domingo, 31 de março de 2024

Caminhemos com o Ressuscitado

Caminhemos com o Ressuscitado

“Não estava ardendo o nosso coração quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?” (Lc 24,32)

Reflexão à luz da passagem dos discípulos de Emaús (Lc 24,13-35), e refletimos sobre o itinerário para quem deseja descobrir a presença do Ressuscitado.

Descobrir o Senhor que conosco Se põe a caminho, para podermos confessá-Lo com palavras e obras, não nos curvando diante das problemáticas e dificuldades existenciais, com suas contradições, contrariedades.

Aquele que crê é sempre chamado a sair de si para o encontro com o Absoluto, Deus, que Ressuscitou e nos dirige Sua Palavra e nos comunica Sua amável presença, reconhecida no partir do Pão, em cada Banquete Eucarístico que participamos.

Como todo itinerário, temos etapas a serem vivenciadas em contínuo movimento:

Repensar as experiências passadas, procurando reler os fatos, percebendo a presença de Deus em Sua aparente ausência. O que aparentemente se nos apresenta como derrota, pode se transformar em vitória; o caos que parece eterno pode ser iluminado com o esplendor da luz do Ressuscitado. Às possíveis situações em que não aparecem perspectivas, com asfixia eminente, aparece de repente uma fresta por onde o ar entra e nos revitaliza.

Pôr-se em atenta escuta da Palavra do Senhor, sobretudo em vida comunitária. A comunidade cristã há que ser sempre o espaço privilegiado da escuta da Palavra do Senhor, que está sempre pronto a iluminar nossa vida, de modo que nossos horizontes se alarguem em conformidade com os desígnios divinos, superando quaisquer resquícios de individualismos e acomodações indesejáveis, com matizes de fechamentos e empobrecimentos, dor, sofrimento, luto e morte sem perspectivas de Ressurreição.

- E, assim, nesta escuta atenta, deixar ressoar a força da Palavra do Ressuscitado e deixar Sua chama ardente fazer arder nossos corações (como aconteceu aos discípulos de Emaús). O Encontro entre a Palavra e a vida torna-se fecundo, neste aquecimento desejável, porque nos ajuda a avaliar, rever, reorientar o caminho com novas perspectivas. Sem voltar para Emaús, mas voltar para Jerusalém, lugar do conflito, dos desafios, da continuidade, do não desistir do corajoso anúncio e testemunho do Ressuscitado – Emaús ou Jerusalém, qual é a nossa escolha?

- Desta escuta, vem um passo fundamental: a Oração – “Fica conosco Senhor”. É bom estar com o Senhor, permitir que Ele faça morada conosco e em nós. Como é bom estar do lado do Amado! Bem disse Pedro: “Só Tu tens Palavras de vida eterna”, e por isto o discípulo amado chegou primeiro ao túmulo para ver e acreditar na presença nova do Ressuscitado, que caminha com a comunidade.

- Chega-se ao momento ápice: o partir do Pão e o reconhecimento do Senhor Jesus, Ressuscitado, fazendo o mesmo gesto que tantas vezes fizera com eles. Uma anamnese maravilhosa “Anunciamos Senhor a vossa morte e proclamamos a vossa Ressurreição, vinde Senhor Jesus”, e como falamos na Missa, quando partimos o Pão: “Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós. Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, dai-nos a paz”.

A escuta da Palavra, a partilha do Pão preanunciando a Eucaristia (com as Mesas da Palavra e da Eucaristia) remete-se nos ao quotidiano, multiplicando gestos de amor, comunhão, partilha, compromisso e solidariedade.

A comunidade que ouve a Palavra e celebra a Eucaristia é agora aquela que continuará a Missão do Ressuscitado. Isto deve fazer transbordar nosso coração de alegria. Aleluia!

Continuar a missão do Ressuscitado, que mais Deus poderia nos confiar?

Renovemos em cada Banquete Eucarístico esta graça. Ele Se faz presente na comunidade, na Palavra proclamada, ouvida, acolhida, acreditada e vivida.

Ele Se faz presente na comunidade quando o Pão partilhado no Altar, levando-nos também à partilha do pão quotidiano com os que mais precisam.

De Banquete em Banquete caminhamos para o Encontro do Banquete Eterno quando O veremos face a face...

Celebrando o Tempo Pascal e o transbordamento da alegria da Ressurreição do Senhor, é tempo de nos sentirmos uma nova criatura, buscando as coisas do alto.

Ouvidos que a Palavra acolhem, coração que arde,
olhos que se abrem, mãos que também assim o fazem,
pés que se põem a caminho para o alegre anúncio
e testemunho do Ressuscitado.

Com Ele morramos, com Ele ressuscitemos.
Amém. Aleluia! 

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG