sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Sagrados compromissos com a fraternidade universal

 


Sagrados compromissos com a fraternidade universal

Sejamos enriquecidos por estes parágrafos da Constituição pastoral Gaudium et Spes sobre a Igreja no mundo de hoje, do Concílio Vaticano II (séc. XX), que nos fala sobre toda a atividade humana que deve ser purificado no Mistério Pascal.

“A Sagrada Escritura, confirmada pela experiência dos séculos, ensina à família humana que o progresso, grande bem para o homem, traz também consigo uma enorme tentação. De fato, quando a hierarquia de valores é alterada e o bem e o mal se misturam, os indivíduos e os grupos consideram somente seus próprios interesses e não o dos outros.

Por esse motivo, o mundo deixa de ser o lugar da verdadeira fraternidade, enquanto o aumento do poder da humanidade ameaça destruir o próprio gênero humano. Se alguém pergunta como pode ser vencida essa miserável situação, os cristãos afirmam que todas as atividades humanas, quotidianamente postas em perigo pelo orgulho do homem e o amor desordenado de si mesmo, precisam ser purificadas e levadas à perfeição por meio da cruz e ressurreição de Cristo.

Redimido por Cristo e tornado nova criatura no Espírito Santo, o homem pode e deve amar as coisas criadas pelo próprio Deus. Com efeito, recebe-as de Deus; olha-as e respeita-as como dons vindos das mãos de Deus.

Agradecendo por elas ao divino Benfeitor e usando e fruindo das criaturas em espírito de pobreza e liberdade, é introduzido na verdadeira posse do mundo, como se nada tivesse e possuísse: ‘Tudo é vosso, mas vós sois de Cristo, e Cristo é de Deus’ (1Cor 3,22-23).

O Verbo de Deus, por quem todas as coisas foram feitas, que Se encarnou e veio habitar na terra dos homens, entrou como Homem perfeito na história do mundo, assumindo-a e recapitulando-a em Si. Ele nos revela que Deus é amor (1Jo 4,8) e ao mesmo tempo nos ensina que a lei fundamental da perfeição humana, e, portanto, da transformação do mundo, é o novo Mandamento do amor.

Aos que acreditam no amor de Deus, Ele dá a certeza de que o caminho do amor está aberto a todos os homens e não é inútil o esforço para instaurar uma fraternidade universal.

Adverte-nos também que esta caridade não deve ser praticada somente nas grandes ocasiões, mas, antes de tudo, nas circunstâncias ordinárias da vida.

Sofrendo a morte por todos nós pecadores, Ele nos ensina com o Seu exemplo que devemos também carregar a cruz que a carne e o mundo impõem sobre os ombros dos que procuram a paz e a justiça.

Constituído Senhor por sua Ressurreição, Cristo, a quem foi dado todo poder no céu e na terra, age nos corações dos homens pelo poder de seu Espírito. Não somente suscita o desejo do mundo futuro, mas anima, purifica e fortalece por esse desejo os propósitos generosos com que a família humana procura melhorar suas condições de vida e submeter para este fim a terra inteira.

São diversos, porém, os dons do Espírito. Enquanto chama alguns para testemunharem abertamente o desejo da morada celeste e conservarem vivo esse testemunho na família humana, chama outros para se dedicarem ao serviço terrestre dos homens e prepararem com esse ministério a matéria do reino dos céus. A todos, porém, liberta para que, renunciando ao egoísmo e empregando todas as energias terrenas em prol da vida humana, se lancem decididamente para as realidades futuras, quando a própria humanidade se tornará uma oferenda agradável a Deus”.

Vivendo o Tempo da Quaresma, de modo mais intenso, somos motivados à prática do essencial de nossa fé cristã, que é a vivência do mandamento do Amor que Nosso Senhor nos deu a ser vivido em sua dupla dimensão, inseparavelmente: amor a Deus e ao próximo.

De fato, como lemos, somente a prática deste Mandamento é que nos possibilitará a construção de uma fraternidade universal, e o fortalecimento dos vínculos de uma amizade social, como tão bem expressou o Papa Francisco em sua Carta Encíclica “Fratelli Tutti.

Assim, também relaciono com a temática da 5ª Campanha da Fraternidade Ecumênica (2021), com o tema“Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor”; e o lema “Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade” (Ef 2,14).

Concluo com a Oração desta Campanha: um convite a viver a amorosidade, derrubando muros de separações e divisões, ao mesmo tempo que somos desafiados a construir pontes de diálogo, comunhão e proximidade, e respeito a beleza e sacralidade da vida:

“Deus da vida, da justiça e do amor, Nós Te bendizemos pelo dom da fraternidade e por concederes a graça de vivermos a comunhão na diversidade.

Através desta Campanha da Fraternidade Ecumênica,
ajuda-nos a testemunhar a beleza do diálogo
como compromisso de amor, criando pontes que unem
em vez de muros que separam e geram indiferença e ódio.

Torna-nos pessoas sensíveis e disponíveis para servir a toda a humanidade, em especial, aos mais pobres e fragilizados, a fim de que possamos testemunhar o Teu amor redentor e partilhar suas dores e angústias, suas alegrias e esperanças, caminhando pelas veredas da amorosidade. Por Jesus Cristo, nossa paz,
no Espírito Santo, sopro restaurador da vida.
Amém”.

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