Comunicar a Família:
Ambiente privilegiado do encontro na gratuidade do amor
Retomo alguns aspectos da Mensagem do Papa Francisco para o 49º Dia Mundial das Comunicações Sociais (2015).
“Comunicar a família: ambiente privilegiado do encontro na gratuidade do amor”. O verbo aprender é quase um “refrão” de toda a Mensagem.
O Papa nos apresenta a família como o lugar privilegiado para o aprendizado da comunicação, partindo da passagem bíblica sobre encontro de Maria com sua prima Isabel (Lc 1,39-56).
Neste acontecimento, temos a comunicação como um diálogo que se tece com a linguagem do corpo, de modo que a exultação pela alegria do encontro é, em certo sentido, o símbolo de qualquer outra comunicação que aprendemos ainda antes de chegar ao mundo, e assim, o ventre que nos abriga é a primeira “escola” de comunicação.
Mesmo vindo ao mundo, permanecemos como num “ventre” que é a família: um ventre feito de pessoas diferentes, inter-relacionando-se; a família torna-se um espaço onde se aprende a conviver na diferença, como mencionara na “Alegria do Evangelho” (cf. n.66).
Na família se aprende a falar na “língua materna”, dos antepassados (cf. 2 Mc 7, 21.27).
Em seguida, apresenta-nos três dinâmicas de comunicação aprendidas na família: a Oração, o perdão e a bênção.
Aprende-se na família a dimensão religiosa da comunicação, que é impregnada do Amor de Deus, que se dá a nós, e que nós oferecemos aos outros.
Na família, acontece a descoberta e a construção de proximidade: aprende-se a capacidade de abraçar, apoiar, acompanhar, decifrar olhares e silêncios, rir e chorar juntos, entre pessoas que não se escolheram e que são tão importantes uma para as outras.
Acena para o aprendizado da “visitação”, abrir as portas, não se encerrar no “próprio apartamento”, sair e ter com o outro: “A própria família é viva, respira abrindo-se para além de si mesma; e as famílias que assim procedem podem comunicar a sua mensagem de vida e comunhão, podem dar conforto e esperança ás famílias mais feridas, e fazer crescer a própria Igreja, que é uma família de famílias”.
A Igreja, como família de famílias, deve aprender a se comunicar de modo inclusivo, tornando nossas comunidades mais acolhedoras para com todos, sem a exclusão de ninguém.
Em alusão aos atuais meios de comunicação mais modernos, acena para sua dupla possibilidade: tanto podem dificultar como ajudar a comunicação em família e entre as famílias.
Dificulta quando se torna uma forma de subtração da escuta, levando ao isolamento, apesar da presença física, saturando todo momento de silêncio e espera.
De outro lado, pode favorecer se ajuda a narrar (compreenda-se “narrar” a necessária superação do produzir e consumir informação) e compartilhar; a permanecer em contato com os de longe, agradecendo e pedindo perdão, tornando possível, sem cessar o encontro pessoal:
“Descobrindo diariamente este centro vital que é o encontro, este ‘início vivo’, sabemos orientar o nosso relacionamento com as tecnologias, em vez de nos deixarmos arrastar por elas. Também neste campo, os primeiros educadores são os pais. Mas não devem ser deixados sozinhos; a comunidade cristã é chamada a colocar-se a seu lado, para que saibam ensinar os filhos a viver, no ambiente da comunicação, segundo os critérios da dignidade da pessoa humana e do bem comum”.
Apresenta-nos a família não como um “modelo abstrato”, e tão pouco como um problema ou uma instituição em crise, e é preciso que cada família seja chamada a contribuir na reflexão de toda a Igreja sobre a vocação e a missão da família hoje, com sua beleza e riqueza, limitações e imperfeições.
Acenando para o protagonismo da família como espaço do aprendizado da comunicação, exorta que esforços sejam multiplicados, não para a defesa do passado, mas com trabalho, paciência e confiança, em todos os ambientes, para a construção do futuro.
Num contexto marcado pelo individualismo, sejam nossas famílias uma grande comunicação, um ambiente concreto de aprendizagem à comunicação, relacionamento e abertura ao outro, acenando que no horizonte outra sociedade é possível, se construída por laços de amor e gratuidade entre esposos, pais e filhos, irmãos e irmãs.
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