quinta-feira, 24 de agosto de 2023

A saudação angélica

                                                            

A saudação angélica

Sejamos enriquecidos pelo Tratado sobre a Saudação angélica escrita pelo Bispo São Balduíno de Cantuária (séc. XII).

“À saudação angélica com que todos os dias, segundo a devoção de cada um, saudamos a santíssima Virgem, costumamos acrescentar: E bendito o fruto de vosso ventre.

Após ter sido saudada pela Virgem, Isabel, como a retomar o final da saudação do anjo, acrescentou estas expressões: Bendita sois entre as mulheres e bendito o fruto de vosso ventre (Lc 1,42).

É este o fruto de que fala Isaías: Naquele dia será o germe do Senhor em magnificência e glória e o fruto da terra, sublime (Is 4,2).

Quem é este fruto senão o Santo de Israel, a semente de Abraão, o germe do Senhor, a flor que se eleva da raiz de Jessé, o fruto da vida com quem entramos em comunhão?

Bendito, sim, na semente, bendito no germe, bendito na flor, bendito no dom, bendito, enfim, na ação de graças e no louvor. Cristo, semente de Abraão, feito da semente de Davi segundo a carne.

Só Ele, dentre os homens, se encontrou perfeito em todo o bem, só a Ele foi dado sem medida o Espírito, Ele, o único a poder cumprir toda a justiça. Sua justiça basta à totalidade das nações, como está escrito: Como a terra produz seu germe e o jardim germina sua semente, assim o Senhor Deus fará germinar a justiça e o louvor diante de todas as nações (Is 61,11).

É este o germe da justiça que, desabrochado pela bênção, a flor da glória adorna. Que glória? Aquela que é impossível imaginar-se mais sublime, ou antes, que de modo algum se pode imaginar.

A flor elevou-se da raiz de Jessé. Até aonde? Até ao máximo, porque Jesus Cristo está na glória de Deus Pai (cf. Fl 2,11).  Elevou-se sua magnificência para além dos céus, de modo a ser o germe do Senhor em magnificência e em glória, e o fruto da terra, sublime.

E para nós, quem é o fruto deste fruto? Quem, a não ser o fruto da bênção oriundo do fruto bendito? D’Ele, como semente, germe, flor, provém o fruto da bênção; e chega até nós. Primeiro, como em semente pela graça do perdão, depois como em germe pelo aumento da justiça, e por fim como em flor pela esperança ou pose da glória.

Bendito por Deus e em Deus, isto é, para que Deus seja glorificado n’Ele. Para nós também é bendito para que, benditos por Ele, n’Ele sejamos glorificados, já que pela promessa feita a Abraão, Deus O fez a bênção de todos os povos”.

Amemos o “bendito fruto do ventre de Maria”, Jesus, e a Ele, demos toda honra, glória, poder e louvor por todos os séculos.

Amemos e adoremos o “bendito fruto do ventre de Maria”, Jesus, e com Ele, firmemos nossos passos no discipulado, como Igreja missionária, rompendo as fronteiras.

Amemos, adoremos e anunciemos o “bendito fruto do ventre de Maria”, em todo o tempo e em todo lugar, como Igreja, vivendo a cultura da misericórdia em plena fidelidade ao que Ele viveu e nos ensinou.

Amemos, adoremos, anunciemos e testemunhemos o “bendito fruto do ventre de Maria”, a Verdadeira Videira do Pai, n’Ele unidos para frutos de amor, justiça, vida e paz abundantemente produzir, nutridos pela Seiva do Amor de Seu Espírito. Amém.

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG