domingo, 21 de maio de 2023

“Comunicar esperança e confiança, no nosso tempo”



“Comunicar esperança e confiança, no nosso tempo”

Apresento alguns pontos da Mensagem do Papa Francisco  para o 51ª Dia Mundial das Comunicações Sociais, celebrado no dia da Ascensão do Senhor de 2017, com o tema - “Não tenhas medo, que Eu estou contigo” (Is 43, 5), tendo como título “Comunicar esperança e confiança, no nosso tempo”.

No início, reconhece que graças ao progresso tecnológico, ao acesso aos meios de comunicação, muitas pessoas podem ter conhecimento, quase instantâneo, das notícias e divulgá-las, sejam boas ou más.

Em seguida, exorta para que tenhamos uma comunicação construtiva que promova a cultura do encontro:

A todos quero exortar a uma comunicação construtiva, que, rejeitando os preconceitos contra o outro, promova uma cultura do encontro por meio da qual se possa aprender a olhar, com convicta confiança, a realidade”.

Fala-nos da necessidade de romper o círculo vicioso da angústia e deter a espiral do medo, resultante do hábito de se fixar a atenção nas «notícias más» (guerras, terrorismo, escândalos e todo o tipo de falimento nas vicissitudes humanas). Mas sem que caiamos na promoção da desinformação, onde seja ignorado o drama do sofrimento, num otimismo ingênuo que não se deixe tocar pelo escândalo do mal.

Antes, pelo contrário, gostaria que todos procurássemos ultrapassar aquele sentimento de mau-humor e resignação, que muitas vezes se apodera de nós, lançando-nos na apatia, gerando medos ou a impressão de não ser possível pôr limites ao mal. Aliás, num sistema comunicador, onde vigora a lógica de que uma notícia boa não desperta a atenção, e por conseguinte não é uma notícia, e onde o drama do sofrimento e o mistério do mal facilmente são elevados a espetáculo, podemos ser tentados a anestesiar a consciência ou cair no desespero.

Oferece-nos uma contribuição para a busca dum estilo comunicador aberto e criativo, que não se prontifique a conceder papel de protagonista ao mal,  mas procurando evidenciar as possíveis soluções, inspirando uma abordagem propositiva e responsável nas pessoas a quem se comunica a notícia.

A necessidade da Boa Notícia que, para nós, cristãos, são os óculos adequados para decifrar a realidade só podem ser os da boa notícia: partir da Boa Notícia por excelência, ou seja, o «Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus» (Mc 1, 1):

Esta boa notícia, que é o próprio Jesus, não se diz boa porque nela não se encontra sofrimento, mas porque o próprio sofrimento é vivido num quadro mais amplo, como parte integrante do Seu amor ao Pai e à humanidade. Em Cristo, Deus fez-Se solidário com toda a situação humana, revelando-nos que não estamos sozinhos, porque temos um Pai que nunca pode esquecer os Seus filhos. «Não tenhas medo, que Eu estou contigo» (Is 43, 5): é a palavra consoladora de um Deus desde sempre envolvido na história do Seu povo”.

É preciso manter viva a esperança que não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações (cf. Rm 5, 5), e faz germinar a vida nova, como a planta cresce da semente caída na terra.

Deste modo, qualquer novo drama que aconteça na história do mundo torna-se cenário possível também de uma boa notícia, uma vez que o amor consegue sempre encontrar o caminho da proximidade e suscitar corações capazes de se comover, rostos capazes de não se abater, mãos prontas a construir.

A confiança na semente do Reino: “Para introduzir os Seus discípulos e as multidões nesta mentalidade evangélica e entregar-lhes os «óculos» adequados para se aproximar da lógica do amor que morre e ressuscita, Jesus recorria às parábolas, nas quais muitas vezes se compara o Reino de Deus com a semente, cuja força vital irrompe precisamente quando morre na terra (cf. Mc 4, 1-34)...
O Reino de Deus já está no meio de nós, como uma semente escondida a um olhar superficial e cujo crescimento acontece no silêncio. Mas quem tem olhos, tornados limpos pelo Espírito Santo, consegue vê-lo germinar e não se deixa roubar a alegria do Reino por causa do joio sempre presente”.

Os horizontes do Espírito: é a Boa Nova que ouviremos na Festa da Ascensão do Senhor: Aparentemente o Senhor afasta-Se de nós, quando na realidade são os horizontes da esperança que se alargam. Pois em Cristo, que eleva a nossa humanidade até ao Céu, cada homem e cada mulher consegue ter «plena liberdade para a entrada no santuário por meio do sangue de Jesus. Ele abriu para nós um caminho novo e vivo através do véu, isto é, da Sua humanidade» (Heb 10, 19-20).

Através ‘da força do Espírito Santo’, podemos ser ‘testemunhas’ e comunicadores duma humanidade nova, redimida, ‘até aos confins da terra’ (cf. At 1, 7-8)”.

É preciso deixar-nos guiarmos pelo Espírito Santo, o Espírito Consolador,  que nos capacita para  discernir, em cada evento, o que acontece entre Deus e a humanidade, reconhecendo como Ele mesmo, no cenário dramático deste mundo, esteja compondo a trama de uma história de salvação.

Portanto, é preciso alimentar a esperança, sem cessar, com a Boa Notícia, reimpressa na vida dos Santos, que foram homens e mulheres que se tornaram ícones do amor de Deus.

Finaliza dizendo que é preciso, também, que em nós, “canais vivos”, o Espírito semeie o desejo do Reino, através de muitos «canais» vivos e faróis na escuridão deste mundo, que iluminam a rota e abrem novas sendas de confiança e esperança.

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