segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

Conversão e fidelidade

                                                  

Conversão e fidelidade

Na segunda-feira, da sexta semana do Tempo Comum, ouvimos a passagem do Evangelho de Marcos (Mc 8,11-13), em que os fariseus pedem a Jesus um sinal do céu, e Ele responde, depois de suspirar: “Por que esta geração pede um sinal? Em verdade, vos digo, a esta gente não será dado nenhum sinal” (v. 12).

Sejamos enriquecidos voltando-nos para a passagem do Livro de Jonas (Jn 3,1-10).

Jonas é enviado por Deus para pregar a destruição de Nínive e a desistência desta da parte de Deus porque se abriram e se converteram à pregação de Jonas.

Assim nos diz o Comentário do Missal Cotidiano:

“Os cristãos foram escolhidos por Deus, não para um privilégio, e sim para um serviço. Fomos escolhidos por Ele para testemunhar uma salvação oferecida a todos... O Senhor está no meio de nós e nos concede quarenta dias para fazermos penitência. Os habitantes de Nínive acolheram a Palavra de Deus e converteram-se. Só podemos proclamar o convite à conversão se pudermos dar testemunho de que ela tem significado para nós” (1)

E também voltemo-nos para a passagem do Evangelho (Lc 11-29-32), em que Jesus diz que nenhum sinal será dado a esta geração a não ser o sinal de Jonas, e Ele, Jesus, é maior do que Jonas (v. 32), como, também, nos diz o comentário do Missal:

“A fé não se baseia nos milagres, mas na confiança concedida à pessoa de Jesus. O próprio milagre não seria percebido sem uma fé inicial, que Ele pode confirmar ou reforçar... A rainha do sul e os ninivitas, que aceitaram prontamente a sabedoria de Salomão e a pregação de Jonas, são-nos propostos por Jesus como exemplos de fé e de conversão interior a imitarmos. Acrescente-se uma precisão: hoje, de fato, o cristão é que deve ser no mundo um sinal que seja apelo à conversão.” (2)

O Amor de Deus se revela na pessoa e missão de Jesus, e em Sua Palavra que, se acolhida no mais profundo de cada de um nós, é sempre um forte apelo de conversão (metanóia):

“Também para nós é difícil sair dos nossos esquemas, dos nossos juízos, das nossas condenações sobre nós mesmos (quantas vezes somos o juiz mais desapiedado para conosco próprios!) e acolher a sabedoria tão diferente da de Deus, esse sinal supremo que é a morte e Ressurreição de Cristo, como epifania do grande Amor de Deus para cada homem”. (3)

Como discípulos missionários do Senhor, estamos num permanente caminho de conversão, com a multiplicação de gestos de caridade suscitados pela própria caridade, porque fecundada na fé fundante e geradora de sagrados compromissos que tornam visível a esperança de uma nova realidade.

Neste caminho de conversão, somos levados à renúncia de algo que achamos necessário, e é tão apenas supérfluo, concentramo-nos no essencial, porque mais atentos e abertos à mensagem da Palavra Divina, num diálogo frutuoso, em sincera Oração que nos leve, inevitavelmente, à atenção e solidariedade aos que mais precisam, e que se encontram perto ou mesmo distante de nós.

A conversão genuína leva à abertura de horizontes novos, porque nos liberta das âncoras de nossas seguranças e nos torna mais disponíveis para o acolhimento da Boa Nova Pascal que o Senhor tem sempre a nos comunicar.

Finalizando, abrir-se à epifania do Amor de Deus, a nos revelada e comunicada por Jesus, é abrir-se à ação do Santo Espírito, plenificar-se de Sua presença, para que a caminho da salvação, creiamos no coração, professando o que cremos com nossos lábios e testemunhemos com a nossa vida, sempre à luz do Mistério Pascal, Mistério de Morte e Ressurreição, sem jamais prescindir da cruz, assumida corajosamente, e cheios de fé.



(1) Missal Cotidiano - Editora Paulus - pág. 190.
(2) Idem - pág. 191.
(3) Leccionário Comentado - Editora Paulus - Lisboa - pág. 78.

PS: apropriada para a 27ª terça-feira do Tempo Comum (ano ímpar), quando se proclama a passagem do Livro de Jonas (Jn 3,1-10)

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