Na quinta-feira da 3ª semana do Tempo da Quaresma, a Liturgia nos apresenta a passagem em que Jesus expulsou os demônios pelo dedo de Deus, anunciando a chegada do Reino (Lc 11,14-23).
Muitas dificuldades encontramos para o testemunho de uma vida cristã autêntica, porque muitas são as forças que se contrapõem ao Reino de Deus.
Entretanto, se forte e poderosa é a força demoníaca, muito mais forte e incomparável é a força de Deus atuando em cada um de nós, em permanente vigilância:
“A batalha do Messias exige uma decisão clara a favor ou contra Ele. Não é possível neutralidade alguma. Além disso, quem foi libertado da presença de Satanás não se deve julgar inatacável e completamente seguro. Sem vigilância, mesmo que se converter pode ficar pior do que antes (Hb 6,4-6).” (1)
Para que vençamos as forças satânicas, que nos fragilizam e nos desviam de uma relação sincera e amorosa com Deus e com nosso próximo, é preciso o dom da fé, para que façamos o devido discernimento da presença de Deus em nossa vida.
Ao dom da fé, se some:
- a escuta orante da Palavra de Deus, de modo especial no aprendizado do exercício da Leitura Orante, insistentemente motivado pelo Papa Francisco (leitura, meditação, Oração, contemplação e ação);
- a vivência dos Sacramentos e sua riqueza imensurável;
- uma vida litúrgica ativa, piedosa, consciente e frutuosa: participação nas Missas dominicais e feriais, e quanto mais se possa, para que sejamos nutridos pelo Pão de Imortalidade, antídoto contra todos os males.
Ressoem as palavras de Santo Inácio: “Poderia haver algo de mais admirável que este Sacramento? De fato, nenhum outro Sacramento é mais salutar do que este; nele os pecados são destruídos, crescem as virtudes e a alma é plenamente saciada de todos os dons espirituais”;
- a solidariedade concreta em favor dos que mais precisam nos revigora, e revitaliza nossos sonhos e compromissos com o Reino de Deus.
Enquanto houver uma centelha de bondade e disponibilidade dentro de nós, podemos nos empenhar contra o domínio de Satã, sobretudo se batizados e enxertados em Cristo, a Videira do Pai, deixando-nos revitalizar sempre com a Seiva do Amor do Santo Espírito, em fidelidade incondicional a Deus.
O Missal Cotidiano expressa de maneira contundente:
“Existem homens quase totalmente possuídos pelo espírito maligno, mas não temos o poder nem o direito de julgar os homens. Uma centelha de bondade e disponibilidade, portanto de contato com Cristo, pode ainda existir sob as cinzas em muitas vidas aparentemente rebeldes, egoístas e depravadas. E Jesus certamente não apagará a centelha.” (2)
Acolhamos a Palavra do Senhor renovando sagrados compromissos com o Reino e agradecendo a Deus a sua misericórdia e paciência conosco:
“Ele não quebrará o caniço rachado, nem apagará o pavio que ainda fumega, até que leve o julgamento à vitória. E no Seu nome as nações terão esperança” (Mt 12,20-21).
Concluo com as palavras do Apóstolo Paulo:
“Mas em todas essas coisas somos bem mais que vencedores, graças Àquele que nos amou.
Pois estou convencido de que nem a morte nem a vida, nem os anjos nem os principados, nem o presente nem o futuro, nem os poderes, nem a altura nem a profundeza, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do Amor de Deus, manifestado em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 9,37-39).
(1) Lecionário Comentado - Editora Paulus - Lisboa - pág.527.
(2) Missal Cotidiano - Editora Paulus - p.1368.
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