sábado, 30 de março de 2024

A Alegria Pascal

                                        


A Alegria Pascal

O Tempo Pascal tem matiz exponencial de Alegria:

A Alegria é um dos temas característicos de Lucas e dos Atos dos Apóstolos: manifestação do Espírito, ela não consiste numa simples ausência de sofrimento ou numa alegria esfuziante, mas numa Alegria interior tranquila pela salvação recebida, fruto da fé.

Como já a comunidade Jerusalém (At 2,46), e depois os pagãos (cf. At 13,48-52), também a Samaria se abre à alegria. A alegria, tal como a vida, já está presente na História, no mundo dos homens: espera a nossa fé para ser libertada, e difundir-se”. (1)

Quando nos atemos ao Livro dos Atos dos Apóstolos, vemos o clima de Alegria contagiante das primeiras comunidades, que as leva a multiplicar os sinais do Ressuscitado, continuadoras que são de Sua Missão:

Cura, libertação, conversões, Batismos, Eucaristias, Orações, Comunhão Fraterna, partilha, viagens missionárias, sinais inumeráveis...

Mas, esta Alegria não nasce nem floresce sem a marca da Cruz, da perseguição, do martírio, do sangue derramado em libação.

Alegria Pascal que não passa e não nasça da Cruz, não é a verdadeira Alegria que o Senhor prometera, ainda que paradoxalmente pareça.

Alegria Pascal implica necessariamente no carregar da cruz, exemplo do corajoso testemunho dado pelos Apóstolos das primeiras comunidades.

Romper às portas fechadas por medo, colocar-se a caminho, confiante na ação e força do Ressuscitado, certeza de paz e alegria, porque nos comunica com o sopro a assistência do Espírito Santo.

A Alegria Pascal não consiste, jamais, em ver tudo a partir de um prisma róseo. Ela pode ser vislumbrada no horizonte próximo ou longínquo, mas não separadamente da Cruz.

Ela é a superação da tristeza, do pranto, da dor, do luto, da morte que anda par em par com a história, no quotidiano de cada um de nós. 

Alegria Pascal é não sucumbir no mar da desesperança, da ausência de perspectivas; é não submergir nas lágrimas que se multiplicam, porque não foram secas pela confiança na promessa do Ressuscitado.

A Alegria Pascal consiste em sorver as Delícias Divinas, mas não como ópio que nos afaste de compromissos inalienáveis com a justiça e a paz. 

Não consiste num frenesi, num delírio dos inconsequentes e descomprometidos com a solidificação de laços mais fraternos.

A Alegria Pascal vem quando nossa alma vive a serenidade, não vacilando na fé, não esmorecendo na esperança e tão pouco esfriando na caridade.

Ela é vista no coração daqueles que permitiram que o Senhor lhes falasse ao coração, para ser sentida e irradiada.

É Páscoa!
Que o transbordamento da Alegria não seja apenas força de expressão, mas a mais Bela Notícia, que nos move e que cremos: do Senhor, a Ressurreição! Aleluia! Aleluia!


(1) Lecionário Comentado - Editora Paulus - Lisboa - 2011 - pág. 467.

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG