sexta-feira, 25 de agosto de 2023

Os inseparáveis amores: Amor a Deus e ao próximo


Os inseparáveis amores: Amor a Deus e ao próximo

O Mandamento do Amor é a essência da vida cristã

Na Liturgia da Sexta-feira da 20ª Semana do Tempo Comum ouvimos a passagem do Evangelho de São Mateus (Mt 22,34-40), e refletimos sobre a inseparabilidade do amor a Deus e ao próximo, que são os maiores Mandamentos da Lei Divina.

Amor que está no centro da experiência cristã, pois Deus espera que cada coração humano esteja submergido no Seu Amor.  Imersão no Amor de Deus para transbordar, comunicar o amor ao próximo: eis o sentido do existir e do ser cristão em todo tempo.

É oportuno que voltemos a passagem do Livro do Êxodo (Ex 22,20-26), que nos remete ao “Código da Aliança”, que se trata de um conjunto de prescrições, soluções, disposições justas, sãs e sólidas que norteiam, orientam a conduta humana nas mais diversas situações.

Esta passagem é como um extrato deste Código: a defesa do pobre e da viúva (desprotegidos); a acolhida do estrangeiro (desenraizado); a defesa do pobre (carente e em extrema necessidade).

Somente a defesa destes é que manterá viva a Aliança de Deus com a humanidade. A dura experiência vivida no exílio leva ao aprendizado e a compromissos renovados, para que a vida e a liberdade sejam resplandecentes em cada amanhecer.

É preciso ver no rosto do pobre, do órfão, da viúva e do estrangeiro, o rosto de Deus.

Reflitamos:

- Onde estão eles em nossas comunidades?
- Como os amamos e os defendemos?

- Quais os espaços que ocupam em nossas preocupações, organizações e pastorais?
- Como não compactuar com situações que favoreçam o roubo da vida e da dignidade dos pobres?

Mais uma vez Jesus enfrenta os líderes religiosos de Seu tempo. Após as questões polêmicas do tributo a César e da Ressurreição (não acreditada pelos Saduceus), Jesus é interrogado sobre qual é o maior Mandamento.

Consideremos que os fariseus conservavam 613 mandamentos (sendo 365 proibições e 248 prescrições). Um verdadeiro emaranhado de preceitos e prescrições. 

Evidentemente, os pobres estavam impossibilitados deste conhecimento, e, pelos fariseus, eram considerados impuros e distantes de Deus.

A resposta de Jesus unifica e equipara os dois Mandamentos: “’Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda tua alma e de todo o teu entendimento!’ Esse é o maior Mandamento.

O segundo é semelhante a esse: ‘Amarás ao teu próximo como a ti mesmo’”. Com isto podemos afirmar que toda revelação de Deus se resume no amor: amor a Deus e ao próximo. A Lei e os Profetas são desdobramentos destes dois Mandamentos.

O Mandamento do Amor é o resumo de toda Lei, pois a vida cristã consistirá em viver o amor Trinitário, do Pai que nos ama, por meio do Seu Filho em comunhão com o Santo Espírito.

Tudo que Deus faz é simplesmente por amor, e esta é essencialmente a marca de Seu agir. Assim, tudo quanto fizermos, tanto os gestos mais grandiosos de fidelidade quanto os menores, se ausente o amor, perdem sua consistência.

Amando a Deus escutaremos Sua palavra e haveremos de nos empenhar no cumprir da vontade divina. No amor aos irmãos, haveremos de nos solidarizar com todos os que encontrarmos pelo caminho. O amor, a solidariedade, o serviço, a partilha, o dom da vida em favor do outro nos fazem adoradores de Deus, de fato.

Evidentemente, na vivência do Amor a Deus e ao próximo, Jesus fez cair as máscaras da hipocrisia de Seus opositores, que conhecedores da Lei, do Mandamento divino, mas tão apenas conhecedores, pois não os colocavam em prática, como Ele o fez em relação aos pequeninos, aos pobres, aos enfermos, aos marginalizados. Bem sabemos que este Amor que ama até o fim incomodou aqueles bem estabelecidos, porque com os preferidos de Deus jamais comprometidos.

O Missal Dominical nos enriquece com esta reflexão:

“O Mistério de Cristo, no seu todo, é vivido na Igreja, no conjunto de seus membros em todos os séculos.

O contemplativo serve aos homens servindo a Deus; o ativo serve a Deus servindo aos homens...

O Santo Cura D’Ars suspirava por um convento e pela solidão, enquanto se dedicava inteiramente aos homens; e os conventos deram à Igreja grandes Papas, Bispos, Reformadores e Missionários, que passaram da contemplação e da solidão à ação mais perseverante e ininterrupta”.

Na verdade, os dois Mandamentos são o resumo de toda a Bíblia: que a vontade de Deus seja feita, numa entrega quotidiana de amor em favor do Reino, fazendo da vida um dom total de si mesmo, como Jesus o fez - o Missionário amado pelo Pai, na força do Espírito, o Amor que nos acompanha em todo momento. 

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