quarta-feira, 24 de maio de 2023

Pentecostes: A presença e ação do Espírito Santo (Ano C - Pentecostes) (19/05)


Pentecostes: A presença e ação do  Espírito Santo

Com a Solenidade de Pentecostes (Ano C), celebraremos o nascimento da Igreja, na acolhida do Espírito Santo, para acompanhá-la, conduzi-la e assisti-la em sua missão.

O Espírito Santo é dom dado por Deus a todos que creem, comunicando vida, renovação, transformação, possibilitando o nascimento do homem novo e a formação da Comunidade Eclesial – a Igreja.

Com Sua presença, a Igreja testemunha a vida e a vitória do Ressuscitado, e nisto consiste a missão da comunidade: evangelizar com a presença e ação do Espírito Santo, que é a fonte de todos os dons, que devem ser postos a serviço de todos e não para benefício pessoal.

Lucas, na passagem da primeira Leitura (At 2,1-11), nos apresenta a comunidade que nasce do Ressuscitado, assistida pelo Espírito e chamada a testemunhar a todos os povos o Projeto Libertador do Pai.

A Festa de Pentecostes, que antes era uma festa agrícola (colheita da cevada e do trigo), a colheita dos primeiros frutos, ganhou novo sentido, tornou-se a festa histórica da celebração da Aliança, da acolhida do dom da Lei no Sinai e a constituição do Povo de Deus.

Mas, o mais belo e verdadeiro sentido que nos leva a celebrar é a acolhida do Espírito Santo. Deste modo, contemplamos o grande Pentecostes, cinquenta dias após a Páscoa.

O Espírito é apresentado em forma de língua de fogo, que consiste na linguagem do amor. Verdadeiramente, a língua do Espírito é o amor que torna possível a comunhão universal.

Caberá à comunidade construir a antibabel, a humanidade nova, que pauta a existência pela ação do Espírito, que reside no coração de todos como Lei suprema, como fonte de amor e de liberdade.

Reflitamos:
- Somos uma comunidade do Ressuscitado?
- Nossa comunidade é marcada por relações de amor e partilha?
- Empenhamo-nos em aprender a língua do Espírito, a linguagem do Amor?

- Qual é o espaço do Espírito Santo em nossas comunidades?
- Temos sido renovados pelo Espírito, orientando e animando nossa vida por Sua ação e manifestação?
- Somos uma comunidade que vive a unidade na diversidade, com liberdade e respeito?

Na passagem da segunda Leitura da Carta de Paulo aos Coríntios (1 Cor 12, 3-b-7.12-13), o Apóstolo nos fala de uma comunidade viva, fervorosa, mas com partidos, divisões e rivalidades entre os seus membros, e até mesmo certa hierarquia de categoria de cristãos.

Também aponta a importância da diversidade dos carismas. Porém, um só é o Senhor, um só é o Espírito do qual todos os dons procedem.

Insiste na unidade da comunidade como um corpo, onde todos têm sua importância, sua participação, cientes de que é a ação do Espírito que dá vida ao corpo de Cristo, fomenta a coesão, dinamiza a fraternidade e é fonte da verdadeira unidade.

Afasta-se, portanto, toda possibilidade de prepotência e autoritarismo dentro da Igreja.

"O dom do Espírito habilita o crente batizado a colocar as suas qualidades e aptidões ao serviço do crescimento e da vitalidade da Igreja.

Ninguém é inútil e estéril na Igreja quando se deixa guiar pelo Espírito de Deus que atua para o bem de todos.

O único obstáculo à ação vivificadora do Espírito é a tendência a considerar os seus dons como um direito de propriedade e não um compromisso ao serviço e à partilha recíproca” (1)

Reflitamos:

- Verdadeiramente, o Espírito Santo é o grande Protagonista da ação evangelizadora da Igreja?
- Colocamos com alegria os dons que possuímos a serviço do bem da comunidade e não a serviço próprio?

Na passagem do Evangelho (Jo 14,15-16.23b-26), numa ceia de despedida, Jesus assegura aos discípulos, inquietos e assustados com Sua eminente partida para junto do Pai, a vinda do Paráclito.

Sua missão será conduzir a comunidade em direção à verdade, à comunhão cada vez mais profunda, íntima e intensa com Ele. Tão somente assim, a comunidade se tornará a morada de Deus no mundo, no fiel testemunho da Salvação oferecida por Deus à humanidade.

Vivendo o Mandamento do Amor, permanecerão com Ele, e junto do Pai enviará o Defensor, o Paráclito:

“Se me amais, guardareis os meus Mandamentos, e Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará um outro Defensor, para que permaneça sempre convosco: O Espírito da Verdade, que o mundo não é capaz de receber, porque não O vê nem O conhece” (Jo 14,  15.17a).

Após a missão de Jesus, caberá ao Paráclito assistir a comunidade que dará continuidade a esta:

Enquanto esteve com os discípulos, Jesus ensinou-os, protegeu-os, defendeu-os; mas, a partir de agora, será o Espírito que ensinará e cuidará da comunidade de Jesus.

O Espírito desempenhará, neste contexto, um duplo papel: em termos internos, conservará a memória da pessoa e dos ensinamentos de Jesus, ajudando os discípulos a interpretar esses ensinamentos à luz dos novos desafios; por outro, dará segurança aos discípulos, guiá-los-á e defendê-los-á quando eles tiverem de enfrentar a oposição e a hostilidade do mundo.

Em qualquer dos casos, o Espírito conduzirá essa comunidade em marcha pela história, ao encontro da verdade, da liberdade plena, da vida definitiva”. (2)

Renovemos a alegria de continuar a missão de Jesus, contando com a força e presença do Paráclito, do Espírito Santo, que conduz, ilumina, orienta, fortalece a Igreja, como tão bem vamos celebrar na Festa de  Pentecostes.

Também hoje a Evangelização coloca à nossa frente desafios, provações, inquietações. Não podemos estacionar nem recuar no testemunho da fé. Dar razão da esperança é preciso, pois Deus habita em nós e em Sua Igreja.

A razão de nossa esperança passa necessariamente pela qualidade do testemunho do nosso amor, que torna válida, frutuosa a nossa fé, fecundando o mundo novo, como instrumento da realização do Reino por Jesus inaugurado.


(1) Lecionário comentado – Tempo da Páscoa – p.660. 

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