quarta-feira, 14 de maio de 2025

“Habemus Papam” – Aleluia! Aleluia!

 


“Habemus Papam” – Aleluia! Aleluia!
 
“Querendo, pois entregar as ovelhas,
mas não como se confiasse a outro,
que lhe diz antes? Pedro, tu me amas?
Respondeu ele: Eu te amo.
De novo: Tu me amas? E respondeu: Amo.
Pela terceira vez: Tu me amas? E respondeu: Amo.
Confirma a caridade para consolidar a unidade.
É ele, portanto, que apascenta;
Um só neles e eles no Único”.(1)
 
 
Aqueles dias ficaram como que acinzentados;
Um sentimento de orfandade pairou no ar,
Adentrara na glória dos céus o sucessor de Pedro.
 
Ficaram suas palavras, gestos, mensagens, exortações:
Sinodalidade, Ecologia Integral, amor que acolhe;
Pobreza, compaixão, proximidade e solidariedade...
 
Um pontificado que nos exortou à santidade,
Na alegria do Evangelho vivido e anunciado,
Mais que uma vez, vimos testemunhado.
 
Depois vieram os dias da vigilância pelo Conclave:
Sua preparação, orações aos céus elevadas,
Invocação da assistência do Espírito necessária.
 
Conclave iniciado, os olhares do mundo
Para uma simples chaminé fixados.
Ansiedade pela fumaça branca a subir aos céus.
 
Precedida por duas fumaças pretas,
Ansiedade no coração aumentada.
Oito de maio, finalmente: fumaça branca.
 
Pouco tempo depois, na sacada, o anúncio:
“Habemus Papam” – não mais orfandade.
Em seguida, na janela, ele se apresenta.
 
Leão XIV. Gestos comedidos são vistos.
Sorriso tímido que rompe nosso medo.
Sua eleição, uma imensa surpresa.
 
Lágrimas contidas, no olhar percebidas.
Mensagem de paz, comunhão, sinodalidade,
Memória do antecessor, expressão de amizade.
 
Confirmada  a caridade para consolidar a unidade!
 
Ontem Pedro, hoje Papa Leão XIV,
mais que acolhida, orações multiplicadas,
De modo especial, em cada Eucaristia celebrada.
 
 
(1) Sermão de Santo Agostinho (séc. V), sobre a passagem do Evangelho de São João (Jo 21,15-17).

Rezando com os Salmos - Sl 43 (44)

 


Entre sombras e luzes, nossa confiança está no Senhor

“-I Ao maestro do coro. Poema dos filhos de Coré.
–2 Ó Deus, nossos ouvidos escutaram,
e contaram para nós, os nossos pais,
 – as obras que operastes em seus dias,
em seus dias e nos tempos de outrora:

 =3 Expulsastes as nações com Vossa mão,
e plantastes nossos pais em seu lugar;
para aumentá-los, abatestes outros povos.
 –4 Não conquistaram essa terra pela espada,
nem foi seu braço que lhes deu a salvação;

 – foi, porém, a Vossa mão e vosso braço
e o esplendor de Vossa face e o vosso amor.
 –5 Sois Vós, o meu Senhor e o meu Rei,
que destes as vitórias a Jacó;
–6 com Vossa ajuda é que vencemos o inimigo,
por Vosso nome é que pisamos o agressor.

 –7 Eu não pus a confiança no meu arco,
a minha espada não me pôde libertar;
–8 mas fostes Vós que nos livrastes do inimigo,
e cobristes de vergonha o opressor.
 –9 Em Vós, ó Deus, nos gloriamos todo dia,
celebrando o Vosso nome sem cessar.

 –10 Porém, agora nos deixastes e humilhastes,
já não saís com nossas tropas para a guerra!
 –11 Vós nos fizestes recuar ante o inimigo,
os adversários nos pilharam à vontade.

 –12 Como ovelhas nos levastes para o corte,
e no meio das nações nos dispersastes.
–13 Vendestes vosso povo a preço baixo,
e não lucrastes muita coisa com a venda!

 –14 De nós fizestes o escárnio dos vizinhos,
zombaria e gozação dos que nos cercam;
–15 para os pagãos somos motivo de anedotas,
zombam de nós a sacudir sua cabeça.

 –16 À minha frente trago sempre esta desonra,
e a vergonha se espalha no meu rosto,
 –17 ante os gritos de insultos e blasfêmias
do inimigo sequioso de vingança.

–18 E tudo isso, sem Vos termos esquecido
e sem termos violado a Aliança;
–19 sem que o nosso coração voltasse atrás,
nem se afastassem nossos pés de Vossa estrada!
 –20 Mas à cova dos chacais nos entregastes
e com trevas pavorosas nos cobristes!

 –21 Se tivéssemos esquecido o nosso Deus
e estendido nossas mãos a um Deus estranho,
 –22 Deus não teria, por acaso, percebido,
ele que vê o interior dos corações?
 –23 Por Vossa causa nos massacram cada dia
e nos levam como ovelha ao matadouro!

 –24 Levantai-vos, ó Senhor, por que dormis?
Despertai! Não nos deixeis eternamente!
 –25 Por que nos escondeis a Vossa face
e esqueceis nossa opressão, nossa miséria?

 –26 Pois arrasada até o pó está noss’alma
e ao chão está colado o nosso ventre.
– Levantai-Vos, vinde logo em nosso auxílio,
libertai-nos pela Vossa compaixão!”

O Salmo 43(44) retrata as calamidades do povo, acompanhado por uma súplica confiante do salmista a Deus:

“Sem ter violado os compromissos da Aliança, o povo é oprimido pelos inimigos. O salmista descreve a desventura do povo e busca conforto na lembrança dos tempos felizes em que Deus comandava seu povo nas batalhas.” (1)

Cada tempo suas calamidades e seus desafios. No entanto, urge firmar nossos passos, escrevendo páginas de acrisolamento, amadurecimento, aperfeiçoamento.

Vivamos o Mistério da Paixão e Morte do Senhor, para com Ele Ressuscitar, e com Ele, sermos mais que vencedores:

– “Mas em todas estas coisas somos mais que vencedores por Aquele que nos amou. Pois estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus” (Rm 8,37-39).

 

(1) Comentário da Bíblia Edições CNBB – pág.  762-763

Rezando com os Salmos - Sl 42(43)

 


Da angústia à alegria com inabalável confiança em Deus 

“–1 Fazei justiça, meu Deus, e defendei-me
contra a gente impiedosa;
– do homem perverso e mentiroso
libertai-me, ó Senhor!

–2 Sois Vós o meu Deus e meu refúgio:
por que me afastais?
– Por que ando tão triste e abatido
pela opressão do inimigo?

–3 Enviai vossa luz, vossa verdade:
elas serão o meu guia;
– que me levem ao Vosso Monte santo,
até a Vossa morada!

–4 Então irei aos altares do Senhor,
Deus da minha alegria.
– Vosso louvor cantarei, ao som da harpa,
meu Senhor e meu Deus!

–5 Por que te entristeces, ó minh'alma,
a gemer no meu peito?
– Espera em Deus! Louvarei novamente
o meu Deus Salvador!”

O Salmo 42(43), continuação do anterior, reflete a saudade do templo e a expressão de uma angústia confiante de restauração da alegria, com viva esperança no Senhor, em que “...o levita pede a Deus, justo juiz, que seja reconhecido inocente e assim possa percorrer o caminho de volta ao santuário, onde dará graças a Deus.”(1).

Essa oração reflete a experiência de quem busca no Senhor a verdadeira luz e refúgio, enquanto enfrenta as trevas da opressão e da solidão, e deste modo, como discípulos missionários do Senhor, em todo tempo, favorável ou adverso, é preciso perseverança e confiança no Senhor, e dar testemunho de esperança, de tal modo que irradie a luz do Espírito que em nós habita, pela graça batismal recebida.

De fato, o próprio Senhor nos disse que somos a luz do mundo (Mt 5,14), e “Eu Sou a luz do mundo, quem me segue, não anda nas trevas mas terá a luz da vida” (Jo 8,12); e no mesmo Evangelho: “Enquanto estou no mundo Eu sou a luz.” (Jo 9, 5); e finalmente afirmou – “Eu vim ao mundo como luz, para que too aquele que crê em mim não permaneça nas trevas.” (Jo 12,46).

Firmemos nossos passos sem jamais perder a alegria de anunciar e testemunhar nossa fé. Seja nossa angústia transformada em alegria, com inabalável confiança em Deus. Amém.

 

(1) Comentário da Bíblia Edições CNBB – pág. 762

Rezando com os Salmos - Sl 41 (42)

 


Sede de Deus, saudade do templo

 “–1  Ao maestro do coro. Poema. Dos filhos de Coré.

–2 Assim como a corça suspira
pelas águas correntes,
– suspira igualmente minh'alma
por vós, ó meu Deus!

–3 Minha alma tem sede de Deus,
e deseja o Deus vivo.
– Quando terei a alegria de ver
a face de Deus?

–4 O meu pranto é o meu alimento
de dia e de noite,
– enquanto insistentes repetem:
'Onde está o teu Deus?'

–5 Recordo saudoso o tempo
em que ia com o povo.
– Peregrino e feliz caminhando
para a casa de Deus,
– entre gritos, louvor e alegria
da multidão jubilosa.

–6 Por que te entristeces, minh'alma,
a gemer no meu peito?
– Espera em Deus! Louvarei novamente
o meu Deus Salvador!

–7 Minh'alma está agora abatida,
e então penso em vós,
– do Jordão e das terras do Hermon
e do monte Misar.

–8 Como o abismo atrai outro abismo,
ao fragor das cascatas,
– vossas ondas e vossas torrentes
sobre mim se lançaram.

–9 Que o Senhor me conceda de dia
sua graça benigna
– e de noite, cantando, eu bendigo
ao meu Deus, minha vida.

–10 Digo a Deus: 'Vós que sois meu amparo,
por que me esqueceis?
– Por que ando tão triste e abatido
pela opressão do inimigo?'

–11 Os meus ossos se quebram de dor,
ao insultar-me o inimigo;
– ao dizer cada dia de novo:
'Onde está o teu Deus?'

–12 Por que te entristeces, minh'alma,
a gemer no meu peito?
– Espera em Deus! Louvarei novamente
o meu Deus Salvador!”

Com o Salmo 41(42), o salmista expressa a sede de Deus que tem a sua alma, acompanhada da saudade do templo:

“Forçado a viver longe do Templo, onde era feliz na presença de Deus, um levita exprime seu ardente desejo e sua esperança segura de um dia voltar; enquanto isso, seu consolo é a recordação das belas liturgias.” (1)

Seja também nossa alma sedenta de Deus, que sacia nossa sede, como tão bem expressa a passagem do Livro do Apocalipse – “O Espírito e a Esposa dizem: ‘Vem’! E quem ouve também diga: ‘Vem’! Quem tem sede, venha, e quem quiser, receba gratuitamente a água da vida.” (Ap 22,17).

Retomemos as palavras de Santo Anselmo, bispo (séc. XII)

“Ensinai-me a Vos procurar e mostrai-Vos quando Vos procuro; não posso procurar-Vos se não me ensinais  nem encontrar-Vos se não Vos mostrais. Que desejando eu Vos procure, procurando Vos deseje, amando Vos encontre, e encontrando Vos ame”. Amém.

(1) Comentário da Bíblia Edições CNBB – pág. 761

 

Não quero a desventura...

                                                 

Não quero a desventura...

Felizes os íntegros em seu caminho,
os que andam conforme a Lei do Senhor!
Felizes os que guardam Seus testemunhos,
procurando-O de todo o coração,
e que, sem praticar a iniquidade,
andam em Seus caminhos!” 
Sl 119,1-3
Não quero a desventura de quem nada crê.
Jamais o infortúnio que roube a graça de viver.

Não andarei sob o jugo do medo,
Mas procurarei quem me ajude a enfrentá-lo.

Não sucumbirei com os que se curvam diante do mal,
Mas me revigorarei com os que se empenham pelo bem.

Não vou somar com quem nada espera,
Mas sonhar com os que sabem esperançar.

Não serei aprendiz de verbos que roubem a beleza da vida,
Mas, com o Divino Mestre, verbos salutares reaprender a conjugar.

Não farei crescer a fila dos que se entregam a mediocridade,
Mas, com pessoas de boa vontade, construir laços de fraternidade.

Não quero a desventura dos que se entregam aos pesadelos.
Jamais o infortúnio que roube a beleza e a força dos belos sonhos.

Quero firmar os passos nos caminhos do Senhor,
Com o Santo Espírito, os preceitos divinos viver. 

Continuarei, com fé, peregrinando na esperança,
de um novo céu e uma nova terra (Ap 21,1). Amém. 


“O coro dos Apóstolos Vos louva, Senhor!”

                                                        

O coro dos Apóstolos Vos louva, Senhor!”

Quando a Igreja celebra a Festa de um Apóstolo, nas Laudes, são feitas orações a partir da herança celeste recebida dos Apóstolos, acompanhada de agradecimento a Deus por todos os dons que Ele nos concede.

Deste modo, em seguida, são feitas quatro aclamações acompanhadas do refrão: O coro dos Apóstolos Vos louva, Senhor!”

A primeira aclamação, ou seja, o primeiro louvor ao Senhor: pela Mesa do Seu Corpo e Sangue, que recebemos por intermédio dos Apóstolos, somos alimentados e vivemos. 

O segundo louvor ao Senhor, devido ao fato de que, pela Mesa de Sua Palavra, preparada para nós pelos apóstolos, recebemos luz e alegria. 

O terceiro motivo de louvor ao Senhor é que, por Sua Igreja edificada sobre o fundamento dos Apóstolos, formamos um só Corpo. 

O último louvor ao Senhor é feito pelos Sacramentos do Batismo e da Penitência
 confiados aos Apóstolos, pelos quais somos lavados de todo o pecado. 

Assim, contemplamos o imensurável amor de Deus à luz destas orações:

- somos alimentados e vivemos do Pão da Eucaristia;
- recebemos luz e alegria divinas;
- como Igreja, formamos um só Corpo;
- pelos Sacramentos do Batismo e Penitência, somos lavados de todo o pecado.

Unamo-nos ao coro dos Apóstolos e louvemos ao Senhor, que faz sempre maravilhas em nosso favor em todo o tempo: ontem, hoje e sempre.

Peregrinos de esperança, revigoremos nossas forças para continuar nosso discipulado, fiéis aos ensinamentos dos Apóstolos, em total fidelidade ao Senhor, que nos chama e nos envia em missão; alimenta-nos com o Seu Corpo e Sangue, acompanha-nos e nos fortalece com O Seu Espírito, para que nos empenhemos, a cada dia, com a Boa- Nova do Reino de Deus.

Por onde navegaremos?

                                                   

Por onde navegaremos?

Em todo o tempo, muitos são os desafios da evangelização para permanecermos na cidade e manifestarmos a vida nova do Ressuscitado.

Revestidos das coisas do alto, todos somos chamados a anunciar a todos os povos e em todos os tempos o Reino de Deus, na certeza de que Ele está em  Espírito.

O que prometera, cumpriu:
Eis que Eu estarei convosco todos os dias...” (Mt 28,20).

É tempo de navegarmos!
Permanecer na cidade sem medo de navegar.

Navegar?
Sim, navegar na cidade.
Mas, por onde navegaremos?

Não parece o termo sem propósito e alheio à realidade de nossa cidade, marcada apenas por ruas, rodovias, alamedas, praças e avenidas? 

Houve um tempo em que navegar era cortar mares e rios, descobrir novos espaços, novas conquistas, novas culturas e abertura para novos relacionamentos, às vezes terminando em forte colonização e exploração. 

Havia um novo mundo a descobrir, alargar espaços, riquezas buscar, povos conquistar, poder e domínio consolidar...

Há agora outro conteúdo para a palavra navegar, e que está intensamente incorporado em nosso dia a dia:

A navegação pela rede, pela internet...

Comunicação instantânea, encurtando distâncias, possibilitando acessos infinitos de informações.

O mundo agigantou-se de tal modo que não temos a exata noção.

Podemos falar com o mundo inteiro em questão de segundos, o que até bem pouco tempo era inconcebível...

É preciso navegar, aliás, o poeta Fernando Pessoa já o disse: “Navegar é preciso!”, mas, na verdadereporta ao General romano Pompeu (séc. I a.C.).

 

Este conceito nos remete às palavras do Bispo e doutor da Igreja - Santo Hilário - (séc. IV): “Desfraldando as velas da nossa fé e do nosso testemunho, vinde enchê-las com o sopro do Vosso Espírito e orientai-nos pelo caminho da pregação que iniciamos”.

Numa palavra, navegar é evangelizar; anunciar e testemunhar a Boa Nova do Evangelho, que consiste, essencialmente, no mandamento do amor a Deus e ao próximo, testemunhando a nossa fé e dando ao mundo a razão de nossa esperança.

É tempo de navegar, é tempo de evangelizar! 

Permanecer na cidade não será imobilismo, recuos, mesmice, pois nunca houve lugar para isto na evangelização.

Navegar é preciso! Os clamores cotidianos movem a barca da Igreja com a fé n'Ele, que na barca da Igreja se encontra -"Coragem, não tenhais medo" (cf. Mt 14,22-33).

As velas de nossa fé são movidas com o sopro do Espírito, para que continuemos a aprofundar a necessária acolhida; conversão em todos os níveis; catequese permanente e envolvente; santificação e solidificação da família; fortalecimento da opção preferencial pelos pobres e todo esforço de penetrar em todos os espaços e chegar a todas as pessoas, através dos, mais diversos e necessários, meios de comunicação social.

Urge navegarmos no oceano da gratuidade, compaixão, proximidade, solidariedade, fraternidade...

Por onde navegar?! 
Já sabemos. 
Como o faremos?

Não existem receitas e respostas prontas, mas temos a certeza de que o sopro do Espírito nos acompanhará, levando a “barca da Igreja” por mares que urge serem navegados.

“Vinde Espírito Santo, enchei o coração dos Vossos fiéis...”

São Matias, testemunha qualificada da Ressurreição do Senhor

                                                                         

São Matias, testemunha qualificada da Ressurreição do Senhor

No dia 14 de maio, celebraremos a Festa do Apóstolo São Matias, que foi escolhido para o lugar de Judas Iscariotes, sejamos enriquecidos pela Homilia escrita pelo Bispo São João Crisóstomo (séc. IV), sobre os Atos dos Apóstolos.

Naqueles dias, Pedro levantou-se no meio dos irmãos e disse (At 1,15). Pedro, a quem Cristo tinha confiado o rebanho, movido pelo fervor do seu zelo e porque era o primeiro do grupo apostólico, foi o primeiro a tomar a palavra: Irmãos, é preciso escolher dentre nós (cf. At 1,22). Ouve a opinião de todos, a fim de que o escolhido seja bem aceito, evitando a inveja que poderia surgir. Pois, estas coisas, com frequência, são origem de grandes males. 

Mas Pedro não tinha autoridade para escolher por si só? É claro que tinha. Mas absteve-se, para não demonstrar favoritismo. Além disso, ainda não tinha recebido o Espírito Santo. Então eles apresentaram dois homens: José, chamado Barsabás, que tinha o apelido de Justo, e Matias (At 1,23). Não foi Pedro que os apresentou, mas todos.

O que ele fez foi aconselhar esta eleição, mostrando que a iniciativa não era sua, mas fora anteriormente anunciada pela profecia. Sua intervenção nesse caso foi interpretar a profecia e não impor um preceito.

E continua: É preciso dentre os homens que nos acompanharam (cf. At 1,21-22). Repara como se empenha em que tenham sido testemunhas oculares; embora o Espírito Santo devesse ainda vir sobre eles, dá a isso grande importância.

Dentre os homens que nos acompanharam durante todo o tempo em que o Senhor Jesus vivia no meio de nós, a começar pelo batismo de João (At 1,21-22). Refere-se àqueles que conviveram com Jesus, e não aos que eram apenas discípulos. De fato, eram muitos os que o seguiam desde o princípio.

Vê como diz o Evangelho: Era um dos dois que ouviram as palavras de João e seguiram Jesus (Jo 1,40). 

Durante todo o tempo em que o Senhor Jesus vivia no meio de nós, a começar pelo Batismo de João. Com razão assinala este ponto de partida, já que ninguém conhecia por experiência o que antes se passara, mas foram ensinados pelo Espírito Santo. 

Até ao dia em que foi elevado ao céu. Agora, é preciso que um deles se junte a nós para ser testemunha da Sua ressurreição (At 1,22). Não disse: ‘testemunha de tudo o mais’, porém, testemunha de Sua Ressurreição.

Na verdade, seria mais digno de fé quem pudesse testemunhar: ‘Aquele que vimos comer e beber e que foi crucificado, foi esse que ressuscitou’. Não interessava ser testemunha do tempo anterior nem do seguinte nem dos milagres, mas simplesmente da Ressurreição. 
Porque todos os outros fatos eram manifestos e públicos; só a Ressurreição tinha acontecido secretamente e só eles a conheciam.

E rezaram juntos, dizendo: Senhor, Tu conheces o coração de todos. Mostra-nos (At 1,24). Tu, nós não. Com acerto O invocam como Aquele que conhece os corações, pois a eleição deveria ser feita por Ele e não por mais ninguém. Assim falavam com toda a confiança, porque a eleição era absolutamente necessária. Não disseram: ‘Escolhe’, mas: Mostra-nos quem escolheste (At 1,24). Bem sabiam que tudo está predestinado por Deus. 

Então tiraram a sorte entre os dois (At 1,26). Ainda não se julgavam dignos de fazer por si mesmos a eleição; por isso, desejaram ser esclarecidos por algum sinal”. (1)

Renovemos, portanto, nesta Festa, a alegria de também termos sido chamados para o seguimento do Senhor, como discípulos missionários, e assim contados entre os eleitos.

Agradeçamos a Deus por esta graça a nós confiada de proclamar Sua Palavra e realizar, com a presença e ação do Espírito, os sinais que Jesus realizou entre nós como vemos na passagem do Evangelho de Marcos (Mc 16,15-20).

Oremos:

“Ó Deus, que associastes São Matias ao colégio dos apóstolos, concedei-nos, por sua intercessão, que na alegria de sermos agraciados por Vosso amor, mereçamos ser contados entre os eleitos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina, una unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. Amém.”

(1) Liturgia das Horas - volume II - Quaresma/Páscoa - pág. 1579-1580

Como os Discípulos de Emaús, suplicamos: “Fica conosco, Senhor”

                                                          

Como os Discípulos de Emaús, suplicamos:
“Fica conosco, Senhor”

Recordemos as palavras do Papa Bento XVI, quando da Realização da V Conferência Geral Latino América e do Caribe (2007).

Façamos nossa a súplica dos Discípulos de Emaús: ‘Fica conosco, Senhor’ - "Fica conosco, pois a noite vai caindo e o dia está no ocaso" (Lc 24, 29).

“Fica conosco, Senhor, acompanha-nos mesmo se nem sempre te soubemos reconhecer. Fica conosco, porque se vão tornando mais densas à nossa volta as sombras, e Tu és a Luz; em nossos corações insinua-se o desespero, e Tu os fazes arder com a esperança da Páscoa.

Estamos cansados do caminho, mas Tu nos confortas na Fração do Pão para anunciar a nossos irmãos que na verdade Tu ressuscitaste e que nos deste a missão de ser testemunhas da Tua Ressurreição.

Fica conosco, Senhor, quando à volta da nossa fé católica surgem as nuvens da dúvida, do cansaço ou da dificuldade: Tu, que és a própria Verdade como revelador do Pai, ilumina as nossas mentes com a Tua Palavra; ajuda-nos a sentir a beleza de crer em Ti.

Fica nas nossas famílias, ilumina-as nas suas dúvidas, ampara-as nas suas dificuldades, conforta-as nos seus sofrimentos e na fadiga cotidiana, quando à sua volta se adensam sombras que ameaçam a sua unidade e a sua natureza.

Tu que és a Vida, permanece nos nossos lares, para que continuem a ser berços onde nasce a vida humana abundante e generosamente, onde se acolhe, se ama, se respeite a vida desde a sua concepção até ao seu fim natural.

Permanece, Senhor, com os que nas nossas sociedades são mais vulneráveis; permanece com os pobres e humildes, com os indígenas e afro-americanos, que nem sempre encontraram espaços e apoio para expressar a riqueza da sua cultura e a sabedoria da sua identidade.

Permanece, Senhor, com as nossas crianças e com os nossos jovens, que são a esperança e a riqueza do nosso Continente, protege-os das tantas insídias que atentam contra a sua inocência e contra as suas legítimas esperanças.

Óh Bom Pastor, permanece com os nossos idosos e com os nossos enfermos! Fortalece todos na sua fé para que sejam Teus discípulos e missionários!”

“Nunc Dimittis”

 


“Nunc Dimittis”

A Igreja reza à noite, todos os dias, a Oração das Completas, e nela está contido o “Nunc Dimittis” - "agora deixe partir",  rezado por Simeão, homem justo e piedoso, quando da apresentação do Senhor no Templo (Lc 2,29-32).

Cristo, Luz das nações e glória de Seu povo, é um cântico evangélico que pode também ser rezado por quantos puderem nas orações da noite, ao terminar um dia de intensas atividades, preocupações e eventual cansaço, para um bom descanso e um novo dia bem iniciado:

“Antífona: Salvai-nos, Senhor, quando velamos, guardai-nos também quando dormimos! Nossa mente vigie com o Cristo, nosso corpo repouse em Sua paz!

“–29 Deixai, agora, Vosso servo ir em paz,
conforme prometestes, ó Senhor.

30 Pois meus olhos viram Vossa salvação
31 que preparastes ante a face das nações:

32 uma Luz que brilhará para os gentios
e para a glória de Israel, o Vosso povo.”

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. 
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Antífona: Salvai-nos, Senhor, quando velamos, guardai-nos também quando dormimos! Nossa mente vigie com o Cristo, nosso corpo repouse em Sua paz!

 

 

Oração a Nossa Senhora da Alegria Pascal

                                                               

Oração a Nossa Senhora da Alegria Pascal

Ó Mãe da Alegria Pascal, corajosamente,
Soubestes viver os Mistérios da Paixão,
E alcançastes a glória da Ressurreição.
Fostes Assunta ao céu e estais junto de vosso Filho,
Coroada, porque sois Rainha do mundo.

Peço vossa intercessão, junto a Deus, por todos nós,
De modo especial pelas nossas famílias.

Que Ele nos livre de toda adversidade e de todo mal:
Doenças, desemprego, perigos de tantos nomes,
Desunião, pela falta do diálogo e compreensão.

Ajudai-nos a sermos bons seguidores do vosso adorado Filho,
Lendo e refletindo a Palavra Sagrada,
D’Ele nos alimentando na Eucaristia,
E participando ativamente de nossa comunidade,
Procurando fazer tudo o que Ele nos diz.

De modo especial, amarmos como Ele nos amou,
Orientando a nossa vida pela justiça e verdade
Participando da construção da paz e da fraternidade.
Amém!

“Vinde desfraldar as velas da nossa fé”

                                                                 

“Vinde desfraldar as velas da nossa fé”

Senhor, Vós que nos prometestes: “Pedi e vos será dado! Procurai e achareis! Batei e a porta vos será aberta! (Mt 7,7), recorremos com toda a confiança, ainda que sem méritos.

Suplicamos o auxílio de Vossa misericórdia: vinde desfraldar as velas da nossa fé e do nosso testemunho, para que jamais esmoreçamos no árduo caminho a ser trilhado.

Suplicamos que venhais enchê-las com o sopro do Vosso Espírito, dando-nos vida, ardor, coragem, zelo na missão que nos confiastes, como Vossos discípulos missionários.

Suplicamos que venhais enchê-las com o sopro do Vosso Espírito, com os dons necessários: sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza, ciência, temor e piedade.

Suplicamos que venhais enchê-las com o sopro do Vosso Espírito, orientando-nos no caminho da proclamação de Vossa Palavra, num mundo sedento de amor, justiça e paz. Amém.



PS: Inspirado no “Tratado sobre a Santíssima Trindade”, do Bispo Santo Hilário (séc. IV).

Em poucas palavras...

 


A ação da Trindade Santa 

“Todas as coisas são ordenadas segundo suas capacidades e méritos: um só é o Poder, do qual tudo procede; um só é o Filho, por quem tudo começa; e um só é o Dom, que é penhor da esperança perfeita. Nada falta a tão grande perfeição. 

Tudo é perfeitíssimo na Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo: a infinidade no Eterno, o esplendor na Imagem, a atividade no Dom. Escutemos o que diz a palavra do Senhor sobre a ação do Espírito em nós...”. (1)

 

 

(1)Bispo Santo Hilário (Séc. IV)

 

 

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