terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

Da Paixão, Morte e Cruz à glória da Ressurreição

Da Paixão, Morte e Cruz à glória da Ressurreição

Como Igreja, vivemos o tempo da Quaresma, um tempo favorável de graça e salvação para todos que se põem a caminho com o Senhor. Urge fortalecer a todos nesta travessia em que consiste a vida humana, atentos à voz de Deus, que incansavelmente nos fala aos corações e conduz a história.

A Palavra de Deus ricamente proclamada nas Missas da Quaresma, leva-nos a tomar consciência de nossos pecados, em fecunda penitência, na prática dos exercícios quaresmais da esmola, da oração e do jejum (Mt 6, 1-18) e, também, somos renovados pela misericórdia divina, sobretudo pela experiência profunda do amor e do perdão de Deus recebido, e também vivido entre nós.

Para que vivamos uma verdadeira e frutuosa Quaresma, com gestos multiplicados na construção de um mundo mais fraterno, é preciso que tenhamos a coragem de fazer nossa travessia pelo deserto, amadurecendo nossa fidelidade a Deus e ao Seu Projeto, sem ceder às tentações do maligno (ter, ser e poder), reaprendendo a alegria da partilha, do poder autêntico que se expressa no serviço, sem jamais procurar a fama, o prestígio fácil, até mesmo em prejuízo do próximo.

Precisamos subir ao Monte Tabor para escutar o que tem a nos dizer o Filho Amado; descer à planície para viver a Lei e a profecia, transfigurando o mundo em que vivemos, multiplicando ações para que a globalização da indiferença seja superada, como tão bem nos alertou o Papa Francisco em sua Mensagem Quaresmal de 2015: “Amados irmãos e irmãs, como desejo que os lugares onde a Igreja se manifesta, particularmente as nossas paróquias e as nossas comunidades, se tornem ilhas de misericórdia no meio do mar da indiferença!”

Tão somente assim viveremos uma religião autêntica, não apenas dentro do Templo, mas fora dele, como Igreja missionária, “Igreja em saída”, que promova a dignidade e a beleza da vida, vendo em cada pessoa um templo de Deus, por Ele criado como Sua imagem e semelhança. 

A verdadeira religião não pode jamais deixar de lado a promoção da vida, da fraternidade, da justiça, da igualdade, do respeito e da liberdade, pois tão somente assim nossos cultos serão agradáveis a Deus.

Entretanto, essas ações exigem que tenhamos coragem para caminhar com o Senhor, sofrer com Ele no Mistério de Sua Paixão e Morte, morrer com Ele, não fugir do Calvário e da Cruz, e com Ele Ressuscitar, Mistério da fé que professamos e que nos encoraja a combater o bom combate, sem jamais vacilar na fé, esmorecer na esperança e esfriar na caridade.

Continuemos nosso itinerário marcado pelo deserto, montanhas, planícies, templos, calvário, cruz, morte e a vitória final para quem perseverar até o fim: a glória da Ressurreição, pois como falou o Papa São Leão Magno (séc. V): “Através d’Ele (Jesus Cristo morto na Cruz) é dado aos crentes a força na fraqueza, a glória na humilhação, a vida na morte”.

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG