domingo, 14 de maio de 2023

A indispensável presença do Paráclito(VIDTPA)(05/05)

 


A indispensável presença do Paráclito

"Não vos deixarei órfãos. 

Eu virei a vós." (Jo 14,18)

 

No 6º Domingo da Páscoa, quando ouvimos a passagem do Evangelho de João (Jo 14,15-21), em que Jesus nos promete a vinda do Paráclito, a fim de que não fiquemos desamparados, sejamos enriquecidos pelo Sermão de São João Crisóstomo (séc. V):

Se me amais, guardareis os meus Mandamentos. Eu vos dei um Mandamento: que vos amei mutuamente e façais uns aos outros como Eu fiz convosco. Nisto consiste o amor: em cumprir os Mandamentos e colocar-se a serviço do amado. E Eu pedirei ao Pai que vos dê outro Defensor. São palavras de despedida. E como ainda não O conheciam bem, era muito provável que eles teriam de buscar ansiosamente a companhia do ausente, Suas palavras, Sua presença física, e que não teriam de aceitar, uma vez que Ele tivesse partido, nenhum tipo de consolo. E o que Ele diz? Eu pedirei ao Pai que vos dê outro Defensor, isto é, outro como Eu.

Depois de tê-los purificado com o Seu sacrifício, então sobrevoou o Espírito Santo. Por que não veio quando Jesus estava com eles? Porque ainda não se tinha oferecido o sacrifício. Mas uma vez que o pecado foi apagado e eles, enviados aos perigos, se disporiam para a luta, era necessário o envio do Consolador. E por que o Espírito não veio imediatamente depois da Ressurreição? Justamente para que, avivados por um desejo mais ardente, O recebessem com maior fruto.

De fato, enquanto Cristo estava com eles, não conheciam a aflição; mas quando Ele Se foi, ao ficarem sozinhos e tomados de temor, haveriam de recebê-Lo com um maior anelo. Que permaneça sempre convosco, isto é, não vos abandonará nem mesmo depois da morte. E para que, ao ouvir falar do Defensor, não pensassem em uma nova encarnação e acolhessem a esperança de vê-Lo com seus próprios olhos, a fim de afastar semelhante suspeita, diz: O mundo não pode recebê-Lo porque não O vê.

Porque não viverá convosco como Eu, mas sim habitará em vossas almas, pois é isso que quer dizer permaneça convosco. O chama Espírito da verdade, ligando assim as figuras da antiga Lei. Para que permaneça convosco. Que significa permaneça convosco? O mesmo que disse de si mesmo: Eu estou convosco. Mas ainda insinua outra coisa: Não vai padecer o que Eu padeci, nem se ausentará.

O mundo não pode recebê-Lo porque não O vê. Mas como? É porque o Espírito se contava entre as coisas visíveis? Em absoluto. O que acontece é que Cristo Se refere aqui ao conhecimento, pois acrescenta: nem O conhece, já que habitualmente se chama visão ao conhecimento penetrante. Realmente, sendo a vista o mais destacado dos sentidos, mediante ela sempre designa o conhecimento penetrante. Ele chama aqui ‘mundo’ aos perversos, e desta forma consola aos Seus discípulos, oferecendo-lhes este precioso dom. Vede como exalta a grandeza deste dom. Diz que é distinto d’Ele; acrescenta: ‘não vos deixará’; insiste: virá unicamente a eles, como também Eu vim. Disse: Permaneça em vós; mas nem mesmo assim dissipou sua tristeza. Ainda O buscavam, queriam Sua companhia. Para tranquilizá-los diz: Tampouco Eu vos deixarei desamparados, voltarei. Ele diz: Não temais; não disse que vos enviarei outro Defensor, porque Eu vou deixar-vos para sempre; nem disse: vive em vós, como se não tenha de voltar a vê-los. Na realidade, também Eu virei a vós. Não vos deixarei desamparados.”

Alegremo-nos, não caminhamos sozinhos e desamparados, o Senhor prometeu e cumpriu e nos enviou, junto do Pai, o Espírito Santo, o Paráclito, o Advogado, o Defensor.

Inúmeros são os desafios na ação evangelizadora, e como somos fortalecidos e animados, em saber que podemos contar com a presença e a ação do Espírito Santo que nos ilumina.

Concluímos com as palavras do Bispo São Cirilo (séc. V): 

 

“A Sua chegada é precedida por esplêndidos raios de luz e ciência. Ele vem com o amor entranhado de um irmão mais velho: Vem para salvar, curar, ensinar, aconselhar, fortalecer, consolar, iluminar a alma de quem O recebe, e, depois por meio desse, a alma dos outros.”

 

Alegremo-nos, de fato, pois não estamos órfãos. O Espírito por Jesus prometido nos foi enviado. Aleluia!

 

 

(1): Lecionário Patrístico Dominical – Editora Vozes – 2013 - pp. 105-106.

 

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