quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

São Tiago e o Cálice do Senhor (25/07)

São Tiago e o Cálice do Senhor

Reflexão à luz da passagem do Evangelho de São Mateus  (Mt 20, 17-28), em que a mãe dos filhos de Zebedeu, João e Tiago pede a Jesus para que seus filhos viessem a se sentar no Reino de Jesus, um à direita e outro à esquerda.

Sejamos enriquecidos sobre esta passagem, à luz de uma das Homilias do Bispo São João Crisóstomo (Séc. IV):

“Os filhos de Zebedeu pedem a Cristo: Deixa-nos sentar um à Tua direita e outro, à Tua esquerda (Mc 10,37). Que resposta lhes dá o Senhor? Para mostrar que no seu pedido nada havia de espiritual, e se soubessem o que pediam não teriam ousado fazê-lo, diz: Não sabeis o que estais pedindo (Mt 20,22), isto é, não sabeis como é grande, admirável e superior aos próprios poderes celestes aquilo que pedis.

Depois acrescenta: Por acaso podeis beber o Cálice que Eu vou beber? (Mt 20,22). É como se lhes dissesse: ‘Vós me falais de honras e de coroas; Eu, porém, de combates e de suores. Não é este o tempo das recompensas, nem é agora que minha glória há de se manifestar. Mas a vida presente é de morte violenta, de guerra e de perigos’.

Reparai como o Senhor os atrai e exorta, pelo modo de interrogar. Não perguntou: ‘Podeis suportar os suplícios? Podeis derramar vosso sangue? Mas indagou: Por acaso podeis beber o Cálice? E para os estimular, ainda acrescentou: que Eu vou beber?

Assim falava para que, em união com Ele, se tornassem mais decididos. Chama Sua Paixão de Batismo, para dar a entender que os sofrimentos haviam de trazer uma grande purificação para o mundo inteiro. Então os dois discípulos lhe disseram: Podemos (Mt 20,22). Prometem imediatamente, cheios de fervor, sem perceber o alcance do que dizem, mas com a esperança de obter o que pediam.

Que afirma o Senhor? De fato, vós bebereis do meu Cálice (Mt 20,23), e sereis batizados com o Batismo com que Eu devo ser batizado (Mc 10,39). Grandes são os bens que lhes anuncia, a saber: ‘Sereis dignos de receber o martírio e sofrereis comigo; terminareis a vida com morte violenta e assim participareis da minha paixão’. Mas não depende de mim conceder o lugar à minha direita ou à minha esquerda. Meu Pai é quem dará esses lugares àqueles para os quais Ele os preparou (Mt 20,23). Somente depois de lhes ter levantado os ânimos e de tê-los tornado capazes de superar a tristeza é que corrigiu o pedido que fizeram.

Então os outros dez discípulos ficaram irritados contra os dois irmãos (Mt 20,24). Vedes como todos eles eram imperfeitos, tanto os que tentavam ficar acima dos outros, como os dez que tinham inveja dos dois?

Mas, como já tive ocasião de dizer, observai-os mais tarde e vereis como estão livres de todos esses sentimentos. Prestai atenção como o mesmo apóstolo João, que se adianta agora por este motivo, cederá sempre o primeiro lugar a Pedro, quer para usar da palavra, quer para fazer milagres, conforme se lê nos Atos dos Apóstolos.

Tiago, porém, não viveu muito mais tempo. Desde o princípio, pondo de parte toda a aspiração humana, elevou-se a tão grande santidade que bem depressa recebeu a coroa do martírio”.

Como discípulos de Jesus, não devemos procurar as “honras e coroas”, como nos falou o Bispo, mas estarmos sempre prontos para “os combates e os suores”.

São Tiago, que nasceu em Betsaida, e seu irmão, João, filhos de Zebedeu, estiveram presentes nos principais milagres realizados por Jesus Cristo.

Foi morto no ano 42, por Herodes, e é venerado com grande devoção em Compostela (Espanha), onde se construiu uma célebre basílica dedicada ao seu nome.

Roguemos a Deus para que nos dê a coragem e o ardor deste Apóstolo, na fidelidade ao Senhor, sem procurar um pseudo- cristianismo de “honras e coroas”, glória sem cruz, mas que tenhamos a maturidade para as renúncias necessárias e o carregar da cruz quotidiana, com a força e a sabedoria do Espírito, que vem sempre em socorro de nossa fraqueza para os “combates e os suores”, iluminados pela Palavra do Senhor e alimentados pelo Seu Corpo e Sangue recebidos na Eucaristia.

PS: Festa celebrada dia 25 de julho.
Apropriada para refletirmos a passagem do Evangelho de São Marcos (Mc 10,35-45)

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