sábado, 10 de fevereiro de 2024

Capítulo II: JESUS CRISTO SEMPRE JOVEM


Capítulo II
JESUS CRISTO SEMPRE JOVEM

Neste capítulo, o Papa nos fala do período original e estimulante da juventude de Jesus Cristo, à luz dos Evangelhos.

“...Jesus foi um jovem. Deu a Sua vida numa fase que hoje se define como a dum jovem adulto. Em plena juventude, começou a Sua missão pública e, assim, brilhou ‘uma grande luz’ (Mt 4, 16), sobretudo quando levou até ao extremo o dom da Sua vida”.   (n.23)

Cada jovem também tem uma missão; “...quando se sente chamado a cumprir uma missão nesta terra, é convidado a reconhecer dentro de si as mesmas palavras que Deus Pai dissera a Jesus: ‘Tu és o meu Filho muito amado”. (n.25)

O crescimento de Jesus não foi apenas fisicamente, mas também espiritual, para realizar o projeto do Pai. Sua adolescência e juventude orientaram-No para esta missão suprema. (n.26.27).

Jesus se relacionava com toda a normalidade, e ninguém O considerava um jovem estranho ou separado dos outros, sendo reconhecido como o filho do carpinteiro, e mesmo o carpinteiro (Mt 13,55; Mc 6,3). (n.28)

“Por isso mesmo, quando Jesus começou a pregar, as pessoas não sabiam explicar donde Lhe vinha aquela sabedoria: ‘Não é este o filho de José?’ (Lc 4, 22”). (n.28)

Jesus se movia livremente entre as pessoas e caminhava com elas, como vemos na passagem da perda e encontro, quando discutia com os doutores no templo (Lc 2). (n.29)

A Sua juventude nos ilumina os projetos de trabalhos com as juventudes

“Precisamos, sim, de projetos que os fortaleçam, acompanhem e lancem para o encontro com os outros, o serviço generoso, a missão”. (n.30).


Em Jesus, todos os jovens podem se rever, por isto Ele ilumina a juventude de hoje como jovem que foi:

- Jesus teve uma confiança incondicional no Pai;
- cuidou da amizade com os Seus discípulos e, até nos momentos de crise, permaneceu fiel a eles;
- manifestou uma profunda compaixão pelos mais fracos, especialmente os pobres, os doentes, os pecadores e os excluídos;
- teve a coragem de enfrentar as autoridades religiosas e políticas do Seu tempo;
- viveu a experiência de Se sentir incompreendido e descartado;
- experimentou o medo do sofrimento e conheceu a fragilidade da Paixão;
- dirigiu o Seu olhar para o futuro, colocando-Se nas mãos seguras do Pai e confiando na força do Espírito.  (n.31).

Jesus é a verdadeira juventude dum mundo envelhecido, e é também a juventude dum universo que espera, por entre “dores de parto” (Rm 8, 22), ser revestido com a Sua luz e com a Sua vida. (n.32)

A missão que Jesus confia à juventude e a todos nós, “acender estrelas na noite doutros jovens”:

“... convida-nos a olhar os verdadeiros astros, ou seja, aqueles sinais tão variados que Ele nos dá para não ficarmos parados, mas imitarmos o semeador que observava as estrelas para poder lavrar o campo. Deus acende estrelas para nós, a fim de podermos continuar a caminhar: ‘Às estrelas que brilham alegremente nos seus postos, Ele chama-as e elas respondem’ (Br 3, 34-35). Mas o próprio Cristo é, para nós, a grande luz de esperança e guia na nossa noite, pois Ele é ‘a brilhante estrela da manhã’ (Ap 22, 16)”. (n.33)

Ser jovem, mais do que uma idade, é um estado do coração. Assim, a Igreja, uma instituição antiga como é, pode se renovar e voltar a ser jovem em cada uma das várias fases da sua longa história, voltando ao essencial do primeiro amor. Nela, é sempre possível encontrar Cristo, o companheiro e o amigo dos jovens. (n.34)

Uma Igreja que se deixa renovar sem ceder ao que o mundo oferece, mas é jovem quando recebe a força sempre nova da Palavra de Deus, da Eucaristia, da presença de Cristo e da força do seu Espírito em cada dia, voltando continuamente à sua fonte, com a coragem de ser diferente:

- mostrando outros sonhos que este mundo não oferece;
- testemunhando a beleza da generosidade, do serviço, da pureza, da fortaleza, do perdão, da fidelidade à própria vocação, da oração, da luta pela justiça e o bem comum, do amor aos pobres, da amizade social. (nn.35.36)

Como Igreja de Cristo:

- não pode cair na tentação da perda do entusiasmo, e os jovens podem ajudar a Igreja a permanecer jovem;
- não cair na corrupção;
- não parar;
- não se orgulhar;
- não se transformar numa seita;
- ser mais pobre e testemunhal, e mais perto dos últimos e descartados;
- lutar pela justiça;
- deixar-se interpelar com humildade. (n.37)

“Precisamos de criar mais espaços onde ressoe a voz dos jovens: A escuta torna possível um intercâmbio de dons, num contexto de empatia. (…) Ao mesmo tempo, estabelece as condições para um anúncio do Evangelho que alcance verdadeiramente, de modo incisivo e fecundo, o coração” (n. 38)

Uma Igreja atenta aos sinais dos tempos e não debruçada sobre si mesmo, procurando refletir Jesus Cristo, reconhecendo humildemente que precisa mudar algumas coisas concretas, assim como precisa de recolher também a visão e mesmo a crítica dos jovens. (n.39).

Para um número consistente de jovens, pelos motivos mais variados, nada pede à Igreja, porque não a consideram significativa para a sua existência. Aliás, alguns pedem-lhe expressamente para ser deixados em paz, uma vez que sentem a sua presença como importuna e até mesmo irritante. (n.40)

Os motivos desta atitude:

- os escândalos sexuais e econômicos;
- a falta de preparação dos ministros ordenados, que não sabem reconhecer de maneira adequada a sensibilidade dos jovens;
- pouco cuidado na preparação da homilia e na apresentação da Palavra de Deus;
- o papel passivo atribuído aos jovens no seio da comunidade cristã;
- a dificuldade da Igreja dar razão das suas posições doutrinais e éticas perante a sociedade atual. (n.40)

Há jovens que reclamam atitudes diferentes da Igreja:

- alguns querem uma Igreja que se manifesta humildemente segura dos seus dons e também capaz de exercer uma crítica leal e fraterna;
- outros querem uma Igreja que escute mais, que não passe o tempo a condenar o mundo. Não querem ver uma Igreja calada e tímida, mas, menos ainda, desejam que esteja sempre em guerra por dois ou três assuntos que a obcecam.

“Para ser credível aos olhos dos jovens, precisa às vezes de recuperar a humildade e simplesmente ouvir, reconhecer, no que os outros dizem, alguma luz que a pode ajudar a descobrir melhor o Evangelho. Uma Igreja na defensiva, que perde a humildade, que deixa de escutar, que não permite ser questionada, perde a juventude e transforma-se num museu” (n.41)

Traz como exemplo a questão dos direitos das mulheres e a superação de discriminações: “...o Sínodo quis renovar o empenho da Igreja ‘contra toda a discriminação e violência com base no sexo’”. (n.42)


O Papa dedica alguns parágrafos para nos apresentar Maria, a jovem de Nazaré (n.43-48), modelo para uma Igreja jovem, que deseja seguir Cristo com frescor e docilidade.

Sempre impressiona a força do “sim” de Maria, jovem. A força daquele “faça-se em Mim”, que disse ao anjo. Foi uma coisa distinta duma aceitação passiva ou resignada.

Maria não comprou um seguro de vida! Maria embarcou no jogo e, por isso, é forte, é uma “influenciadora”, é a “influenciadora” de Deus! O “sim” e o desejo de servir foram mais fortes do que as dúvidas e dificuldades.

Maria não cedeu a evasões nem miragens, e soube acompanhar o sofrimento do seu Filho; apoiá-Lo com o olhar e protegê-Lo com o coração.

“Que dor sofreu! Mas não a abateu. Foi a mulher forte do “sim”, que apoia e acompanha, protege e abraça. É a grande guardiã da esperança (...). Dela, aprendemos a dizer “sim” à paciência obstinada e à criatividade daqueles que não desanimam e recomeçam” (n.45)

Maria não ficava quieta, punha-se continuamente a caminho: quando soube que sua prima precisava d’Ela, não pensou nos próprios projetos, mas ‘dirigiu-Se à pressa para a montanha’” (Lc 1, 39). (n.46)

Quando foi necessário proteger o seu menino, partiu com José para um país distante (cf. Mt 2, 13-14).

Também permaneceu no meio dos discípulos reunidos em oração à espera do Espírito Santo (cf. At 1, 14).

Com a presença de Maria, nasceu uma Igreja jovem, com os seus Apóstolos em saída para fazer nascer um mundo novo (cf. At 2, 4-11).

“Aquela jovenzinha é, hoje, a Mãe que vela pelos filhos: por nós, seus filhos, que muitas vezes caminhamos na vida cansados, carentes, mas desejosos que a luz da esperança não se apague. Isto é o que queremos: que a luz da esperança não se apague. A nossa Mãe vê este povo peregrino, povo jovem amado por Ela, que A procura fazendo silêncio no próprio coração, ainda que haja muito barulho, conversas e distrações ao longo do caminho. Mas, diante dos olhos da Mãe, só há lugar para o silêncio cheio de esperança. E, assim, Maria ilumina de novo a nossa juventude”. (n.48)

Apresenta-nos exemplos de Jovens Santos (nºs.51-63), que deram a sua vida por Cristo, muitos deles até ao martírio.

Constituem magníficos reflexos de Cristo jovem, que resplandecem para nos estimular e tirar fora da sonolência.

“O bálsamo da santidade gerada pela vida boa de muitos jovens pode curar as feridas da Igreja e do mundo, levando-nos àquela plenitude do amor para a qual, desde sempre, estamos chamados: os jovens santos impelem-nos a voltar ao nosso primeiro amor (cf. Ap 2, 4)’’. n.50). E nos apresenta alguns exemplos de jovens santos.

São exemplos para estimular na Igreja outros jovens alegres, corajosos e devotados que ofereçam ao mundo novos testemunhos de santidade. (n.63)

- São Sebastião – no século III;
- São Francisco de Assis, - Morreu em 1226;
- Santa Joana d'Arc nasceu em 1412.
- O Beato André Phû Yên, um jovem vietnamita do século XVII;
- Santa Catarina Tekakwitha, jovem leiga nascida na América do Norte;
- São Domingos Sávio oferecia a Maria todos os seus sofrimentos;
- Santa Teresa do Menino Jesus nasceu em 1873.
- Beato Zeferino Namuncurá era um jovem argentino;
- Beato Isidoro Bakanja - um leigo do Congo;
- Beato Pier Jorge Frassati, que morreu em 1925;
- Beato Marcelo Callo era um jovem francês, que morreu em 1945.
- Beata Clara Badano, que morreu em 1990.


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