quinta-feira, 24 de agosto de 2023

O Banquete Nupcial e a veste própria

O Banquete Nupcial e a veste própria
Ouvimos na Liturgia da quinta-feira da 20ª semana do Tempo Comum, a passagem do Evangelho de São Mateus (Mt 22,1-14).

Jesus se apropria de uma imagem muito bela para nos falar como deve ser o mundo que Deus deseja para nós: a imagem do “Banquete”.

Esta mesma imagem foi fortemente utilizada pelo Profeta Isaías, quando em meio a sinais de morte e desolação, comunicou o desejo de Deus, um horizonte  esperançoso e promissor: um Banquete de amor e vida a toda humanidade oferecido. O Profeta, com sua palavra, exorta à confiança e à esperança, numa nova era de paz e de felicidade sem fim, porque Deus vai destruir a morte para sempre e vai enxugar as lágrimas de todas as faces, eliminando assim, o opróbrio que pesa sobre o Seu povo.

Esta feliz imagem de esperança do Banquete perpassará os discursos proféticos e se verá realizada na pessoa e missão de Jesus.

Deus está sempre nos convidando para participarmos de Seu Banquete de: Amor, vida, felicidade, alegria, paz. Mas de outro lado respeita a nossa liberdade, sem nos dispensar da veste nupcial necessária para dele participar: amor, partilha, serviço, misericórdia e o dom da vida.

Precisamos viver a gratuidade, a solidariedade e a partilha com os que mais precisam, procurando nos revitalizarmos da força indispensável que só pode vir de Deus – “tudo posso naquele que me fortalece” (Fl 4,13).

Participar do Banquete de Deus implica em estarmos na mais perfeita e profunda comunhão, amizade e intimidade com Ele e com nosso próximo. Como batizados, fomos revestidos por Cristo e, deste modo, somos sinais de comunhão com o outro, para que nossa comunhão com Deus seja credível, agradável e sinal do Banquete Eterno que prefiguramos em cada Eucaristia que celebramos e participamos.

Quanto mais a comunidade vivenciar as exigências mencionadas, mais ela dará espaço para a intervenção divina, abrindo-se à ação da força que o Senhor nos comunica pela ação e presença do Espírito.

Quanto mais o cristão tiver o coração aberto à partilha e ao dom de si mesmo, em atitude de despojamento, de entrega e de empenho, mais poderá sentir a manifestação divina.

Quanto maior a alegria de colaborar na missão, mais comprometido com ela se sente.

Que nossas comunidades sejam mais solícitas, generosas, solidárias e missionárias.

Não há exclusão no Banquete do Reino, mas há uma exigência: a veste; que consiste na prática da justiça, da qual as autoridades do tempo de Jesus estavam  desprovidas, tanto que O rejeitaram e O condenaram à morte. Diferentemente, os publicanos, pecadores, prostitutas, os que se encontravam “nas encruzilhadas à beira do caminho” O aceitaram e responderam positivamente ao seu convite, pondo-se num caminho de abertura e conversão à Sua Boa Nova.

Tanto a aceitação do convite do Profeta à conversão como o convite de Jesus, implica em dar prioridade e corresponder à altura do Amor de Deus, em compromissos incansáveis com os valores do Reino.

Com o Batismo se dá o início desta aceitação e compromisso para uma vida em  comunidade. Nesta vivência da fé, tanto o batizado como a própria comunidade corre o grande perigo de perder seu entusiasmo inicial, com consequente instalação e acomodação, esvaziando assim as exigências do Evangelho. É preciso eliminar toda autossuficiência e viver em total atitude de humildade, de pobreza e de simplicidade, numa dinâmica de constante conversão, uma vez que a Salvação não é conquista findada.

Reflitamos:

- Tenho aceitado este convite do Senhor?
- Tenho me comprometido com este Banquete?
- Estou devidamente “vestido” para dele participar?
- Deus nos ama apesar e por causa de nossas fraquezas e nos convida para nos assentarmos à mesa com Ele. Qual é a nossa resposta?

Que saibamos dar um alegre SIM a este convite. Por ora, participantes do Banquete da Eucaristia, até que um dia possamos participar do Banquete da Eternidade que o Senhor nos preparou e que só poderemos participar quando a morte irromper no horizonte de nossa existência, mas vencida, rompida, superada, com a fé na Ressurreição que nos garante a imortalidade e eternidade de amor  o Céu que tanto falamos, cremos e desejamos. Façamos por merecê-lo!

Oremos:

Ó Deus, Pai Santo, Vós que sois tão misericordioso, que desejais a Salvação do mundo inteiro, convidando para as núpcias do Vosso Filho Amado,

Nós vos pedimos, embora sem nenhum mérito, mas com toda confiança, que envieis a cada um de nós e a toda Igreja o Vosso Espírito, para que enriquecidos dos sete dons (sabedoria, entendimento, ciência, conselho, fortaleza, piedade e temor de Deus), testemunhemos com alegria, esperança e confiança a fé que abraçamos, vivendo com ardor a missão por Vós confiada.

Que sejamos sempre revestidos da veste nupcial, para sermos dignos de participar de Vosso Banquete de Amor, vida, paz, felicidade, até que um dia possamos nos inebriar no Banquete da Eternidade, porque saciados e nutridos pelo Pão e Vinho de imortalidade. Amém!

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