domingo, 31 de março de 2024

“O Senhor é a minha força”

“O Senhor é a minha força”

O Salmo 17(18) é um hino entoado por Davi, em que louva e agradece a Deus pela proteção diante dos ataques dos inimigos, acompanhado de vitórias alcançadas.

Diversas imagens aparecem no Salmo com toda amplidão e riqueza:

“Ao Senhor eu invoquei na minha angústia
E Ele escutou a minha voz.
Eu Vos amo, ó Senhor sois minha força,
Minha rocha, meu refúgio e Salvador!

Ó meu Deus, sois o rochedo que me abriga,
Minha força e poderosa salvação,
Sois meu escudo e proteção: em Vós espero!
Invocarei o meu Senhor: a Ele a glória!
E dos meus perseguidores serei salvo!

Ondas da morte me envolveram totalmente,
E as torrentes da maldade me aterraram;
Os laços do abismo me amarraram
E a própria morte me prendeu em suas redes.

Ao Senhor eu invoquei na minha angústia
E elevei o meu clamor para o meu Deus;
De Seu Templo Ele escutou a minha voz,
E chegou a Seus ouvidos o meu grito” (1).

Além das belas imagens do rochedo, escudo, há outras muito expressivas: “Ondas da morte”; “torrentes da maldade”; “laços do abismo” e “a morte que prende em suas redes”.

Muitas são as “ondas da morte” que vemos em noticiários e ao nosso redor, quotidianamente. E não são poucas as “torrentes da maldade” destruindo amizades, sonhos, esperança, a beleza da vida da humanidade e do planeta, nossa casa comum.

Também há “laços do abismo” dos pecados capitais (soberba, avareza, luxúria, gula, inveja e preguiça), que nos arrastam para o fundo do abismo, e que, somente abertos e acolhidos pela misericórdia divina, conseguimos voltar à superfície e continuar por outro caminho que seja expressão de uma vida digna, plena e feliz.

E a morte que nos prende em suas redes pode ser o roubar de nossas forças, o cansaço, o estresse, a indiferença, o individualismo, o relativismo, por vezes nos dilacerando e nos roubando quaisquer forças para dar mais um passo.

Mas também há a rede de morte virtual, quando mentiras são multiplicadas rapidamente, assim como modismos e contravalores que se opõem à beleza e à sacralidade da vida, de sua concepção ao seu declínio natural.

Podemos utilizar as redes virtuais para aproximar, criar laços, multiplicar informações, facilitar acessos e tantas outras possibilidades positivas, mas, também, podemos utilizá-la para criar distanciamentos, insegurança, atentados, e outras expressões negativas.

Ontem, Davi tinha suas lutas, conquistas. Hoje, os tempos são outros, mas não estamos livres das “ondas da morte”; das “torrentes da maldade”, dos “laços do abismo” e da “morte que prende em suas redes”.

Ontem e hoje, o Senhor seja sempre a nossa força, nosso escudo e proteção, para que sejamos envolvidos por ondas de vida, torrentes abundantes do bem, crendo e vivendo Sua Palavra, vivendo a autêntica liberdade, pois foi para a liberdade que Ele nos libertou (Gl 5,1)

Tendo morrido livremente e por amor na Cruz, fez dela o instrumento para gerar uma nova rede, na qual nos inserimos, como que enxertados, e vida plena, eterna e feliz, alcançamos.


(1) Versão do Missal  Cotidiano – Salmo 17(18), 1-7 

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