sexta-feira, 22 de março de 2024

Jesus: O Deus que Se fez homem

                                                            

Jesus: O Deus que Se fez homem

A Liturgia da 6ª feira da Quinta Semana da Quaresma nos apresenta, na primeira Leitura, a confissão do Profeta Jeremias como que em forma de Oração (Jr 20,10-13).

O contexto é dificílimo: o Profeta foi açoitado, preso durante uma noite, mas fica irremovível na confiança em Deus – “O Senhor, porém, está ao meu lado como valente guerreiro”, assim ele falou.

Ele enfrenta as adversidades olhando para o Alto, e tem confiança presença de Deus, ainda que se esteja sozinho, pelos amigos abandonado.

Jeremias viveu a incompreensão, o abandono, teve que viver a dramaticidade de lutar sozinho e firmar passos contra a corrente. No entanto, não se curvou, não desistiu. 

Do seu coração, porque crê, brota um cântico de alegria e louvor (Jr 20,13).

Reflitamos:

- Será esta a nossa atitude diante das dificuldades?
- Será também inabalável e serena a nossa confiança em Deus?

- Será este o cântico que sai de nossos lábios, nos momentos das adversidades, perseguições, abandonos, incompreensões, difamações?

Urge que nossa súplica seja acompanhada da confiança, que será seguida do louvor e gratidão pela ação d’Aquele que nunca nos abandona, é o que nos ensina o Profeta Jeremias e que podemos rezar com o Salmo (Sl 17, 2-7).

Também ouvimos, na passagem do Evangelho (Jo 10,31-43), em que o Evangelista continua a nos falar da perseguição dos judeus contra Jesus. 

Querem apedrejá-Lo por não reconhecerem que Ele é o Messias no meio dos homens, e O acusam de blasfemo:

“Os judeus, interrogados por Jesus, procuram justificar a explosão do seu ódio dando-lhe uma aparência aceitável: ‘Não queremos apedrejar-Te por boas obras, mas por blasfêmia: Tu és apenas um homem e fazes-Te passar por Deus (Jo 8,33).

Mas a verdade é completamente contrária: enquanto Jesus não é um homem que Se faz Deus, mas é Deus que Se faz homem; quem é cego aos sinais e às obras de Deus, quem pensa só em salvaguardar sem escrúpulos a própria segurança, eliminando tudo o que se lhe opõe, não pode perceber o Mistério maravilhoso da Encarnação”. (1)

Jesus não foi um homem que Se fez Deus, mas exatamente o contrário, um Deus que Se fez homem, que Se fez carne, que habitou em nosso meio, que viveu nossa condição humana.

É este Deus que Se Encarnou em nosso meio que amamos e queremos seguir.Um Deus que Se fez  exatamente como nós, exceto no pecado, que queremos conhecer, amar, seguir, anunciar, testemunhar.

De fato, o cristianismo não é uma ideologia que passa, mas uma Boa Nova Eterna que seduziu, e há de seduzir muitos, por causa do poder radiante da Cruz que nos acompanha em todo tempo.

Assim fez Jeremias antes da Encarnação do Verbo, assim fizeram todos os que aceitaram o chamado do Senhor desde o princípio, e o farão para sempre.

Aquele que existiu desde sempre, Se encarnou e veio morar entre nós, e morando, amando, a humanidade redimiu, a Salvação nos alcançou.

Não foi um homem que veio e Se fez Deus para nos salvar, mas o contrário, Deus que Se encarnou e veio, por Amor incondicional, extremo e total, nos salvar. Amém.

(1) Lecionário Comentado - Vol. Quaresma – Ed. Paulus – p. 253. 

Um comentário:

Anônimo disse...

Sábias palavras

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