quinta-feira, 31 de agosto de 2023

Em poucas palavras...

 


“Jesus impõe aos seus discípulos...”

“Jesus impõe aos seus discípulos que O prefiram a tudo e a todos e propõe-lhes que renunciem a todos os seus bens (Lc 14,33) por causa d'Ele e do Evangelho (Mc 8,35). Pouco antes da sua paixão, deu-lhes o exemplo da pobre viúva de Jerusalém que, da sua penúria, deu tudo o que tinha para viver Lc 21,4). O preceito do desapego das riquezas é obrigatório para entrar no Reino dos céus.” (1)

 

(1)         Catecismo da Igreja Católica – n. 2544

Oração da 5ª Romaria da Águas e da Terra da Bacia do Rio Doce



Oração da 5ª Romaria das Águas e da Terra da Bacia do Rio Doce

Ó Bom Jesus, aos Vossos pés, colocamo-nos, confiantes, celebrando a 5ª Romaria das Águas e da Terra da Bacia do Rio Doce. Acolhidos em Vosso Santuário, em Conceição do Mato Dentro, trazemos a dor e o sofrimento de nossos irmãos e irmãs, diante dos desmandos da mineração, do agro e hidronegócio, dos monocultivos e do consumismo desenfreado, que ceifam vidas, levam à exaustão os bens da natureza, poluem a terra, destroem matas e rios, escravizam a mão de obra humana e fortalecem uma economia a serviço do lucro e não da vida e dos povos.

Sob a Vossa graça e bênção, fortalecem nossas esperanças e lutas, o testemunho de tantos profetas e profetizas, de ontem e de hoje, de perto e de longe, quais discípulos missionários que doaram suas vidas no anúncio do Evangelho da Vida, na defesa dos povos e do meio ambiente.

Dai-nos coragem, discernimento e perseverança, para respondermos, à altura, aos muitos desafios a serem enfrentados no compromisso com a vida, a dignidade e a justiça.

Fazei-nos, ó Bom Jesus, instrumentos Vossos a serviço da ecologia integral, guardiões da Casa Comum, para realizar Vosso Plano de Amor, no cuidado com a Mãe Terra, com as Águas e com a Vida, em prol da recuperação de nossa Bacia do Rio Doce e da construção da sociedade do bem viver e do conviver, sinal do Vosso Reino de Vida, Verdade, Justiça e Paz. Amém.


A vigilância cristã

 


A vigilância cristã

Na quinta-feira da 21ª semana do Tempo Comum, ouvimos a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 24,42-51), e refletimos o tema da vigilância necessária, como discípulos missionários do Senhor.

Assim lemos no Comentário do Missal Cotidiano:

“O tempo do cristão é o tempo da espera: espera de Deus e de Seu evento, vivido na disponibilidade interior da confiança e da esperança.

Faltando vigilância, falta uma importante dimensão da fé: a capacidade constante de passar de um estado de transitoriedade a outro.

Ainda hoje Jesus vem a nós, como o ladrão da noite. Sabemos quanto é difícil discernir seu apelo e sua presença nos acontecimentos do ‘hoje’ de Deus.

Dificilmente reconhecemos Jesus e O recebemos, se não nos preparamos de contínuo e não estamos prontos a cada instante.

Uma coisa sabemos pela fé: Deus está de tal modo ligado ao homem que onde quer que estivermos, lá está Ele, presente, ainda que não o saibamos.

É preciso romper as barreiras, saltar os muros, ser infatigáveis na busca da comunhão com todos. Então a espera será premiada”. (1)

A atitude de vigilância na espera do Senhor que vem, é elemento constitutivo de nossa fé, na esperança de um novo céu e uma nova terra, na prática concreta da caridade, pois tão somente a caridade nos impele para sagrados compromissos com o Reino (2 Cor 5,14) – “Pois a caridade de Cristo nos compele, quando consideramos que um só morreu por todos e que, por conseguinte, todos morreram”.

Vigilância em todo o tempo, lugar e âmbitos, que nos interpela para o testemunho da fé, ainda que situações adversas.

Vigilância nas palavras, pensamentos, ações bem como nas indesejáveis omissões na prática da caridade, que deve ser expressa pelo “...esforço interior de nos mantermos sempre na presença de Deus, a fim de que os nossos pensamentos, afetos, intenções e obras possam ser purificados por Aquele que é Santo por excelência, e que é capaz de tornar os Seus filhos fiéis ao bem recebido, em condições de trabalhar e de amar na espera d’Aquele que é o único que merece ser esperado”. (2)

Portanto, estarmos vigilantes e acordados não é uma atitude opcional para os cristãos, pois somos chamados a rezar, a trabalhar, a fazer o bem, mantendo viva a tensão para o Senhor que vem – “Se, todavia, esperar alguém na nossa experiência, em geral provoca sempre agitação e frustração, a vigilância cristã é estável e frutuosa. O cristão sabe que a sua identidade de filho amado não depende só de si próprio, mas está em relação direta com a atuação de Deus que age sempre em nosso favor.” (3)

Deste modo, é preciso que vivamos a vigilância:

- no cultivo da espiritualidade, com a assiduidade na participação da Santa Missa, bem como nos momentos de oração pessoal ou comunitária;

- na vivência dos demais Sacramentos;

- no cuidado da família: pais, filhos, irmãos...;

- na atividade pastoral e/u ministério;

- na prática dos Mandamentos divinos, sem jamais separar o amor a Deus do amor ao próximo;

- no cuidado de nossa Casa Comum.

 

(1)         Missal Cotidiano – Editora Paulus – p.1207

(2)        Lecionário Comentado – Volume Tempo Comum I – p. 218

(3)        Idem – p.217

quarta-feira, 30 de agosto de 2023

“Um canto de primavera”

“Um canto de primavera”

Uma reflexão à luz da passagem da Carta do Apóstolo Paulo aos Coríntios (2 Cor 5, 14-21), que nos apresenta Jesus, Aquele que nenhum pecado cometeu, e Deus O fez pecado por nós, para nos reconciliar.

Fala-nos do amor de Cristo que nos impele, assim como confessa que seu ministério é movido pelo amor demonstrado por Cristo na morte, e com isto, somos chamados a viver uma vida nova, vida de amor por aqueles que pelos quais Jesus morreu e Ressuscitou:

– “Portanto, se alguém está em Cristo, é uma criatura nova. O mundo velho desapareceu. Tudo agora é novo” (2 Cor 5,17): “Esta página é como um canto de primavera: tudo é novo. Da morte-ressurreição de Cristo tudo renasceu: não podemos olhar os homens como se isso não tivesse acontecido: eles estão envolvidos no amor de Cristo” (1).

Inaugura-se um novo tempo, novas relações, a partir da Sua morte e ressurreição, de modo que “cumpre deixar-se reconciliar, porque Cristo nos amou tanto a ponto de quase identificar-Se com os pecados da humanidade para destruí-los na Cruz, e tornar-nos ‘justos’ e salvadores dos outros. A Eucaristia é nos dada exatamente para isto” (2).

Vivendo tempos difíceis, marcados por crise econômica, ética, moral, somos desafiados a manter viva a esperança, e isto somente é possível se nutrirmos nossa fé n’Aquele que faz novas todas as coisas.

Sua vida marcada pelo amor, serviço e doação da própria vida em favor da humanidade nos desafia a dar razão de nossa esperança, no testemunho da fé e prática da caridade ativa que inaugure novos tempos e novas realidades.

Precisamos acreditar neste “Canto de primavera”, de que as sementes darão flores e frutos em meio a tantos sinais de morte.

Jardineiros da criação que somos, cantar o “canto de primavera” e semear e cultivar as melhores sementes da Palavra ouvida e vivida, para que outros também continuem a cantá-lo.

Jardineiros da criação que não choram nem lamentam o Paraíso perdido, mas acreditam que o Paraíso é possível, como uma interminável obra do Criador que a colocou em nossas mãos.


(1) (2) Missal Quotidiano – Editora Paulus – p. 896

Somente o Senhor sacia nossa fome e sede

Somente o Senhor sacia nossa fome e sede

Escritas no século VII, as Instruções do Abade São Columbano nos ajudam para maior fidelidade ao Senhor, que sacia nossa sede e fome de amor, vida e paz.

“Irmãos caríssimos, prestai ouvidos ao que vamos dizer como a algo de necessário. Contentai a sede de vossas almas nas águas da Fonte Divina, sobre a qual desejamos falar, mas não a extingais; bebei, mas não vos sacieis.

Chama-nos a Si a fonte viva, a fonte da vida e diz: Quem tem sede venha a mim e beba (Jo 7,37). Entendei o que bebeis. Diga-vos Jeremias, diga-vos a própria Fonte: Abandonaram-me a mim, Fonte de água viva, diz o Senhor (Jr 2,13).

O próprio Senhor, nosso Deus, Jesus Cristo, é a Fonte da vida; por isso nos convida a irmos a Ele, Fonte, para o bebermos. Bebe-o quem ama; bebe quem se sacia com a Palavra de Deus; quem muito ama, muito deseja; bebe quem arde de amor pela sabedoria.

Vede donde mana esta fonte: do mesmo lugar donde desceu o Pão. Pão e Fonte são o mesmo, o Filho único, nosso Deus, o Cristo Senhor, de quem devemos ter sempre fome. Comemo-Lo, amando; devoramo-Lo desejando e, no entanto, famintos, desejemo-Lo ainda.

Da mesma forma, qual água de uma fonte; bebamo-Lo sempre pela plenitude do desejo e deleitemo-nos com a suavidade de Sua particular doçura. Pois é doce e suave o Senhor; por mais que O comamos e bebamos, estamos sempre sedentos e famintos, porque nosso Alimento e Bebida nunca se podem tomar e beber totalmente; tomando, não se consome, bebido não acaba, pois nosso Pão é eterno, nossa Fonte é perene, nossa Fonte é doce.

Eis a razão por que diz o Profeta: Vós que tendes sede, ide à Fonte (Is 55,1). É Fonte dos sedentos, não dos saciados. Por isto chama a Si sedentos, que em outro lugar declara felizes, aqueles que nunca bebem bastante, mas quanto mais sorvem, tanto mais têm sede.

Irmãos, é justo que a fonte da sabedoria, o Verbo de Deus nas alturas (Eclo 1,5 Vulg.), sempre seja desejada, buscada, amada por nós; estão escondidos, segundo as palavras do Apóstolo, todos os tesouros da sabedoria e da ciência (Cl 2,3), e chama quem tem sede a deles tomar.

Se tens sede, bebe da Fonte da vida; se tens fome, come o Pão da vida. Felizes os que têm fome deste Pão e sede desta Fonte. Sempre comendo e sempre bebendo, ainda desejam comer e beber. Porque é imensamente doce aquilo que sempre se saboreia e sempre se deseja mais. O rei Profeta já dizia: Saboreai e vede quão doce, quão suave é o Senhor (Sl 33,9)".



PS: Vulgata - a versão mais difundida (ou mais aceita como autêntica) de um texto.

Somente o Senhor sacia nossa fome e sede (continuação)


Somente o Senhor sacia nossa fome e sede

“Irmãos, sigamos a vocação que nos chama da vida para a Fonte da vida, fonte não apenas de água viva, mas da eterna vida, Fonte de luz e de claridade; dela tudo provém, sabedoria e vida, luz eterna.

Autor da vida, é Fonte da vida; Criador da luz, Fonte da luz. Portanto, desprezando o que se vê e ultrapassando o mundo até as alturas dos céus, busquemos, quais peixes muito inteligentes e espertos, a Fonte da luz, a Fonte da vida, a Fonte de água viva, para bebermos a água viva que jorra para a vida eterna (cf. Jo 4,14).

Oxalá te dignes admitir-me a esta Fonte, Deus misericordioso, bom Senhor, onde eu, com os que têm sede de Ti, beberei da onda viva da Fonte viva de água corrente. Refeito por Sua indizível doçura, esteja sempre unido a ela e diga: “Quão doce é a fonte de água viva, donde nunca falta a água que jorra para a vida eterna!”

Ó Senhor, tu és esta fonte, sempre, sempre desejável, sempre, sempre a ser bebida. Dá-nos, sempre, Cristo Senhor, desta água, para que também em nós haja a fonte de água viva que jorra para a vida eterna. Grande coisa peço, quem o duvida? Mas tu, rei da glória, sabes dar grandes coisas e grandes coisas prometeste; nada maior do que tu e te deste a nós, te deste por nós.

Rogamos-te então que conheçamos o que amamos, porque não te pedimos dar-nos nada além de ti. Tu és o nosso tudo, nossa vida, nossa luz, nossa salvação, nosso Alimento, nossa Bebida, nosso Deus. Rogo-Te, nosso Jesus, inspira nossos corações com aquela brisa de Teu Espírito e fere nossas almas com Tua caridade. Que cada uma de nossas almas possa na verdade dizer: Mostra-me o amado de minha alma (cf. Ct 1,6), porque estou ferida de amor.

Desejo, Senhor, que se grave em mim esta ferida. Feliz a alma que assim foi ferida pela caridade; esta busca a fonte, esta bebe e, no entanto, sempre tem sede bebendo e sempre haure desejando aquela que sempre bebe sedenta. Assim sempre busca amando aquela que se cura ferindo.

Que Deus e nosso Senhor Jesus Cristo, o bom médico eficaz, se digne ferir com a Chaga da salvação o íntimo de nossa alma. A Ele, com o Pai e com o Espírito Santo, pertence a unidade pelos séculos dos séculos. Amém”.

Que nossa orações nos tragam luz, força, sabedoria, alento, renovação da fé, fortalecimento da esperança e inflamação da caridade. Amém.

Ó Pai de Misericórdia!


Ó Pai de Misericórdia!

"Misericordiosos como o Pai" (Lc 6,36)

Alegremo-nos e exultemos: Deus nos escolheu como pedras vivas e escolhidas suas, para que sejamos edificados sobre Cristo, pedra angular. Portanto, com o coração transbordante de alegria, peçamos cheios de fé a Deus Pai todo-poderoso em favor de Sua amada Igreja, santa e pecadora, que somos:

Ó Pai do Céu, que sois o agricultor da vinha que Cristo plantou na terra, a Vossa Igreja, purificai, guardai e fazei que ela cresça, para que, sob o Vosso olhar, espalhemos por toda a terra Vossa luz, anunciando e testemunhando a Boa-Nova do Evangelho, de modo especial vivendo, na planície do quotidiano, o Programa de vida e santidade: as Bem-Aventuranças.

Ó Pastor Eterno, protegei e aumentai o Vosso pequenino rebanho que somos, para que como ovelhas Vossas, sejamos congregados na unidade, sob um só Pastor, Jesus Cristo, Vosso Unigênito e Amado Filho que, na Cruz morrendo, revelou-nos Vosso infinito amor, amando-nos até o fim.

Ó Pai de Amor, Vós que nos enviastes ao mundo Vosso Filho, a Palavra que Se fez Carne, dai-nos a graça de sermos deste Semeador providente, semeadores da Palavra em Vosso campo, para que dê frutos abundantes para a vida eterna, assim como torne fecundo nosso coração para acolher e frutificar a semente da Vossa Palavra nele também lançada.

Ó Pai Eterno, Vós que sois sábio construtor, santificai a Vossa Igreja, Vossa casa e Vossa família, para que apareça no mundo como Cidade Celeste, Jerusalém nova e Esposa sem mancha, na fidelidade ao Seu divino fundador, Vosso Filho, Jesus Cristo, Senhor Nosso, com a luz, sopro e assistência, do Vosso Santo Espírito. Amém.


PS: Livre Adaptação das Preces das Laudes da quarta-feira da quarta Semana do Tempo Comum.

Proclamar a Palavra é nossa missão

                                                                 

Proclamar a Palavra é nossa missão

À luz da passagem da Carta de Paulo aos Tessalonicenses (1 Ts 2,7b-9.13), refletimos sobre a comunidade de Tessalônica, onde se acolheu com alegria a Palavra do Missionário, apesar das dificuldades, provações.

Era notável a fé ativa da comunidade, acompanhada da caridade esforçada e a firmeza de sua esperança; com gestos de acolhida, fidelidade e solidariedade.

O coração de Paulo transborda de alegria e agradecimento para com esta, a ponto de se dirigir a ela falando que a mesma nasceu do esforço missionário feito com “ternura de Mãe” e com autenticidade ao anúncio.

O Apóstolo fala de uma comunidade que escuta, acolhe e vive a Palavra e, consequentemente, a fertilidade e fecundidade se fazem presentes nela, com frutos Pascais.

A corrente de amor, que se criou entre o Apóstolo e os fiéis, foi crescendo em intensidade e qualidade, como deve acontecer com os pastores e as comunidades a eles confiadas.

Paulo não se tornou um peso para as comunidades, pois sobreviveu de seu trabalho, objetivando única e exclusivamente a salvação de todos.

Reflitamos:

 -  Somos testemunhas alegres, vivas, entusiastas, generosas, uma comunidade onde se vive a gratuidade e o amor para com Deus e com o próximo?
-  Somos vigilantes para não incorrermos em contratestemunhos, sendo amargos, egoístas, agressivos, cansados e desanimados?

 -  Deixamo-nos interpelar pela Palavra de Deus?
 -  Pregamos a Palavra de Deus ou a nós mesmos?

Aprendamos com o Apóstolo e a comunidade de Tessalônica, para que façamos progressos ainda maiores, renovando a alegria e a graça de sermos discípulos missionários do Senhor.

A autenticidade de vida nos faz luminosos (27/08)

                                                                    

A autenticidade de vida nos faz luminosos

                                       “Ai de vós... que deixais de lado os
ensinamentos mais importantes da Lei, como
a justiça, a misericórdia e a fidelidade” (Mt 23, 23)

Senhor, concedei-nos a graça de não apenas parecermos,
Mas sermos aquilo que o nome cristão quer dizer: Vossos seguidores,
Tendo de Vós mesmos pensamentos e sentimentos, a Vós configurados
De tal modo que diminuamos para que Vós cresçais e sejais glorificado.

Senhor, fazei com que nossos pensamentos, palavras e ações
Sejam comunicação da Luz radiosa de Sua Ressurreição,
Que não nos dispensa de renúncias necessárias no quotidiano,
Para que com maior fidelidade a Vós, corajosamente, vivamos.

Senhor, fortalecei nossos passos na prática da justiça para com o próximo,
E concedei-nos crescer em intimidade convosco, que sois Misericórdia,
Esforçando-nos para alcançar a Salvação, que somente vem de Vós,
Em contínuo crescimento, fortalecimento e amadurecimento da fé.

Senhor, ajudai-nos a ser luminosos para quantos precisarem de Vossa Luz.
Que jamais renunciemos na procura da autenticidade diante de Vós;
Empenhando-nos na coerência entre o que pregamos e o que vivemos,
Cultivando a Vossa Palavra como Sementes Divinas em nosso coração. 
Amém!

Fonte: Evangelho Mt 23,27-32

terça-feira, 29 de agosto de 2023

João, interceda a Deus por nós (29/08)


 

João, interceda a Deus por nós

João, ornaste este dia com o róseo fulgor de seu sangue, porque foste testemunha da verdade e da Lei de Deus diante dos poderosos do seu tempo, interceda a Deus por nós, para que também assim o sejamos.

João, ornaste este dia com o róseo fulgor de seu sangue, e antecipaste o destino de Jesus que não foi ouvido, mas ridicularizado e ultrajado pela autoridade religiosa e civil.

João, ornaste este dia com o róseo fulgor de seu sangue, morreste por fidelidade ao seu testemunho; assim como Jesus, que diante de Pilatos, declarou que veio dar testemunho da verdade, e pagou isto com Sua Pessoa.

João, ornaste este dia com o róseo fulgor de seu sangue, e tua morte surgiu como o testemunho supremo, o selo de autenticidade, o fato que confirmou as palavras.

João, que ornaste este dia com o róseo fulgor de seu sangue, interceda a Deus por nós discípulos missionários do Senhor, que habitualmente, não nos é pedido dar a vida, mas ter uma conduta cristã em nosso relacionamento com Deus e com o próximo.

João, ornaste este dia com o róseo fulgor de seu sangue, inteceda a Deus para que tenhamos a coragem de não ceder diante do mal, nem diante da mentalidade corrente, mas de sermos diferentes no modo de pensar, de escolher, de falar, de agir, com os mesmos sentimentos de Jesus Cristo (Fl 2,1-11).

João, ornaste este dia com o róseo fulgor de seu sangue, interceda a Deus para que a constestar, em nome da verdade, vivendo a graça da vocação profética, estejamos sempre prontos para o diálogo e o respeito pelas pessoas; afirmando nossa originalidade de crentes, mas capazes de adaptação ao expor o ponto de vista cristão, sem jamais trair a coerência da vida em relação à fé que professamos.

João, ornaste este dia com o róseo fulgor de seu sangue, e encontraste a paz do sepulcro: mais tarde Jesus também a encontrou, mas com uma diferença: em seu túmulo ecoou o anúncio da Ressurreição, e é esta fé na Ressurreição que nos dá coragem para, como tu fizeste, também o fazermos. Amém.


PS: Fonte inspiradora – Comentários do Missal Cotidiano – Editora Paulus – pp.729-731 – passagem do Evangelho de Marcos (Mc 6,17-29)

Harmonia

                                                               



Harmonia

“Beleza + diferença + perfeição = harmonia”

Harmonia: um tema que perpassa nosso quotidiano, ainda que não percebamos, e pelo qual ansiamos; fruto da interação da beleza, diferença e perfeição, que não se excluem, mas se completam.

No entanto, normalmente, concebe-se a harmonia como a ausência da diferença, em que todos devem pensar igual, com imposição de ideias, costumes, cultura, padronização, beirando à “robotização”, com gestos iguais e repetidos.

A beleza, por sua vez, pode ser concebida como algo plástico, retocado, “maquiado”, sobretudo com o recurso dos aplicativos modernos para edição de fotos e outras coisas mais. A beleza definida pela mídia, moda, ou que garanta a comercialização, o  consumo e lucro.

Finalmente, concebe-se perfeição como algo acabado, irretocável, cada vez mais dependente da máquina, da robotização, mas pode brotar também da pura interação humana, e de sua capacidade inimaginável e incalculável.

Ilustrando, partilho um momento vivido, por ocasião do “Curso para novos bispos” (Roma-Itália - 2017), quando um padre, com sua tradicional boina preta e sapiência adquirida pelos muitos anos vividos, levou-nos a uma histórica Igreja da Idade Média, na Cidade de Saluzzo – Itália.

Ele descreveu os detalhes da construção; particularidades que, certamente, passariam por nós despercebidas.

Ao conduzir-nos pelos diversos espaços da igreja: presbitério, capela interna, nave, colunas, escadas, janelas, portas, vitrais, fez-nos observar que a sua construção tem uma harmonia ímpar, em que se combinam três características: beleza, diferença e perfeição.

Contemplei aquela igreja beirando à perfeição, erigida há séculos, sem os recursos de que hoje dispomos, de modo que a perfeição ultrapassa a tecnologia e a era em que vivemos.

Um desafio nos é apresentado:

Como chegar à harmonia necessária na convivência com o outro, sobretudo considerando que vivemos numa sociedade:

- em que “a beleza” é como um “ídolo”, cultivado de mãos dadas com a “eterna juventude” e “perenidade”?

- marcada por tantos conflitos étnicos, violências de tantos nomes, indiferença ou até mesmo fechamento àquilo que se nos apresenta como diferente?

- que anseia a perfeição das pessoas, da produção dos bens e de tantas coisas que se possa mencionar?

A harmonia necessária é sonho, desejo, possibilidade, conquista, desafio, para todos aqueles que desejam construir uma civilização do amor, uma cultura da vida, respeito e valorização do outro, do nosso próximo, onde habita, também Deus, no qual encontramos o sopro de vida do criador.

“Se calarem a voz dos Profetas...” (03/08)

“Se calarem a voz dos Profetas...”

Reflexão à luz da passagem do Evangelho de Mateus (Mt 14,1-12), em que Herodes manda cortar a cabeça de João Batista, num ímpio banquete de morte.

“Também na morte o Batista é ‘precursor’, e Jesus o põe em relevo. Esta morte é um típico exemplar do que muitas vezes acontece no mundo: a supressão violenta dos inocentes, dos verdadeiros heróis, por parte dos seres abjetos, cobertos de prestígio e poder, e por motivos inconfessáveis: ambição, cálculo, inveja, ciúme, falsa moral...

Triste espetáculo é ver-se a opinião pública (os convidados) assistir impassível, se não divertida, ao fato de exatamente o honesto, que corajosamente denuncia o adultério e a expoliação, ser trucidado pelos desonestos e delinquentes.

Cumpre criar uma opinião pública contrária, ter a coragem de desmascarar o erro de quem julga tudo lícito, porque pode fazê-lo com franqueza.

João não era inimigo de Herodes e este o estimava (Mc 6,20); no entanto, por covardia, fá-lo calar para sempre. Engano! Aquele martírio jamais se calará” (1)

João foi o último dos Profetas, e o Precursor do Senhor, tanto do nascimento, como de sua morte, ao derramar sangue por causa da Verdade e da incondicional fidelidade à Palavra do Senhor.

Ontem como hoje, Deus suscita profetas para falarem em seu nome, para serem a sua divina voz a denunciar tudo quanto fira a vida, roubando-lhe a beleza e a sua sacralidade, desde sua concepção ao seu declínio natural.

Vozes proféticas no campo e na cidade, em defesa de princípios éticos dos quais não podemos prescindir; denúncia de tudo aquilo que fomenta o consumismo, bem como a exploração de nossa Casa Comum, a Terra; vozes que não se calam em tantas outras situações que possam ser mencionadas.

Renovemos a graça da vocação profética, que Deus nos concedeu no dia de nosso Batismo, para termos a coragem de João Batista, em amor e fidelidade incondicional à vontade divina.

Lembremos as palavras de Santo Agostinho: João é a voz no tempo; Cristo é, desde o princípio, a Palavra eterna.”

Um canto para finalizar: “Se calarem a voz dos profetas, as pedras falarão...”


(1) Missal Quotidiano – Editora Paulus – p.1099
PS: Proclamado no sábado do 17º sábado do Tempo Comum, e oportuno para a Celebração da Memória do Martírio de São João Batista, quando se proclama a passagem do Evangelho de Marcos (Mc 614-29).

Em poucas palavras...

                                                            


A morte de João Batista

“Tenho para mim que por isso foi permitida quanto antes a morte de João, para que, desaparecido ele, todo o fervor da multidão se dirigisse para Cristo, ao invés de se repartir entre os dois” (1)

 

 

(1)    São João Crisóstomo, Homilias sobre o Evangelho de São João

São João Batista: vigor, coragem e fidelidade no bom combate (29/08)


São João Batista:
Vigor, coragem e fidelidade no bom combate

Celebraremos dia 29 de agosto a memória do Martírio de São João Batista, e sejamos enriquecidos pela Homilia do Venerável Presbítero São Beda (séc. VIII).

“O Santo precursor do nascimento, da pregação e da morte do Senhor mostrou o vigor de seu combate, digno dos olhos divinos, como diz a Escritura:

E se diante dos homens sofreu tormentos, sua esperança está repleta de imortalidade (cf. Sb 3,4).

Temos razão de celebrar a festa do dia do nascimento daquele que o tornou solene para nós por sua morte, e o ornou com o róseo fulgor de seu sangue.

É justo venerarmos com alegria espiritual a memória de quem selou com o martírio o testemunho que deu em favor do Senhor.

Não há São João suportou o cárcere e as cadeias, foi por nosso Redentor, de quem dera testemunho como precursor.

Também por Ele deu a vida. O perseguidor não lhe disse que negasse a Cristo, mas que calasse a verdade. No entanto morreu por Cristo.

Porque Cristo mesmo disse: Eu sou a verdade (Jo 14,6); por conseguinte, morreu por Cristo, já que derramou o sangue pela verdade.

Antes, quando nasceu, pregou e batizou, dava testemunho de quem iria nascer, pregar, ser batizado. Também apontou para Aquele que iria sofrer, sofrendo primeiro.

Um homem de tanto valor terminou a vida terrena pela efusão do sangue, depois do longo sofrimento da prisão.

Aquele que proclamava o Evangelho da liberdade da paz celeste foi lançado por ímpios às cadeias; foi fechado na escuridão do cárcere quem veio dar testemunho da luz e por esta mesma luz, que é Cristo, tinha merecido ser chamado de lâmpada ardente e luminosa.

Foi batizado no próprio sangue aquele a quem tinha sido dado batizar o Redentor do mundo, ouvir sobre Ele a voz do Pai, ver descer a graça do Espírito Santo.

Contudo, para quem tinha conhecimento de que seria recompensado pelas alegrias perpétuas não era insuportável sofrer tais tormentos pela verdade, mas, pelo contrário, fácil e desejável.

Considerava desejável aceitar a morte, impossível de evitar por força da natureza, junto com a palma da vida perene, por ter confessado o nome de Cristo.

Assim disse bem o Apóstolo: Porque vos foi dado por Cristo não apenas crer n’Ele, mas ainda sofrer por Ele (Fl 1,29).

Diz ser dom de Cristo que os eleitos sofram por Ele, conforme diz também:

Os sofrimentos desta vida não se comparam à futura glória que se revelará em nós (Rm 8,18)”. 

João Batista foi o precursor do nascimento de Cristo, não somente no nascimento, mas também na morte. 

São João Batista: Vigor, coragem e fidelidade no bom combate (continuação)


São João Batista:
Vigor, coragem e fidelidade no bom combate

Por sua morte, João Batista ornou este dia com o róseo fulgor de seu sangue!

O que ressoa no coração quando ouvimos ou pronunciamos este nome: João Batista?

Coragem, fidelidade, despojamento, simplicidade,
Coerência, transparência, com Deus amizade e intimidade...
Profeta da ousada esperança de um Mundo Novo;
A voz que anuncia a Palavra que ilumina a vida do povo.

Humilde sinal da Luz que viria iluminar o mundo,
Amigo do Esposo da humanidade, que amor profundo!
Inspirado em sua vida e exemplo tão expressivo
Tenhamos mesmo amor, entrega por Deus tão vivo!

Alguém que desaparece, diminui para que o Senhor cresça,
Sabe que a fidelidade tem um preço, cortaram-lhe a cabeça.
Fulgor róseo de seu sangue expressou fidelidade à Lei Divina,
Que diante do pecado, não cede, não cansa, não se declina!

João cujo nome lembra que Deus é misericórdia,
Imitá-lo para semear sementes da humana concórdia.
Hoje João que nos céus com o Amado em Santa Comunhão
É para nós uma seta que aponta Jesus: nossa Redenção!
São João Batista, rogai por nós!

Quem sou eu

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG