quinta-feira, 28 de março de 2024

Ó imenso e intenso Mistério...

Ó imenso e intenso Mistério...

Sejamos iluminados pela reflexão do abade São Columbano (séc. VII), elevando nossa alma e mergulhando no Mistério mais profundo d’Aquele que por todo o sempre Se nos revela como Suprema Bondade, Ternura, Misericórdia, Amor...

“Deus está em todo lugar, imenso e próximo em toda parte, conforme o testemunho dado por Ele mesmo: Eu sou o Deus próximo e não o Deus de longe.

Não busquemos, então, longe de nós a morada de Deus, que temos dentro de nós, se o merecermos. Habita em nós como a alma no corpo, se formos Seus membros sadios, mortos ao pecado.

Então verdadeiramente mora em nós Aquele que disse: E habitarei neles e entre eles andarei. Se, portanto, formos dignos de tê-Lo em nós, em verdade seremos vivificados por Ele, como membros vivos Seus: n’Ele, assim diz o Apóstolo, vivemos, nos movemos e somos.

Quem, pergunto eu, investigará o Altíssimo em Sua inefável e incompreensível essência? Quem sondará as profundezas de Deus? Quem se gloriará de conhecer o Deus infinito que tudo enche, tudo envolve, penetra em tudo e ultrapassa tudo, tudo contém e esquiva-Se a tudo?

Aquele que ninguém jamais viu como é. Por isto, não haja a presunção de indagar sobre a impenetrabilidade de Deus, o que foi, como foi, quem foi.

São realidades indizíveis, inescrutáveis, ininvestigáveis; simplesmente, mas com todo o ardor, crê que Deus é como será, do modo como foi, porque Deus é imutável.

Quem, pois, é Deus? Pai, Filho e Espírito Santo, um só Deus. Não perguntes mais sobre Deus; porque os que querem conhecer a imensa profundidade, têm antes de considerar a natureza.

Com razão compara-se o conhecimento da Trindade à profundeza do mar, conforme diz o Sábio: E a imensa profundidade, quem a alcançará?

Do modo como a profundeza do mar é invisível ao olhar humano, assim a divindade da Trindade é percebida como incompreensível pelo entendimento humano.

Por conseguinte, se alguém quiser conhecer Aquele em quem deverá crer, não julgue compreender melhor falando do que crendo; ao ser investigada, a sabedoria da divindade foge para mais longe do que estava.

Procura, portanto, a máxima ciência não por argumentos e discursos, mas por uma vida perfeita; não pela língua, mas pela fé que brota da simplicidade do coração, não adquirida por doutas conjeturas da impiedade.

Se, por doutas investigações procurares o inefável, irá para mais longe de ti do que estava; se, pela fé, a sabedoria estará à porta, onde se encontra; e onde mora poderá ser vista ao menos em parte.

Mas em verdade até certo ponto também será atingida, quando se crer no invisível, mesmo sem compreendê-lo; deve-se crer em Deus por ser invisível, embora em parte o coração puro o veja”.

Oremos:

Onde encontrá-Lo? Quando e como? Como mensurar a profundidade de Seu amor? A minha alma está inquieta a procura de Ti, ó insondável profundidade de Amor!

Bem sei agora onde habitas. Sim, lá em não digno lugar quiseste ficar, lá no mais profundo de mim do que eu de mim mesmo. 

Desejo-Te. Procuro-Te. Encontro-Te.
Amo-Te. Continuo desejando encontrá-Lo para amá-Lo.
Amo-Te muito menos do que me amas.

Amar-Te-ei por todo o sempre, ó Suprema e Divina Onipotência de Misericórdia!

Tu que és Mistério de Amor tão profundo, realidade inexaurível, Revela-Te a mim que por Ti busco.

Tu que és Mistério de Luz tão intenso, realidade iluminadora, ilumina o mais profundo de mim, ilumina minhas noites escuras.

Sê como um oásis, onde me refaço do cansaço e da secura em que muitas vezes minha alma possa encontrar-se.

Sê como águia, onde possa encontrar seguro voo na busca das coisas do alto onde Te encontras...

Sê como abismo de graça, e és, que me acolhe em mergulho revitalizador e inebriante.

Sê Palavra, e és, que não me permite cair em outros vãos  e mortais abismos da  existência... Amém!

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