segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

As palavras nunca serão o bastante suficientes...

               As palavras nunca serão o bastante suficientes...

“Ninguém é justificado por observar a Lei de Moisés,
mas por crer em Jesus Cristo” (Gl 2,16).

Acolhamos esta página catequética escrita pelo Bispo São João Crisóstomo (séc. IV), na qual ele estabelece um paralelo entre Moisés e Cristo.

“Os judeus viram milagres. Tu também verás, maiores e mais estupendos do que os do tempo em que os judeus saíram do Egito.

Não viste o Faraó afogado no mar com seu exército, mas viste o demônio tragado pelas ondas com as suas armas. Os judeus passaram o Mar Vermelho, tu passaste para além da morte. Eles foram libertados dos egípcios e tu, do poder dos demônios. Eles escaparam da escravidão do estrangeiro e tu, escapaste da escravidão muito mais triste do pecado.

Queres ainda mais provas de que foste honrado com favores maiores? Os judeus não puderam contemplar o rosto resplandecente de Moisés, que era homem como eles e servo do mesmo Senhor; tu, porém, viste a Glória do rosto de Cristo. E Paulo exclama: Todos nós, com o rosto descoberto, contemplamos a Glória do Senhor (2Cor 3,18).

Os judeus tinham Cristo que os seguia; mas agora Ele nos segue de modo muito mais real. Então o Senhor os acompanhava por causa de Moisés; agora nos acompanha não só por causa de Moisés, mas também por nossa obediência.

Os judeus, depois do Egito, encontraram o deserto; tu, depois da morte, encontrarás o céu. Em Moisés eles tinham um guia e chefe excelente; nós temos como chefe e guia o novo Moisés, que é o próprio Deus.

Qual era a característica de Moisés? Moisés, diz a Escritura, era um homem muito humilde, mais do que qualquer outro sobre a terra (Nm 12,3).

Esta qualidade podemos sem erro atribuí-la ao nosso Moisés, porque é assistido pelo suavíssimo Espírito que lhe é intimamente consubstancial.

Moisés, erguendo as mãos ao céu, fazia cair o maná, o pão dos Anjos; o nosso Moisés ergue as mãos ao céu e nos dá o Alimento eterno. Aquele feriu a rocha e fez brotar torrentes de água; este toca na Mesa, a Mesa espiritual, e faz jorrar as  fontes do Espírito. Por isso, a Mesa está colocada no meio, como uma fonte, para que de todos os lados acorram os rebanhos à fonte e bebam das Águas da Salvação.

Uma vez que nos é dada uma tal fonte, um manancial de vida tão abundante, uma vez que a nossa Mesa está repleta de bens inumeráveis e nos inunda com seus dons espirituais, aproximemo-nos de coração sincero e consciência pura, para alcançarmos graça e misericórdia no tempo oportuno.

Pela graça e misericórdia do Filho único, nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, por quem e com quem seja dada ao Pai e ao Espírito, fonte de vida, a glória, a honra e o poder, agora e para sempre, pelos séculos dos séculos. Amém.”

A atenta reflexão nos levará a reconhecer o quanto Jesus Cristo é imensuravelmente superior, e as graças infinitas que são derramadas sobre nós.

Vivendo intensamente o Tempo da Quaresma, unamo-nos, cada vez mais ao Senhor, configurados a Ele no Seu Mistério de Paixão e Morte, para com Ele também ressuscitarmos.

De fato, as palavras não são o bastante suficientes para tudo expressar, quando se diz que Jesus é o novo Moisés, que veio para nos salvar, reconciliando-nos com Deus, e nos ensinando a sermos mais humanos e fraternos - "Vós sois todos irmãos" (Mt 23,8), vivendo o Novo Mandamento do amor que Ele viveu e nos deu.

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG