domingo, 30 de junho de 2024

Exemplos de coragem e fidelidade ao Senhor

                                                          

Exemplos de coragem e fidelidade ao Senhor

Celebramos no dia 30 de junho a Memória dos Santos Protomártires da Igreja de Roma, como veremos na Carta do Papa São Clemente I aos Coríntios (séc. I):

“Deixemos de lado os exemplos dos antigos e falemos de nossos atletas mais recentes. Apresentemos os generosos exemplos de nosso tempo.

Vítimas do fanatismo e da inveja, aqueles que eram as maiores e mais santas colunas da Igreja, sofreram perseguição e lutaram até a morte.

Tenhamos diante dos olhos os bons apóstolos. Por causa de um fanatismo iníquo, Pedro teve de suportar duros tormentos, não uma ou duas vezes, mas muitas; e depois de sofrer o martírio, passou para o lugar que merecia na glória. Por invejas e rivalidades, Paulo obteve o prêmio da paciência: sete vezes foi lançado na prisão, foi exilado e apedrejado, tornou-se pregoeiro da Palavra no Oriente e no Ocidente, alcançando assim uma notável reputação por causa da sua fé. Depois de ensinar ao mundo inteiro o caminho da justiça e de chegar até os confins do Ocidente, sofreu o martírio que lhe infligiram as autoridades. Partiu, pois, deste mundo para o lugar santo, deixando-nos um perfeito exemplo de paciência.

A estes homens, mestres de vida santa, juntou-se uma grande multidão de eleitos que, vítimas de um ódio iníquo sofreram muitos suplícios e tormentos, tornando-se, desta forma, para nós um magnífico exemplo de fidelidade. Vítimas do mesmo ódio, mulheres foram perseguidas, como Danaides e Dirceia. Suportando graves e terríveis torturas, correram até o fim a difícil corrida da fé e mesmo sendo fracas de corpo, receberam o nobre prêmio da vitória.

O fanatismo dos perseguidores separou as esposas dos maridos, alterando o que disse nosso pai Adão: ‘É osso dos meus ossos e carne de minha carne’ (cf. Gn 2,23). Rivalidades e rixas destruíram grandes cidades e fizeram desaparecer povos numerosos.

Escrevemos isto, não apenas para vos recordar os deveres que tendes, mas também para nos alertarmos a nós próprios. Pois nos encontramos na mesma arena e combatemos o mesmo combate. Deixemos as preocupações inúteis e os vãos cuidados, e voltemo-nos para a gloriosa e venerável regra da nossa tradição.

Consideramos o que é belo, o que é bom, o que é agradável ao nosso Criador. Fixemos atentamente o olhar no Sangue de Cristo e compreendamos quanto é precioso aos olhos de Deus, Seu Pai, esse Sangue que, derramado para nossa salvação, ofereceu ao mundo inteiro a graça da penitência.”

Muitos cristãos foram martirizados com terríveis tormentos, como vimos na Carta do Papa e também no testemunho dado pelo escritor pagão, Tácito.

Foram vítimas da primeira perseguição desencadeada pelo Imperador Nero, depois do incêndio da cidade de Roma no ano 64.

Como o Papa disse: “vítimas de um ódio iníquo sofreram muitos suplícios e tormentos, tornando-se, desta forma, para nós um magnífico exemplo de fidelidade”.

Os tempos hoje são outros, mas as provações, dificuldades, cansaços, desilusões também têm suas marcas e desafiam o testemunho de nossa fé, sem jamais deixarmos de dar a razão de nossa esperança, na prática incansável e frutuosa da caridade.

Quando fazemos memória dos Apóstolos, Pedro e Paulo e tantos que deram a vida por causa de Jesus e do Evangelho, reavivamos a chama do Espírito que em nosso peito habita.

Não podemos jamais vacilar na fé, esmorecer na esperança e esfriar na caridade, como nos ensina a Igreja. Professemos nossa fé com palavras e obras, porque tão somente assim para Deus se torna agradável.


Liturgia das horas – Vol. III - pp.1401-1402

Pedro e Paulo: Colunas Mestras da Igreja

 


Pedro e Paulo:
Colunas Mestras da Igreja
 
Celebramos numa só Festa duas colunas mestras da Igreja: São Pedro e São Paulo.
 
Assim falou Santo Agostinho, no século V, sobre eles:
 
“O martírio dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo consagrou para nós este dia... Estes mártires viram o que pregaram, seguiram a justiça, proclamaram a verdade, morreram pela verdade...
Num só dia celebramos o martírio dos dois Apóstolos.
 
Na realidade, os dois eram como um só. Embora tenham sido martirizados em dias diferentes, deram o mesmo testemunho. Pedro foi à frente; Paulo o seguiu. Celebramos o dia festivo consagrado para nós pelo sangue dos Apóstolos.
 
Amemos a fé, a vida, os trabalhos, os sofrimentos, os testemunhos e as pregações dos dois Apóstolos”.
 
A complementaridade dos dois "carismas" continua atual:
- Pedro: a responsabilidade institucional;
- Paulo: a criatividade missionária.
 
Quando falamos de Pedro nos lembramos da instituição e o exercício do poder; da responsabilidade, hierarquia...
 
Quando falamos de Paulo nos lembramos da pregação, do carisma, missão, evangelização, fundação de novas comunidades...
 
Evidentemente, não podemos deixar de fazer um convite de rezarmos pelo Papa Francisco, que continua a missão a Pedro confiada pelo Senhor.
 
O Catecismo da Igreja Católica (n. 882) assim diz:
 
“O Papa, Bispo de Roma e sucessor de São Pedro, é o perpétuo e visível princípio e fundamento da unidade,quer dos Bispos, quer da multidão fiéis'. 'Com efeito, o Pontífice Romano, em virtude de seu múnus de Vigário de Cristo e Pastor de toda a Igreja, possui na Igreja poder pleno, supremo e universal. E ele pode exercer sempre livremente este seu poder'”.
 
Que o Espírito de Deus o conduza e ilumine, pois, como Vigário de Cristo e Pastor de toda a Igreja, o Pontífice Romano tem sobre a mesma Igreja um poder pleno, supremo e universal; que pode exercê-lo livremente.
 
 

Pedro e Paulo, o Amor de Cristo os seduziu (28/06)

                                                   

Pedro e Paulo, o Amor de Cristo os seduziu
 
Celebramos a Solenidade dos Apóstolos Pedro e Paulo, que viveram total fidelidade e testemunho de Jesus Cristo Vivo e Ressuscitado.
 
Chegaram gloriosamente à pátria celeste: Pedro pela cruz e Paulo pela espada.
 
Com a passagem da primeira Leitura (At 12,1-11), refletimos sobre a missão e o testemunho do Apóstolo Pedro, e renovamos a certeza de que Deus cuida daqueles que chamou, ama e envia. 
 
Pedro foi chamado por Jesus Cristo e com Ele conviveu, e do Divino Mestre, recebeu todos os ensinamentos, bem como lhe foram confiadas as chaves do Reino dos Céus para ligar e desligar, para conduzir o rebanho do Senhor.
 
Deste modo, com a passagem, mais que uma descrição histórica, temos uma catequese de como Deus cuida de Sua Igreja, de modo que as portas do inferno não prevalecerão contra ela, como bem foi dito no Evangelho pelo Senhor. É como um selo da autenticidade da missão dos Discípulos Missionários do Senhor.
 
O caminho feito por Pedro, em muito se assemelha ao d’Aquele pelo qual teve o coração seduzido: Jesus Cristo.
 
Bem disse o Senhor – “Bem aventurados sois vós quando vos injuriarem, caluniarem, perseguirem e disserem todo nome por causa de mim. Alegrai-vos e regozijai-vos, porque será grande a vossa recompensa nos céus” (Mt 5,11-12), e ainda: “Não temais pequeno rebanho do meu Pai, porque a vosso Pai agradou dar-vos o Reino” (Lc 12,32).
 
Os discípulos de Jesus devem testemunhar com sinceridade e coragem os valores que acreditam, contra todas as dificuldades, incompreensões, perseguições e calúnias.
 
Também contemplamos uma comunidade solidária e solícita na oração; unida na alegria e na dor; na perseguição e na vitória, e vemos como é  necessária a Oração da comunidade em favor daqueles que dela cuidam, e hoje de modo especial, elevamos orações pelo nosso Papa Francisco, sucessor de Pedro.
 
A passagem da segunda Leitura (2Tm 4,5-8;17-18), como que um Testamento de Paulo, um discurso final, uma avaliação de todo seu apostolado, é uma luz que se acende para o encorajamento da comunidade,  e que será muito propício para o reavivamento de seu ardor evangelizador e ânimo pastoral.
 
Paulo não conviveu com o Senhor, mas teve aquele encontro com o Ressuscitado que reorientou todo o seu existir. Não propriamente uma conversão, porque ele era zeloso no cumprimento da Lei Divina, mas aquela experiência a caminho de Damasco transformou todos os seus planos e projetos, tornando-o Doutor das Nações, o grande missionário evangelizador em suas impressionantes viagens missionárias.
 
Ele se apresenta como um “atleta” de Cristo, empenhado no bom combate da fé, suportando o martírio; ora silencioso, ora extremado, culminado em sua morte pela espada.
 
Na passagem, temos o lamento desiludido de um homem cansado, como é próprio da condição humana. Mas tem algo mais: sabe em quem confiou, sabe que Deus jamais o desamparou. Entenda-se lamento desiludido, não como decepção, mas como a extrema confiança da missão que abraçou e se dedicou.
 
Assim pode acontecer conosco, podemos até nos decepcionarmos nos espaços internos da Igreja ou fora dela, mas jamais com Deus. E, por isto, jamais desistir da missão. 
 
Se há algo que nos entristeça, há muitíssimo mais que nos alegra. Mistério da Cruz, Mistério Pascal que deve ser vivido com toda fé, esperança e caridade.
 
Mesmo no cárcere, escrevendo a Timóteo, Paulo encontra palavras de ânimo, de exortação. 
 
Acolhamos estas palavras, sobretudo nos momentos difíceis por que possamos passar, na obscuridade dos fatos, nos quais Deus mais do que nunca Se revela com todo Seu esplendor, com todo Seu amor.
 
Paulo testemunha de quem confia no Senhor, e nunca se sente só, jamais se sente desamparado. Ele mesmo disse aos Filipenses (Fl 4,13) –“Tudo posso n’Aquele que me fortalece”.
 
Na passagem do Evangelho (Mt 16,13-19), temos a interrogação de Jesus sobre a Sua identidade. 
 
Não se trata de conferir índice de ibope, mas a compreensão da Sua verdadeira identidade para que configure Seus discípulos a Ele.
 
Que saibam a quem seguem, e a quem vão testemunhar. Respostas superficiais e inconsequentes não agradam o Coração do Senhor. Pedro pela revelação divina dá a verdadeira resposta: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”.
 
Por isto, assim como negara três vezes na paixão e morte do Redentor, por três vezes teve que responder a inquietante interrogação de Nosso Senhor: “Simão, filho de Jonas, tu me amas mais do que estes?”.
 
Como já mencionei, a Pedro são confiadas as chaves. Não para ser guardião nas portas dos céus, mas para conduzir, organizar, orientar o rebanho do Senhor a Ele confiado. Esta é a sua missão. Esta é a missão de nosso Papa Francisco, por quem não devemos poupar Orações.
 
Reflitamos:
 
- Qual é o lugar que Jesus ocupa em nossa existência?
- O que os  Apóstolos Pedro e Paulo  tem a nos ensinar?
 
- Por que estamos na Igreja?
- Somos uma comunidade estruturada para amar e servir, como comunidade do Ressuscitado?
 
- Temos consciência da dimensão profética e missionária da Igreja?
- De que modo procuramos entender e rezar pela missão de nosso Papa?
Empenhemos mais intensamente e apaixonadamente no bom combate da fé, com o coração por Jesus mais que seduzido; e também nos empenhemos para alcançar a merecida Coroa da Glória, para os justos reservada.
 
Cremos que as duas colunas alcançaram, e nós como pedras vivas da Igreja pelo Batismo, desejemos e façamos por também merecer e alcançar. 


Pedro e Paulo: as Colunas Mestras da Igreja


 

Pedro e Paulo: as Colunas Mestras da Igreja
 
Dia 29 de junho a Igreja celebra, numa só Festa, duas colunas mestras da Igreja: São Pedro e São Paulo (quando cai no dia da semana, no Brasil, transfere-se para o domingo seguinte).
 
Assim falou Santo Agostinho, no século V, sobre eles: “O martírio dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo consagrou para nós este dia... Estes mártires viram o que pregaram, seguiram a justiça, proclamaram a verdade, morreram pela verdade... Num só dia celebramos o martírio dos dois Apóstolos.
 
Na realidade, os dois eram como um só. Embora tenham sido martirizados em dias diferentes, deram o mesmo testemunho. Pedro foi à frente; Paulo o seguiu. Celebramos o dia festivo consagrado para nós pelo sangue dos Apóstolos.
 
Amemos a fé, a vida, os trabalhos, os sofrimentos, os testemunhos e as pregações dos dois Apóstolos”.
 
A complementaridade dos dois ”carismas” continua atual: Pedro, a responsabilidade institucional; Paulo, a criatividade missionária.
 
Quando falamos de Pedro, nos lembramos da instituição e o exercício do poder; da responsabilidade, hierarquia; e quando falamos de Paulo, nos lembramos da pregação, do carisma, missão, evangelização, fundação de novas comunidades.
 
Deste modo, elevemos a Deus orações pelo nosso querido Papa Francisco, que continua a missão a Pedro confiada pelo Senhor, pois assim nos ensina o Catecismo da Igreja Católica (n. 882):
 
“O Papa, Bispo de Roma e sucessor de São Pedro é princípio perpétuo e visível, e fundamento da unidade que liga, entre si, todos os bispos com a multidão dos fiéis”.
 
Que o Espírito de Deus o conduza e ilumine, pois, como Vigário de Cristo e Pastor de toda a Igreja, o Pontífice Romano tem sobre a mesma Igreja um poder pleno, supremo e universal; que pode exercê-lo livremente.
 

Apóstolos Pedro e Paulo: Colunas da Igreja



Apóstolos Pedro e Paulo: Colunas da Igreja 

Sem paixão não há discipulado

As palavras do Papa Bento XVI, no discurso inaugural da Conferência de Aparecida (2007), ecoam no coração de todo Presbítero e do Povo de Deus:
 
“O discípulo, fundamentado na rocha da Palavra de Deus, sente-se impulsionado a levar a Boa Nova da Salvação a seus irmãos. Discipulado e missão são como os dois lados de uma mesma moeda: quando o discípulo está enamorado de Cristo, não pode deixar de anunciar ao mundo que só Ele Salva (At 4,12). Com o efeito, o discípulo sabe que sem Cristo não há luz, não há esperança, não há amor, não há futuro”.
 
Sem paixão não há discipulado, apostolado, missão, evangelização… Enamorar-se por Cristo é assumir um compromisso irrenunciável com a Boa Nova do Reino por Ele inaugurado.
 
Assim como a morte de Cristo foi um ato extremo de Amor, Seus fiéis seguidores trilharam o mesmo caminho.
 
Enamorados por Cristo, Sacerdote e comunidade, devem cultivar profunda amizade pessoal com Ele, compartilhando os Seus sofrimentos (Fl 2,1-11).
 
Em todo o tempo somos exortados a reler as página da história da nossa Igreja, o testemunho daqueles que professaram a fé em Cristo. 
 
 
Trazemos à memória a maravilhosa declaração de amor do Apóstolo Pedro ao próprio Senhor: “Simão, filho de Jonas, tu me amas mais do que estes?” - “Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que Te amo”. Somente após a confirmação do amor é que o Senhor lhe confiou o cuidado do rebanho – “Apascenta minhas ovelhas” (Jo 21,4-23).
 
O Apóstolo Paulo nos dá inúmeras provas de amor por Cristo. Uma das mais expressivas encontramos em Gálatas –“Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim. Minha vida presente na carne , vivo-a pela fé no Filho de Deus que me amou e Se entregou a Si mesmo por mim” (Gl 2,20). Para o Apóstolo viver é Cristo e o morrer é lucro (Fl 1,21).
 
Mais adiante declara: “Mas o que era para mim lucro, tive-o como perda, por amor de Cristo. Mais ainda: tudo considero perda, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor. Por Ele, perdi tudo e tudo tenho como esterco, para ganhar a Cristo e ser achado n’Ele…” (Fl 3,7-16).
 
Quando da Solenidade de São Pedro e São Paulo, em um dos seus Sermões,  assim nos falou Santo Agostinho (séc. V):
 
“O martírio dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo consagrou para nós este dia (…) Estes mártires viram o que pregaram, seguiram a justiça, proclamaram a verdade, morreram pela verdade (…)
 
Num só dia celebramos o martírio dos dois apóstolos. Na realidade, os dois eram como um só. Embora tinham sido martirizados em dias diferentes, deram o mesmo testemunho. Pedro foi à frente; Paulo o seguiu.
Celebramos o dia festivo consagrado para nós pelo sangue dos apóstolos  (...)
 
Amemos a fé, a vida, os trabalhos, os sofrimentos, os testemunhos e as pregações destes dois Apóstolos”. 
 
De fato, foram derramaram o sangue por amor a Jesus e sofreram o Martírio: Pedro pela cruz e Paulo decapitado pela espada.
 
Reflitamos:
 
- Como tem sido nosso discipulado?
- Quanto estamos verdadeiramente enamorados por Cristo, configurados a Ele, com mesmos sentimentos e pensamentos, como nos propõe o Apóstolo Paulo?
 
Concluindo, somente enamorados por Cristo, seduzidos pela Sua Verdade, é que nos colocaremos intrepidamente no caminho, com Ele que é o próprio Caminho, e teremos Vida plenamente.

“A tríplice confissão apaga a tríplice negação..."

 


“A tríplice confissão apaga a tríplice negação...”

À luz dos Tratados sobre o Evangelho de São João, do Bispo Santo Agostinho (Séc. V), reflitamos sobre a força do amor que vence o temor da morte.
 
“O Senhor interroga sobre o que já sabia, não só uma vez, mas duas e três vezes: se Pedro o ama. De todas as vezes, ouve uma só resposta, que Pedro o ama. E, em todas elas, confia a Pedro o pastoreio de suas ovelhas.
 
A tríplice confissão apaga a tríplice negação, para que a língua não sirva menos ao amor do que ao temor; e não pareça que a iminência da morte o obrigou a falar mais do que a presença da vida. Seja serviço de amor apascentar o rebanho do Senhor, como foi prova de temor negar o pastor.
 
Quem apascenta as ovelhas de Cristo, como se fossem suas, não ama a Cristo mas a si mesmo.
 
Contra esses, que também o Apóstolo censura dizendo que procuram os próprios interesses e não os de Cristo, estas palavras que o Senhor repete insistentemente são uma séria advertência.
 
Então que quer dizer: Tu me amas? Apascenta as minhas ovelhas (Jo 21,17) senão: Se me amas, não penses em te apascentar a ti mesmo, mas as minhas ovelhas; apascenta-as, considerando minhas, não tuas; procura nelas minha glória, não a tua; meus interesses, não os teus; não sejas daqueles que nos tempos de perigo só amam a si mesmos e tudo o que deriva deste princípio, que é a raiz de todo mal.
 
Os que apascentam as ovelhas de Cristo, não amem a si mesmos; não as apascentem como sendo próprias, mas como pertencentes a Cristo.
 
O defeito que mais devem evitar os que apascentam as ovelhas de Cristo consiste em procurar os próprios interesses e não os de Jesus Cristo, destinando ao proveito próprio aqueles por quem Cristo derramou o seu sangue.
 
O amor de Cristo deve crescer até atingir tal grau de ardor espiritual naquele que apascenta as suas ovelhas, que supere até mesmo o natural medo da morte, que nos leva a não querer morrer, ainda que queiramos viver com Cristo.
 
Contudo, por maior que seja o temor da morte, deve vencê-lo a força do amor com que se ama Aquele que, sendo nossa vida, quis sofrer até a morte por nós.
 
Na verdade, se não houvesse ou fosse insignificante o mal da morte, não seria tão grande a glória dos mártires. Mas, se o Bom Pastor, que deu a vida por suas ovelhas, suscitou tantos mártires entre as suas ovelhas, quanto mais não devem lutar pela verdade até à morte, e até o sangue, contra o pecado, aqueles que receberam o encargo de apascentá-las, isto é, de instruí-las e dirigi-las?
 
Por este motivo, diante do exemplo da paixão de Cristo, e ao pensar em tantas ovelhas que já o imitaram, quem não compreende que os pastores devem ser os primeiros a imitar o Pastor? Na verdade, os mesmos pastores são também ovelhas do único rebanho, governado pelo único Pastor. De todos nós ele fez suas ovelhas, por todos nós padeceu; para padecer por todos nós, ele mesmo se fez ovelha”.
 
“A tríplice confissão apaga a tríplice negação”, assim aconteceu com Pedro. Também nós precisamos permanentemente declarar nosso amor pelo Senhor, superando possível “negação”, com nossas infidelidades e pecados.
 
Urge rever nossos caminhos, palavras, pensamentos e atitudes, a fim de que sejamos autênticas testemunhas do Cristo Ressuscitado.
 
Renovemos em nós a força do amor que vence o temor da morte, bem como a nossa fé no Senhor, que conosco caminha, ainda que não percebamos.
 
A exemplo de Pedro, renovemos em nós a chama do primeiro amor, para vencermos as dificuldades e tentações do cotidiano, em plena fidelidade ao Senhor, como rezamos na oração que Ele mesmo nos ensinou:
 
“Pai Nosso, que estais nos céus... Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Amém.”


Conduzi-nos, Senhor...

Conduzi-nos, Senhor...

“A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna.
Nós cremos firmemente e reconhecemos que Tu és o Santo de Deus”
(Jo 6,68-69).

Concedei-nos, Senhor,  consciência e lucidez intensa e profunda
para uma participação ativa, piedosa e frutuosa no Banquete da Eucaristia.

Fortalecei, Senhor, nossa adesão pessoal a Jesus, o Pão da Palavra e da Vida,
Para que os pensamentos e sentimentos do nosso coração sejam como os Vossos.

Também seja verdadeira e frutuosa a nossa recepção de todos os Sacramentos,
E, assim, reafirmarmos e renovarmos compromisso no Vosso  seguimento.

Ajudai-nos, Senhor, no caminho de conversão para fraternas e sinceras relações com os outros,
Na vivência dos amores inseparáveis: amor a Deus e ao nosso próximo.

Conduzi-nos, Senhor, no caminho da verdade e da justiça,
Do amor e da fidelidade, para que mereçamos alcançar a glória eterna. Amém.

Pedro e Paulo: Testemunhas apaixonadas pelo Cristo Jesus!

                                                                 

Pedro e Paulo:
Testemunhas apaixonadas pelo Cristo Jesus!

Com a Solenidade dos Apóstolos Pedro e Paulo, celebraremos a vida e o testemunho de duas colunas da Igreja, tão diferentes e tão necessários para levar adiante a Missão de Jesus e proclamar a Boa Nova da Salvação.

Pedro e Paulo: a paixão por Cristo os consumiu!  Que amor por Jesus! Como não imitá-los no seguimento de Jesus?

Ambos estão na glória porque foram devorados pelo Amor: Amaram o Amado, e por Ele foram seduzidos.

Pedro lembra a instituição, Paulo o carisma, a evangelização. Ambos escreveram uma História de conversão, fidelidade da doação e entrega da vida por amor ao Amor que nos amou até o fim. Também eles amaram até as últimas consequências.

A paixão por Cristo os devorou, os levou a entregar a própria vida: Pedro morrendo na cruz, Paulo pela espada...

Ambos derramaram o sangue por amor a Jesus. Que amor, que incrível amor sentiam por Jesus!

Reflitamos:

- Tenho a mesma coragem de Pedro e Paulo?
- A Oração, a união, a solidariedade são fundamentais na missão.
- Como eu as vivo?

- Quem é Jesus para mim?
- Como testemunho verdadeiramente a pessoa de Jesus?
- Por que sou Igreja?

- Eles são colunas, eu sou uma pedra viva na Igreja do Senhor?
- Como Paulo, combato o bom combate da fé com coragem, confiança na presença do Senhor?

Rezemos por toda a Igreja e hoje, sobretudo, pelo nosso Papa Francisco:

Que o Senhor lhe conceda sabedoria e amor para conduzir a Igreja de Cristo, e com esta Solenidade nos renove no amor a Igreja, no testemunho de Jesus e também nos ajude a sermos mais fiéis à Doutrina dos Apóstolos, vivendo mais intensamente a partilha, a comunhão fraterna.

As orações multiplicadas sejam nossa força e alargamento de horizontes comprometidos do Reino, sempre nutridos pelo Substancial, Indispensável e Incomparável Alimento: a Eucaristia!

Em poucas palavras...

                                                


Saudação do Apóstolo Pedro

“Irmãos eleitos segundo a presciência de Deus Pai, pela santificação do Espírito para obedecer a Jesus Cristo e participar da bênção e da aspersão do seu sangue, graça e paz vos sejam concedidas abundantemente” (1)

  

(1)            1 Pd 1,1-2

Anéis de uma mesma corrente

                                                    

Anéis de uma mesma corrente

Celebrando a Solenidade de São Pedro e São Paulo, renovaremos a alegria de nossa pertença à Igreja, pela graça do Batismo, como pedras vivas que somos, como bem escreveu o Apóstolo Pedro:

“Do mesmo modo, também vós, como pedras vivas, constituí-vos em um edifício espiritual, dedicai-vos a um sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais aceitáveis a Deus por Jesus Cristo” (1 Pd 2,5).

O Apóstolo Paulo também assim escreveu:

“Portanto, já não sois estrangeiros e adventícios, mas concidadãos dos Santos e membros da família de Deus. Estais edificados sobre o fundamento dos Apóstolos e dos Profetas, do qual Cristo Jesus a Pedra angular. N’Ele bem articulado, todo o edifício se ergue como santuário santo, no Senhor, e vós, também, n’Ele sois coedificados para serdes habitação de Deus, no Espírito” ( Ef 2,19-22).

Deste modo, podemos afirmar que “São Pedro e São Paulo são os últimos dois anéis de uma corrente que nos une ao próprio Cristo.

Em certo sentido, nossa comunhão com Jesus passa através deles. Nós celebramos, por isso, a festa dos ‘fundadores’ de nossa fé, dos antepassados do povo cristão.” (1).

Assim como São Pedro e São Paulo, continuemos a missão de Jesus, tão expressivamente como eles o fizeram, chegando ao ápice do martírio, culminando com o derramamento do sangue, em plena fidelidade a quem os chamou, Jesus Cristo, morto e Ressuscitado, Aquele que agora vive e reina em todo o Universo e em todos os povos.

Eles, colunas mestras da Igreja; nós, pedras vivas amadas e escolhidas por Deus neste edifício espiritual, em que Cristo é a Pedra angular.

Eles, os dois últimos anéis da corrente, nós, humildes anéis que, se não unidos a eles e a Cristo, sucumbimos diante das dificuldades e na fidelidade do carregar da cruz, não alcançando a graça da contemplação da face divina, um dia, na glória da eternidade, após termos vivido o bom combate da fé.

Digamos para nós mesmos: como é bom ser um anel, um simples anel nesta corrente inquebrável, indestrutível, que começamos a fazer parte no momento de nosso Batismo.


(1) O Verbo Se fez Carne – Raniero Cantalamessa - Editora Ave Maria -  p. 837.

“Vós também quereis ir embora?” (10/05)

 “Vós também quereis ir embora?”
“A quem iremos Senhor...”
Ressoe em nosso coração a pergunta
Que o Senhor fez aos discípulos e a nós:
“Vós também quereis ir embora?” (Jo 6,67)

Da mesma forma, a resposta de Pedro
Seja também a nossa resposta incondicional:
“A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna...”

Creiamos firmemente, reconheçamos que
Ele é o Santo de Deus no meio da humanidade,
Na fragilidade humana assumida, presença divina revelada.

O Senhor não nos concede álibis, evasões, fugas,
Quer-nos por inteiro, não reticentes, nem condicionais;
Não atenua, não ameniza a Boa Nova anunciada.

Segui-Lo é tornar-se cristão, adquirir nova identidade.
Cristão é quem aceita a Cristo e o segue, sendo antes por Ele escolhido;
É tornar-se para no mundo e para o próximo outro Cristo.

É um permanente sair de si mesmo, para segui-Lo,
Numa aventura contínua de mergulho para dentro de si,
No mais maravilhoso encontro: Sua presença em nós.

É saber transitar entre as coisas que passam
E abraçar com sabedoria e ardor as que não passam;
É discernir entre o efêmero e o que é para sempre;

É viver segundo o Espírito, buscando as coisas do alto,
Não se perder na linha do tempo da história pessoal,
É romper as portas do temporal, abrindo-se para o eterno.

É não se perder, apegando-se nas aparentes seguranças,
É ter a fé sólida, que não nos permite sucumbir covardemente,
Navegar confiante sobre as agitadas e turbulentas águas da travessia.

Ser cristão é saber dizer sim quando os fatos exigem,
E com mesma serenidade o não também seja dito,
Como assim mesmo Ele nos alertou no Santo Evangelho.

Ser cristão é pautar a vida pela Palavra Proclamada,
Que na vida encarnada, testemunhada com alegria
Torna-se luz que a muitos ilumina, seja noite, seja dia.

É comunicar Sua Palavra como alegre mensageiro,
O ouvinte impactar e escandalizar se preciso for,
E assim o será se de Deus proceder e o testemunho acompanhar.

É ajudar o outro com este contínuo rever
Das opções permanentes mais fundamentais e vitais,
Para que de Deus, no mundo, de Sua luz sejamos sinais.

É colocar-se num contínuo processo catequético,
Para que nossos pensamentos e sentimentos
D’Ele os mesmos sejam a mais bela configuração.

É olhar, reler a história com os olhos de Deus,
Como exige uma verdadeira vocação profética
Viver como Ele, esperar por Ele, amar como Ele.

É não prescindir do Pão da Vida, Pão de Imortalidade,
Por Ele alimentado os pecados são destruídos,
Crescem as virtudes, a alma de todos os dons enriquecida.

É colocar nas mãos de Deus nossa fragilidade,
Oferecer a Ele nossa notável imperfeição, limitação;
Crer no Mistério da vida nova: Ressurreição!

Esta é a nossa escolha, esta é nossa adesão incondicional:
Viver n’Ele e com Ele, na comunhão com o Pai Criador,
Na mais perfeita comunhão com o Santo Espírito de Amor.

Quem sou eu

Minha foto
4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG