quarta-feira, 6 de março de 2024

“Sete pecados sociais”

                                                            

“Sete pecados sociais”

Atribui-se a Mahatma Gandhi esta afirmação:

“Sete pecados sociais: política sem princípios, riqueza sem trabalho, prazer sem consciência, conhecimento sem caráter, comércio sem moralidade, ciência sem humanidade e culto sem sacrifício.”

Embora vivamos em tempos e lugares diferenciados, os “sete pecados sociais” estão presentes em nosso quotidiano, somos vítimas e ao mesmo tempo sujeitos.

“Política sem princípios”:
A ausência de princípios éticos abre brechas para medidas e posturas que aumenta o abismo dos ricos e empobrecidos; a política e seus atores caem na vala comum: da apatia, indiferença, desconfiança e perda de esperança de tempos novos. A falta de princípios faz com que a política deixe de ser a prática sublime de caridade, e assim deixamos de buscar e promover o bem comum, com vida e cidadania digna para todos, sem resquícios de exclusão.

“Riqueza sem trabalho”:
Porque certamente conseguida com trabalho de outros, por vezes mal remunerado, direitos sociais vilipendiados, conquistas não asseguradas, mutiladas, reduzidas, aniquiladas; retrocessos de conquistas alcançadas. Ou por vezes da especulação de qualquer ordem, da acumulação, extorsão, ágios, lucros não partilhados...

“ Prazer sem consciência”:
Porque pode ser a máxima expressão do hedonismo; do prazer inconsequente, com preços altos a serem pagos; comprometimento de futuros e projetos que poderiam serem evitados, por vezes impossíveis de serem revertidos, porque deu à história de quem ao prazer se curvou, um outro indesejável e infeliz sentido.

“Conhecimento sem caráter”:
A busca do conhecimento é como uma espiral que tende ao infinito. Mas todo conhecimento somente tem sentido quando ele se volta em favor do próprio homem e mulher que pensam e tem sede do conhecimento. Há conhecimentos sem caráter, sem utilidades, conhecimentos fúteis e inúteis, que não corroboram para que a vida humana seja mais bela. Todo conhecimento a ser buscado e alcançado é para que se favoreçam novos relacionamentos, e, com isto, promover a fraternidade e possibilidade de que todos dele desfrutem.

“Comércio sem moralidade”:
Há valores sagrados que não se negociam; exploração abundantemente execrada pelos Profetas na Sagrada Escritura; tráficos de qualquer espécie que desconsideram a beleza, dignidade e sacralidade da vida (tráfico de drogas, armas, órgãos humanos), da concepção ao declínio natural. Negociatas para garantir vantagens, postos, privilégios, ainda que muitos sejam prejudicados.

“Ciência sem humanidade”:
Ciência é saber que deve também fazer seus progressos numa busca inacabada do saber, com a religação de todos os saberes, mas sem jamais colocar em risco a existência da humanidade.  O grande pecado da ciência é quando aqueles que a buscam e promovem não têm como meta a elevação das possibilidades de existência da  condição humana. A ciência somente tem razão de existir, quando  em favor do próprio homem e mulher que a busca e a promove.

“Culto sem sacrifício”:
Independentemente do credo professado, da religião vivida, todo culto exige daquele que o realiza, abertura, disponibilidade, doação, entrega, renúncias, para que todos possamos viver melhor; que um mundo mais humano e fraterno construamos. Pode parecer um sonho, uma ilusão, mas é exatamente o ponto convergente de todos os cultos, e para isto, a necessidade de sacrifícios, penitência e conversão permanente.

Concluindo:
Continuemos aprofundando sobre os pecados sociais, firmando nossos passos na busca de um mundo mais humano e fraterno.

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