segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

A sede da alma...

A sede da alma...
A procura e o encontro

Talvez pareça estranho, mas neste post vou falar de música, e de um cantor, provavelmente pouco conhecido, Vander Lee, ou de repente mais conhecido até do que eu possa pensar..

A primeira vez que o ouvi foi numa FM com a música, “Esperando aviões”. Pouco depois descobri que ele  vem da nossa querida Minas Gerais, e que é autor de outras músicas que conheço. Mas quando ouvi: “Onde Deus possa me ouvir”, percebi que ela nos leva a múltiplas reflexões, e para facilitar  transcrevo a letra:

“Sabe o que eu queria agora, meu bem...?
Sair chegar lá fora e encontrar alguém
Que não me dissesse nada,
Não me perguntasse nada também
Que me oferecesse um colo ou um ombro
Onde eu desaguasse todo desengano,
Mas a vida anda louca,
As pessoas andam tristes,
Meus amigos são amigos de ninguém.
Sabe o que eu mais quero agora, meu amor?
Morar no interior do meu interior
Pra entender porque se agridem,
Se empurram pro abismo
Se debatem, se combatem sem saber.
Meu amor...
Deixa eu chorar até cansar
Me leve pra qualquer lugar
Aonde Deus possa me ouvir
Minha dor...
Eu não consigo compreender
Eu quero algo pra beber
Me deixe aqui pode sair.
Adeus...”

Temos uma poética descrição da realidade, do quotidiano, que me inspira a colocar luzes de espiritualidade, como é o propósito deste blog.

Quem não viveu momentos como este?
Quem de nós não precisou de um colo?

Às vezes colo da mãe ou do pai, outras pessoas precisaram  do colo do amado ou da amada; e ainda do ombro de um amigo, para reclinar a cabeça e partilhar o peso de uma responsabilidade.

Este desejo tão existencial e tão humano levou-me a refletir sobre aquele momento em que João repousou no lado do Senhor. Quantas vezes desejarmos e quisermos poderemos fazer o mesmo, colocar-se no lugar do discípulo amado... Que cena enternecedora!

 “Onde eu desaguasse todo desengano” canta o poeta. Com quem podemos nos abrir e sermos sincero?
No espaço da comunidade procuramos construir relações que nem sempre culminam na pura expressão da sinceridade, da abertura, da confiança...

Nas Cartas de Paulo têm várias passagens que são profundas e sempre novas exortações à unidade, à sinceridade, à concórdia, ao crescimento espiritual, contra toda tentação de infantilismo espiritual...

Será triste e decepcionante, no mínimo, descobrirmos que “meus amigos não são amigos de ninguém” Que graça terá a vida se não for a construção de feixe de relações que se vinculam, estreitam e solidificam pelo amor fraterno, em autênticas amizades, que nos enriquecem como nos diz a Escritura: “Quem tem um amigo tem um tesouro”?

“Mas a vida anda louca...” Infelizmente, é fato! Mas creio, piamente que reversível desde que a loucura da Cruz tome o lugar da loucura do mundo. Loucura da Cruz que foi escândalo para os judeus, loucura para os gregos. 

A loucura do mundo abraçada e propagada é a simultaneidade do abraço com a tristeza. O embalo do mundo, das coisas que passam não traz a alegria. Perfeita alegria somente em Deus e com Deus.

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