domingo, 25 de fevereiro de 2024

Transfiguração: o olhar da fé foi purificado (IIDTQA)

Transfiguração: o olhar da fé foi purificado
                                                                           
No 2º Domingo da Quaresma (ano A), ouvimos as seguintes passagens: Gn 12,1-4a; 2 Tm 1,8b-10; Mt 17,1-9.

Façamos uma breve reflexão à luz da primeira Leitura e do Evangelho, para que vivamos frutuosamente a Quaresma:

“Chamando-nos à conversão, a Igreja nos chama, na realidade, a repetir e tornar nossa a expressão de Abraão e aquela dos apóstolos no Tabor: sair, descer, ir. Sair da rotina da vida – de nossa Ur da Caldeia – na qual estamos confortavelmente instalados, a mente cheia de projetos e de desejos terrenos. Ir ‘para a terra que o Senhor nos indica’, isto é, para o futuro da fé, abrindo-nos às promessas que Deus nos faz e às obras que nos pede” (1).

Voltemo-nos mais uma vez para Abraão, nosso pai da fé:

“Abraão foi chamado a desenraizar-se de um passado sereno e de um presente certo, para ir para um futuro indeterminado, para uma terra que jamais apertará nas suas mãos, para uma inumerável descendência, paradoxal para um velho marido de uma esposa anciã estéril. Daí em diante, só o ponto de partida será certo” ( 2).

Também temos a nossa história marcada por luzes e sombras, certezas e dúvidas, decisões a serem tomadas; estabilidades e instabilidades; seguranças e medos; turbulências pelos ventos contrários e a serenidade pelas brisas suaves que também nos acompanham.

E sejam favoráveis ou adversos, é tempo de nos deixarmos conduzir pelas virtudes divinas que nos acompanham: fé, esperança e caridade.

Concluo apresentando uma súplica para nos ajudar neste santo propósito, que renovamos a cada Quaresma que celebramos e vivenciamos intensamente com toda a Igreja.

Supliquemos:

Senhor Deus, concedei-nos a coragem de “sair, descer e ir” para onde quiserdes nos enviar e a Vossa divina vontade realizar, sem fixar âncoras nas aparentes seguranças que já tenhamos alcançado.

Concedei-nos também a graça de não cairmos na tentação de nos instalarmos num passado sereno, ou presente tão certo e seguro, mas termos a coragem de nos levantarmos, descermos e partirmos para o indeterminado, tão apenas confiando em Vosso Projeto, sem sombras de dúvidas ou de medo, guiados pelo Vosso Espírito, na fidelidade ao Vosso Amado Filho.

“Sair, descer e ir”, não fixando em nossa Caldeira de Ur, tão pouco fixando moradas no Monte Tabor, como desejaram Vossos Apóstolos, mas com os olhos da fé devidamente purificados, descermos à planície ao encontro dos desfigurados, Vossos pobres prediletos, até que mereçamos a visão da Trindade Santa e Eterna, plenitude de amor e luz: céu.

Senhor Deus, ainda que o Mistério da Cruz se faça presente em nossa vida, a experiência do Tabor pelos Apóstolos vivida, conosco compartilhada e nela acreditada, seja a força que nos impulsione a caminhar adiante, colocando nossa vida inteiramente ao Vosso dispor, para que renovemos sagrados compromissos com Vosso Reino.

Oremos:

“Ó Deus, que nos mandastes ouvir o Vosso Filho amado, alimentai nosso espírito com a Vossa Palavra, para que, purificado o olhar de nossa fé, nos alegremos com a visão de Vossa glória. Por N.S.J.C. Amém."

  
(1) O Verbo Se faz Carne - Raniero Cantalamessa - Editora AVe Maria - 2013 p.55
(2) Lecionário Comentado - Editora Paulus -Lisboa - p.91

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