segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

A sede da alma... (continuação)


A sede da alma...                         
A procura e o encontro

Com estas poucas palavras o autor nos diz muito: “Pra entender porque se agridem, se empurram pro abismo; se debatem, se combatem sem saber...”.

Quantas  vezes vemos cenas absurdas se multiplicando; de violência, de competição, de prevalecimento da fraqueza do outro; noutras vezes até se colabora para que a pessoa caminhe para o abismo do desencontro consigo mesmo.

Quantas vezes mais do que se empurrar para o abismo, faz-se crescer o abismo entre as pessoas, entre os ricos e os pobres; abismos que nos distanciam, nos desfiguram, nos exilam da humanidade feita pelas mãos do Deus-Criador, para que fossemos Sua querida imagem... (Gênesis 1-2)

Quantos combates sem sentido, muitas vezes, entre quatro paredes. Ah, como seria bela a vida se o combate, a rivalidade fosse no amor mútuo tão apenas!  Quantos combates, gastos astronômicos com armas de guerra, para quê?

Lembro-me de um quadro em que haviam crianças, metralhadora, cenário de guerra e apenas uma pergunta – “Why” – “Por que?”, nunca me esqueci deste quadro... talvez porque este cenário se repete ao nosso lado, tal qual ou disfarçado...

Este pedido é  tão sincero e profundo: “Deixa eu chorar até cansar”. Cansar do choro sim, da luta jamais, desistir jamais... Choro alivia a alma, rega sementes de esperança, revigora passos com maior confiança.

Embora  na letra da música estejam separados, vejo a perfeita sintonia: “Morar no interior do meu interior... Me leve pra qualquer lugar aonde Deus possa me ouvir...”. Haverá lugar melhor para o encontro com Deus, do que o “... interior do meu interior?” Bem disse o grande Bispo Santo Agostinho nas Confissões “Tarde Te amei...“ que ora deleitosamente transcrevo:

“Onde Te encontrei Senhor, para Te conhecer? Não estavas certamente em minha memória antes que eu Te conhecesse... Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! Estavas dentro e eu fora te procurava.” (vide post: Nunca é tarde para amar o amado - Jesus).

Finalizando, se é que se pode finalizar algo aqui:  “Eu não consigo compreender; Eu quero algo pra beber; Me deixe aqui pode sair.”

“Beber” poderá ser entendido como a busca do álcool para afogar as angústias, como muitos assim pensam e fazem. Não acredito nisto, e jamais diria que este  é o caminho, ao contrário, descaminho, e a queda do abismo a que se referiu anteriormente.

Quem tenha se entregado ao vício e encontrado equilíbrio e sentido para a vida? Desconheço! Prefiro entender que há muitas coisas que ultrapassam nossa compreensão, e isto é muito bom. Somos limitados, passíveis de erros e acertos, ganhos e perdas, encontros e desencontros...

Se há algo a beber, que seja o vinho do Cálice Sagrado. O Próprio Senhor jamais nos apresentou Cálice do vinho como fuga, como algo prazeroso: “Por acaso podeis beber do Cálice que vou beber?”, aos discípulos interrogou. E na agonia do Horto assim disse: “Pai, se possível afasta de mim este cálice...”

Há músicas que ouvimos e passam sem nada deixar, outras jamais serão esquecidas... Esta é uma delas, quando a ouvi muita coisa foi passando como um filme em minha mente e não poderia deixar lá.

Procurei as palavras certas e a Palavra mais que certa, para oferecer ao leitor algo um tanto quanto diferente, mas que tem como única pretensão fazer bem à alma...

Que não vejamos as noites escuras como algo insuperável e interminável. Que no voltar-se para o interior do interior possamos Deus encontrar, e quando o encontramos tudo se ilumina. Na caverna de nossa existência o fogo do Espírito aquece, abrasa, queima, ilumina...

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG