domingo, 21 de maio de 2023

“Silêncio e palavra: caminho de evangelização” (2012)



“Silêncio e palavra: caminho de evangelização”

“No silêncio da Cruz, fala a eloquência
do Amor de Deus vivido até o dom supremo.”

Oportuno retomar a Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais (2012), do Papa Bento XVI: “Silêncio e palavra: caminho de evangelização”.

O Papa nos fala do processo humano da comunicação que deve se dar na perfeita articulação entre silêncio e palavra, que constituem dois momentos da comunicação que devem se equilibrar, alternar e integrar entre si para se alcançar um diálogo autêntico e uma união desejável e profunda entre as pessoas.

É preciso afastar todos os ruídos para o aprendizado deste processo humano de comunicação, para não cairmos na deterioração da comunicação, gerando indiferença, esvaziamento do conteúdo dos relacionamentos.

A ausência do silêncio pode levar à perda da densidade e do conteúdo das palavras, por isto é preciso aprender a escutar e falar, falar e escutar, num movimento contínuo.

Somente a escuta de si mesmo e do outro, num diálogo sincero, possibilita relações humanas mais plenas. Somente através do silêncio somos capazes de perceber o que acontece ao nosso redor: alegrias, preocupações, sofrimentos e quaisquer outras formas de expressão.

O silêncio fecundo também possibilita o discernimento entre o que é essencial e o que é inútil ou acessório, sobretudo num mundo em que as informações são tão abundantes.

O Papa se vale de um conceito muitíssimo interessante para falar do processo de comunicação como uma espécie de “ecossistema”, na perfeita harmonia entre silêncio, palavra, imagens e sons.

Silêncio é precioso também para favorecer o discernimento necessário para questões pertinentes: “Quem sou eu? Que posso saber? Que devo fazer? Que posso esperar?”.

Silêncio e reflexão possibilitarão o encontro para as respostas, e assim será possível que a pessoa desça até o mais fundo de si mesma, abrindo-se para o caminho de resposta inscrito por Deus em seu coração. Numa palavra: aprofundar no silêncio a intimidade com Deus e o encontro consigo mesmo.

O Papa ressalta a importância dos Meios de Comunicação Social através de sites, aplicações e redes sociais, que se bem utilizados podem favorecer o silêncio, ocasiões de Oração meditação ou partilha da Palavra, até mesmo com breves mensagens (por exemplo, um versículo bíblico). Tudo deve colaborar para o “o cultivo da própria interioridade”.

Acenando para a Cruz, nos fala do silêncio da Cruz. Nela ocorre a fala mais eloquente do Amor de Deus vivido até o dom supremo.

Deus nos fala no Mistério do Seu silêncio. Na Cruz se dá o maior momento de seu silêncio, e nele falamos com Deus e de Deus.

É preciso que aprendamos a passar do nível da linguagem que se revela inadequada à contemplação silenciosa, e desta para a missão.

Isto somente se torna possível quando mergulhamos na fonte do Amor que nos guia ao encontro do nosso próximo, e nos tornamos testemunhas do desígnio da salvação divina. Assim anunciamos o verdadeiro Rosto de Deus Pai, a nós revelado por Jesus com Sua Cruz e Ressurreição.

O coração humano somente encontrará respostas para sua inquietação no Mistério de Cristo; do qual nasce a missão da Igreja e nos faz anunciadores de esperança e salvação, e testemunhas do verdadeiro amor, comprometidos com a dignidade humana, construindo relações de justiça e paz.

Finaliza acenando mais uma vez para o necessário processo de educação em comunicação, que consiste em muito mais que falar, mas aprender a escutar e contemplar.

O Papa confia a obra da evangelização da Igreja, através dos meios de comunicação social, a Maria, cujo silêncio “escuta e faz florescer a Palavra” (Oração pela Ágora dos Jovens italianos em Loreto 1-2 de setembro de 2007).

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