quinta-feira, 21 de março de 2024

As perigosas tentações na vida cristã

 


As perigosas tentações na vida cristã

 

Na Santa Missa do Crisma, de 06 de abril de 2023, o Papa Francisco, na homilia, refletiu sobre o Ministério Presbiteral, partindo do versículo do Evangelho de Lucas (Lc 4,18) – “O Espírito do Senhor está sobre mim”, anunciado na passagem de Isaías (Is 61,1).

Apresentou três perigosas tentações, que podem se fazer na vida de todo presbítero:

“Três perigosas tentações: a da acomodação, em que a pessoa se contenta com o que pode fazer; a da substituição, em que se tenta «recarregar» o espírito com algo diferente da nossa unção; a do desânimo – a mais comum –, em que, insatisfeitos, se avança por inércia.”

Acomodação, substituição e desânimo. Quem destas tentações está imune, Presbítero ou não?

À luz destas três tentações, uma breve reflexão:

Na vida de comunidade, na vivência da fé, todos podemos cair na tentação da “acomodação”, contentando-nos com o que já sabemos, ou com o que fazemos, sem atenção à Palavra do Senhor, que nos convida a lançar as redes em águas mais profundas (cf. Lc 5,1-11).

Acomodar-se às atividades restritas nos espaços internos da comunidade, ou da própria pastoral, sem maiores compromissos com a realidade social em que se encontra inserido.

Acomodar-se e se tornar indiferente, ou até mesmo surdo, aos clamores que brotam das dores de quem padece a fome, o abandono ou qualquer outra forma que vilipendia a existência.

Acomodar-se numa pastoral de manutenção e conservação, sem abertura ao Espírito, que nos acena para a necessária conversão, para maior proximidade, ternura, compromissos solidários e compaixão.

Acomodar-se numa postura eclesial pouco ou nada sinodal, sem a coragem de se pôr a caminho juntos, e enfrentar as dores possíveis de tantas pedras que se possam encontrar no caminho.

Na vida de comunidade, na vivência da fé, todos podemos cair na tentação da “substituição”, com práticas até mesmo de valor duvidoso, e que pouco ou nada possam reverter em mais vida e dignidade para si e para toda a comunidade.

Substituir o essencial pelo acessório, o eterno pelo passageiro, o verdadeiro esplendor pela luz que se apaga.

Substituições que aparentemente preenchem o tempo, mas mergulham aos poucos num vazio sem sentido, até mesmo irreversível.

Na vida de comunidade, na vivência da fé, todos podemos cair na tentação do “desânimo”, e com ele, a inércia, o imobilismo, a perda do esplendor da graça do batismo; o não mais exalar do odor do amor, no dia da unção do crisma (no Sacramento da Crisma ou da Ordenação), compromisso um dia assumido; a não mais a santificação de si e do mundo; a não busca do aperfeiçoamento espiritual.

Desânimo, apatia, indiferença, vacilações na fé, esmorecimentos da esperança, e esfriamento da caridade, mais que indesejáveis, com consequências danosas e indizíveis.

Todos temos que lutar contra estas tentações, em todo o tempo, reavivando a chama do primeiro amor (2 Tm 1,6), viver a graça da unção (Lc 4,18).

Ouvir em todo o instante o Senhor, que nos olha com olhar terno e cheio de amor e compaixão:“Vem e segue-me” (Mt 19,21).

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG