Igrejas, depois foram pelo mundo para proclamar às nações os mesmos ensinamentos e a mesma fé.

De maneira semelhante continuaram fundando Igrejas em cada povoação, de forma que as demais Igrejas fundadas posteriormente, para serem verdadeiras Igrejas, tomaram e seguem tomando daquelas primeiras Igrejas o rebento de sua fé e a semente de sua doutrina. Por isto também aquelas Igrejas são consideradas apostólicas, enquanto descendentes das Igrejas apostólicas.

É norma geral que todo objeto deve ser referido a sua origem. E, por isto, toda a multidão de Igrejas são uma com aquela primeira Igreja fundada pelos apóstolos, da qual procedem todas as outras.

Neste sentido são todas primeiras e todas apostólicas, enquanto que todas juntas formam uma só.

Desta unidade são prova a comunhão e a paz que reinam entre elas, assim como a sua mútua fraternidade e hospitalidade. Tudo o qual não tem outra razão de ser que sua unidade em uma mesma tradição apostólica.

A única maneira segura de saber o que foi pregado pelos apóstolos, ou seja, o que Cristo lhes revelou, é o recurso às Igrejas fundadas pelos próprios apóstolos, aquelas que ensinaram de viva voz e, mais tarde, por carta.

O Senhor tinha dito em certa ocasião: Muitas coisas me restam por dizer-vos, porém não podeis suportá-las agora; mas acrescentou em seguida: quando vier o Espírito da verdade, Ele vos guiará até a verdade plena.

Com estas palavras demostrava que nada lhes era oculto, já que lhes prometia que o Espírito da verdade lhes daria o conhecimento da verdade plena. E cumpriu esta promessa, já sabemos pelos Atos dos Apóstolos que o Espírito Santo realmente desceu sobre eles.” (1)

Tertuliano nos fala do início das primeiras comunidades em sua solidificação como Igreja apostólica, fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo.

Continuamos hoje esta missão como Igreja que somos, na promoção e fortalecimento da comunhão fraterna, na alegre acolhida e hospitalidade, como ficou marcado o pontificado do Papa Francisco (2013-2025).

Roguemos a Deus para que o Papa Leão XIV, na condução da Igreja, tenha a sabedoria e as luzes do Espírito para nos confirmar na unidade e na tradição apostólica.

Professemos nossa fé:

“Creio em Deus Pai todo-poderoso... creio na Santa Igreja Católica...”

(1) Lecionário Patrístico Dominical – Editora Vozes – 2013 – pág. 673-674

Em poucas palavras (XIVDTCC)

 


“Os caminhos da missão”

“Os caminhos da missão. «O protagonista de toda a missão eclesial é o Espírito Santo» (São João Paulo II). É Ele que conduz a Igreja pelos caminhos da missão. E esta «continua e prolonga, no decorrer da história, a missão do próprio Cristo, que foi enviado para anunciar a Boa-Nova aos pobres.

É, portanto, pelo mesmo caminho seguido por Cristo que, sob o impulso do Espírito Santo, a Igreja deve seguir, ou seja, pelo caminho da pobreza, da obediência, do serviço e da imolação de si mesma até à morte – morte da qual Ele saiu vitorioso pela ressurreição» (Vaticano II – Ad Gentes). É assim que «o sangue dos mártires se torna semente de cristãos» (Tertuliano).”(1)

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 852

Nem sábios, nem ricos, nem poderosos... (XIVDTCC)

                                                                   

Nem sábios, nem ricos, nem poderosos...

“Pois a loucura de Deus é mais sábia do que os homens,
e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens.”
(1Cor 1,25)

Voltemo-nos para o Sermão do Bispo e Doutor da Igreja Santo Agostinho (séc. V), em que reflete sobre a escolha que Jesus Cristo fez, chamando para ser Apóstolos alguns pescadores.

Estando o bem-aventurado Pedro com outros dois discípulos de Cristo Senhor, Tiago e João, na montanha com o próprio Senhor, ouviu uma voz vinda do céu: ‘Este é o meu Filho amado, meu predileto, escutai-O’.

Recordando este episódio, o mencionado Apóstolo escreve em sua carta: ‘Esta voz trazida do céu nós a ouvimos estando com ele na montanha sagrada’. E em seguida continua dizendo: Isto nos assevera a palavra dos Profetas’. Se ouviu aquela voz do céu, e se garantiu a palavra dos Profetas’.

Este Pedro, que assim fala, foi pescador: e na atualidade é um inestimável sinal de glória para um orador ser capaz de compreender ao pescador. Esta é a razão pela qual o Apóstolo Paulo, falando dos primeiros cristãos, lhes dizia: ‘Atenham-vos, irmãos, em vossa assembleia: não há nela muitos sábios, segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos aristocratas; pelo contrário: Deus o escolheu o néscio do mundo para humilhar aos sábios; Deus escolheu o fraco do mundo para humilhar ao forte. Ainda mais: tem escolhido o vil e desprezível, aquilo que não conta, para anular ao que conta’.

Se para dar início à Sua obra Cristo tivesse escolhido um orador, o orador teria dito: ‘Fui escolhido em consideração a minha eloquência’. Se tivesse escolhido um senador, o senador teria dito: ‘Fui escolhido em atenção a minha dignidade’. Finalmente, se tivesse primeiramente escolhido a um imperador, o imperador teria dito: ‘Fui escolhido em consideração ao meu poder’.

Que esses tais descansem e aguardem ainda um pouco. Descansem um pouco: não se prescinda deles nem sejam desprezados; sejam somente diferidos aqueles que podem gloriar-se de si mesmos e em si mesmos.

Dá-me, diz, esse pescador, dá-me esse ignorante e ao analfabeto, dá-me a esse com quem o senador não se digna falar, nem sequer quando lhe compra um peixe: dá-me esse. E quando lhe tenha cumulado de meus dons, ficará manifesto que sou em quem atuo.

Ainda que seja verdade que me proponho a fazer o mesmo com o senador, o orador e o imperador: quando chegar o momento também farei com o senador, mas com um pescador a minha ação é mais evidente.

O senador pode gloriar-se de si mesmo, o orador também e o imperador: porém o pescador somente pode gloriar-se em Cristo.

Que venha, que venha primeiro o pescador a ensinar a humildade que salva; através dele o imperador será mais facilmente conduzido a Cristo.

Lembrai-vos, portanto, do pescador santo, justo, bom, pleno de Cristo, em cujas redes, lançadas por todo o mundo havia de ser pescado, junto com os outros, este povo africano; lembrai-vos, portanto, que ele tinha dito: ‘Isto nos assevera a palavra do Profeta’”. (1)

Deus verdadeiramente subverte qualquer lógica humana, chamando humildes pescadores e a eles confiando a missão de ser apóstolos: nem sábios, nem ricos; homens rudes e simples deram início à pregação, e semearam pelo mundo todo a Palavra que ouviram.

Regaram a Palavra com a vida e o sangue derramado, frutificando e multiplicando novos discípulos a partir do chamado, da convivência com Jesus, passando pelo Mistério da Paixão e Morte, e testemunhando a glória da Ressurreição.

Pescadores simples puderam chegar ao coração de sábios e ricos, apenas confiando, anunciando e testemunhando Aquele que mudou suas vidas: Jesus Cristo.

Como bem expressou o Bispo, não tinham a eloquência dos oradores, a dignidade dos senadores e tão pouco o poder dos imperadores, mas tinham humildade, confiança, disponibilidade, coragem, ardor e, sobretudo confiança na Palavra do Mestre e Senhor.

Creram e testemunharam Aquele que depois permaneceu vivo e Ressuscitado no Banquete da Eucaristia, cuja Palavra faz arder o coração, e o Pão partilhado faz abrir os olhos para o reconhecimento de Sua Divina presença, como o fez ao se manifestar aos discípulos de Emaús, e cada vez que nos reunimos para o Banquete Celestial.

Agora é o tempo favorável de nossa missão, com a força e a presença do Espírito Santo, continuar a missão de Jesus Cristo, a nós confiada, participando humildemente da construção do Reino de Deus.


(1) Lecionário Patrístico Dominical – Editora Vozes - 2013 – pp.631-632

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG