quinta-feira, 21 de março de 2024

“O poder radiante da Cruz”

                                                             

“O poder radiante da Cruz”

A Promessa Divina e
a esperança humana se realizam...

Ouvimos na Quinta-feira da 5ª Semana do Tempo da Quaresma as passagens bíblicas que nos falam do poder radiante da Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo.

N'Ele acontece o mais belo desejo humano: o que antes fora promessa, com Ele se cumpre plenamente. 

A Sua Encarnação, Sua Vida, pregação, Amor e doação se consumam na cruenta Morte, e Morte de Cruz. O Pai O ressuscitando, experimentamos e testemunhamos “o poder radiante da Cruz”, como rezamos no Prefácio da Missa no Tempo da Quaresma.

O Amor que fora descrito, ensaiado, experimentado, ainda que em sombras, agora se revela plenamente em raios de luz.

Na passagem da primeira Leitura (Gn 17,3-9), refletimos sobre a Aliança que Deus selou com Abrão. Realiza-se através desta o encontro da Promessa Divina e a Esperança humana. Quando Deus promete, compromete-Se plenamente e cumpre.

Vemos que é próprio de Deus, por Seu Amor eterno e desde sempre, entrar nos desejos e nos sonhos da humanidade, sem jamais sufocá-la. Por ser Amor não cabe em Si, portanto, dilata e eleva a alto grau, que ultrapassa a compreensão e categorias do pensamento humano.

A Aliança selada por Deus com Abrão não é um fato jurídico, com direitos e deveres estabelecidos; é muito mais do que isto: trata-se de uma relação de amor, “um fluxo e refluxo de gratuidade e gratidão”.

Deus Se dá por inteiro e por Amor, assegura descendência, prosperidade, felicidade, e de nossa parte a resposta de compromisso, fidelidade e gratidão.

Deus anseia desde os primeiros dias do Éden por uma relação de Amor, amizade e felicidade com o homem e a mulher, por isto os criou à Sua imagem e semelhança, mas nem sempre assim compreendemos e correspondemos. É a história do pecado, da ruptura, da desobediência, do pecado de nossos pais que perpetua em cada um de nós – o desejo de sermos deuses.

Ressoa a Palavra proclamada com o Salmo (Sl 104,4-9) em que se canta a fidelidade de Deus e Seu perene Amor.

Na passagem do Evangelho (Jo 8,51-59) acentua-se a polêmica e a rejeição das autoridades da pessoa e missão de Jesus. É extremamente forte a reação dos judeus manifestada em desprezo, ironia, sarcasmo e confronto cada vez mais evidente.

Jesus Se apresenta como Aquele que existiu desde o princípio – “Garanto-vos: antes que Abraão existisse, Eu sou” (Jo 8,58). E segundo o autor aos Hebreus (Hb 13,8) – “Jesus é o mesmo, ontem, hoje e será sempre”.

Jesus é a Promessa do Pai realizada. Encarna-Se para a redenção da humanidade, ainda que enfrente rejeição, condenação e Morte, mais que Abraão, Davi, Salomão, Moisés, João Batista.

“Jesus não é um entre os grandes, é o Deus feito homem por Amor! Entrando com humildade no mundo transforma-o em ‘casa de Deus’, fazendo parte da nossa história contingente torna-a história da Salvação divina, tomando sobre Si a natureza humana eleva-a a esfera divina. Ele é o maior dom que o Senhor deu à Humanidade”. (1)

Silenciemo-nos por um instante diante da Cruz de nosso Senhor, diante da qual devemos nos gloriar: “Quanto a mim, não aconteça gloriar-me senão na Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, por quem o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo” (Gl 6,14).

Experimentemos e testemunhemos a força renovadora que emana do Senhor, do Seu Coração trespassado, agora Ressuscitado, à direita do Pai sentado, gloriosa e soberanamente.

Experimentemos o poder radiante da Cruz! 
Amém.


(1) Leccionário Comentado - Vol. Quaresma – Ed. Paulus pp. 246 – 249.

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