Amemos quem tanto nos amou: Jesus
No
21º Domingo do Tempo Comum (ano A), ouvimos a passagem do Evangelho de Mateus
(Mt 16,13-20), em que Jesus pergunta aos discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?” e “E vós, quem dizeis que Eu sou?” (Mt
16,13.15).
Muito oportuna é a reflexão que São Gregório de Nazianzeno (séc. IV) nos oferece, para somar a resposta revelada por Deus Pai a Pedro, como o próprio Senhor o disse: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo.” (Mt 16,16).
“Foi
envolvido em panos, porém, ao ressuscitar, lançou as vendas da sepultura.
Foi
reclinado em um presépio, mas depois foi celebrado pelos Anjos, assinalado pela
estrela e adorado pelos magos.
Por
que te maravilhas do que viste com os olhos, enquanto não observas o que é
percebido com a inteligência e com o coração?
Foi
obrigado a fugir do Egito, porém transforma em fuga o andar errante dos egípcios.
Não
tinha nem aspecto nem beleza humana entre os judeus, porém, segundo Davi, era
belo de rosto acima dos filhos dos homens; e também no cume do monte, como
esplendor, resplandece e chega a ser mais luminoso que o sol, vislumbrando,
desta forma, e esplendor futuro.
Foi
batizado como homem, mas alcançou a vitória como Deus. Ordena-nos ter confiança
n’Ele como n’Aquele que venceu o mundo.
Sofreu
fome. Mas saciou a muitos milhares de pessoas, e Ele mesmo tornou-Se Pão que dá
vida e o céu.
Padeceu
sede, mas exclamou: se alguém tem sede, venha a mim e beba; e também prometeu
fazer manar, para aqueles que têm fé, fontes de água viva.
Experimentou
o cansaço, mas Se fez repouso daqueles que estão cansados e oprimidos.
Sentiu-Se
extenuado pelo sono, porém caminha ligeiro sobre o mar, repreende aos ventos e
salva Pedro que estava a ponto de ser submergido pelas ondas.
Paga
os impostos com um peixe, porém é rei dos arrecadadores. É chamado samaritano e
possuído pelo demônio, mas leva a salvação àquele que, descendo de Jerusalém,
foi assaltado por alguns ladrões.
É
reconhecido pelos demônios, porém expulsa aos demônios e impele as legiões de
espíritos malignos para precipitarem-se ao mar, e vê ao príncipe dos demônios,
quase como um relâmpago, precipitar-se do céu.
É
agredido com pedras, mas não é preso. Suplica, porém acolhe aos demais que
pedem. Chora, mas enxuga as lágrimas.
Pergunta
onde foi sepultado Lázaro, pois realmente era homem, mas ressuscita Lázaro da
morte à vida, porque de fato era Deus.
É
vendido e por pouco preço: por trinta moedas de prata, mas, entretanto, redimia
ao mundo a grande preço: com o Seu Sangue.
É
conduzido à morte como uma ovelha, mas Ele apascenta a Israel e agora também ao
mundo inteiro.
Está
mudo como um cordeiro, mas Ele é o próprio Verbo, anunciado no deserto pela voz
daquele que clamava.
Foi
abatido e ferido pela angústia, mas vence toda enfermidade e sofrimento.
É
tirado do lenho onde foi suspenso, mas nos restituiu a vida com o lenho, e
concede a Salvação também ao ladrão – que pende do lenho –, e ignora-se tudo o
que se revela.
É-lhe
dado a beber vinagre, e Se nutre com fel, mas para quem? Para Aquele que
transformou a água em vinho. Saboreou aquele gosto amargo, Aquele que era o
próprio deleite e todo apetecível.
Confia
a Deus a Sua alma, porém conserva a faculdade de tomá-la novamente.
O véu
se rasga – e as potências superiores se manifestam -, e as pedras se
despedaçam, porém os mortos ressuscitam.
Ele
morre, porém devolve a vida e derrota a morte com Sua morte.
É
honrado com a sepultura, mas ressuscita do sepulcro.
Desce
aos infernos, mas acompanha as almas ao alto e sobe ao céu, e virá para julgar
os vivos e os mortos, e para examinar as palavras dos homens.” (1)
Retomemos
a resposta revelada por Deus Pai a Pedro, como o próprio Senhor o disse: “Tu és o Messias, o Filho do Deus
vivo.” (Mt 16,16), porque a pergunta de Jesus continua sendo dirigida
a todos nós que cremos em Jesus, Verdadeiramente Homem, Verdadeiramente
Deus.
Professamos nossa fé em
Jesus, que Se fez Carne e habitou entre nós, tão igual a nós, exceto no pecado,
para nos redimir e nos conceder vida plena e eterna.
A profissão de fé, assim
feita, torna impossível a concepção de uma religião alienante, sem verdadeiros
e sagrados compromissos com a vida da humanidade, como tão sabiamente expressou
a Igreja na introdução da “Gaudium Et Spes”:
“As
alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje,
sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as
esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há
realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração.
Porque a sua comunidade é formada por homens,
que, reunidos em Cristo, são guiados pelo Espírito Santo na sua peregrinação em
demanda do Reino do Pai, e receberam a mensagem da salvação para a comunicar a
todos. Por este motivo, a Igreja sente-se real e intimamente ligada ao gênero
humano e à sua história.” (n.1)
Renovemos o ardor necessário para a graça de viver e
testemunhar o nosso Batismo, seduzidos por amor incondicional ao Senhor Jesus,
na fidelidade ao Deus Pai com a luz e o sopro do Espírito Santo, de modo que
vivamos a vocação como graça divina e resposta nossa, numa dupla liberdade: a
de Deus, que chama e a nossa, que respondemos.
(1) Lecionário Patrístico
Dominical - Editora Vozes - pp. 202-204.
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