sábado, 4 de maio de 2024

Aleluia! Louvemos ao Senhor!

                                                             

Aleluia! Louvemos ao Senhor!


Voltemo-nos para um dos Comentários sobre os Salmos, do Bispo Santo Agostinho (séc. V) que nos dará o sentido mais profundo do “Aleluia Pascal”:

Toda a nossa vida presente deve transcorrer no louvor de Deus, porque louvar a Deus será também a alegria eterna de nossa vida futura.

Ora, ninguém pode tornar-se apto para a vida futura se, desde já, não se prepara para ela. Agora louvamos a Deus, mas também rogamos a Deus. Nosso louvor está cheio de alegrias, e nossa Oração, de gemidos.

Foi-nos prometido algo que ainda não possuímos; porém, por ser feliz quem o prometeu, alegramo-nos na esperança; mas, como ainda não estamos na posse da promessa, gememos de ansiedade.

É bom perseverarmos no desejo, até que a promessa se realize; então acabará o gemido e permanecerá somente o louvor.

Assim podemos considerar duas fases da nossa existência: a primeira, que acontece agora em meio às tentações e dificuldades da vida presente; e a segunda, que virá depois na segurança e alegria eterna.

Por isso, foram instituídas para nós duas celebrações: a do Tempo antes da Páscoa e a do Tempo depois da Páscoa.

O Tempo antes da Páscoa representa as tribulações que passamos nesta vida. O que celebramos agora, depois da Páscoa, significa a felicidade que alcançamos na vida futura.

Portanto, antes da Páscoa celebramos o que estamos vivendo; depois da Páscoa celebramos e significamos o que ainda não possuímos. Eis porque passamos o primeiro Tempo em jejuns e Orações; no segundo, porém, que estamos celebrando, deixando os jejuns, nos dedicamos ao louvor de Deus. É este o significado do Aleluia que cantamos.

Em Cristo, nossa cabeça, ambos os tempos foram figurados e manifestados. A Paixão do Senhor mostra-nos as dificuldades da vida presente, em que é preciso trabalhar, sofrer e por fim morrer. A Ressurreição e glorificação do Senhor nos revelam a vida que um dia nos será dada.

Agora, pois, irmãos, vos exortamos a louvar a Deus. É isto o que todos nós exprimimos mutuamente quando cantamos: Aleluia. Louvai o Senhor, dizemos nós uns aos outros.

E assim todos põem em prática aquilo que se exortam mutuamente. Mas louvai-O com todas as vossas forças, isto é, louvai a Deus não só com a língua e a voz, mas também com a vossa consciência, vossa vida, vossas ações.

Na verdade, louvamos a Deus agora que nos encontramos reunidos na Igreja. Mas logo ao voltarmos para casa, parece que deixamos de louvar a Deus. Não deixes de viver santamente e louvarás sempre a Deus. Deixas de louvá-Lo quando te afastas da justiça e do que lhe agrada.

Mas, se nunca te desviares do bom caminho, ainda que tua língua se cale, tua vida clamará; e o ouvido de Deus estará perto do teu coração. Porque assim como nossos ouvidos escutam nossas palavras, assim os ouvidos de Deus escutam nossos pensamentos.”

Aleluia!”

Crente ou não, quem nunca pronunciou esta palavra? Palavra de origem hebraica que no seu sentido mais exato quer dizer: “louvai ao Senhor”.

“Aleluia!” quando do coração provindo, pelos lábios pronunciado, ou mesmo cantado, com conteúdo de vida acompanhado, nos mergulha na intensidade e beleza de uma Fé Pascal.

Damos a cada momento, fato, dificuldade, tribulação, perda ou ganho vivido, um matiz de Mistério Pascal.

Louvemos ao Senhor em todos os momentos, porque já temos em nós a semente da Eternidade; já podemos experimentar as delícias no tempo presente e plenamente nos céus.

Depende de como pautamos e vivemos nossa vida; de como iluminamos nossa consciência e coração, para que vida e ação correspondam ao desejo de Deus: nossa santificação e felicidade.

Que vivendo o Amor de Cruz, pelo Filho Amado testemunhado, já experimentemos a plena alegria prometida (Jo 15, 9-17).

Vivendo o Amor de Cruz, nossos “aleluias!” ganhem cada vez mais beleza de conteúdo e intensidade de compromissos com o Reino.

Do coração para os lábios; dos lábios para a vida; da vida para a eternidade.

Aleluia! Aleluia! Aleluia!


PS: Cf. Liturgia das Horas - Vol. II - pp 778-780.

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG