domingo, 17 de março de 2024

“E Jesus chorou” (VDTQA)

                                                        

“E Jesus chorou”

Ao ver Marta, e os que com ela estavam, chorando a morte de Lázaro, Jesus estremeceu interiormente e ficou profundamente comovido (Jo 11, 34).

E Jesus chorou” (Jo 11,35) a morte do amigo Lázaro, e alguns disseram – “Vede como Ele o amava”. 

Quão profunda e intensa dor estampou em Seu rosto!

Mas também ouviu: “Este, que abriu os olhos ao cego, não podia também ter feito com que Lázaro não morresse?” (Jo 11, 37).

Jesus ficou mais uma vez interiormente comovido (Jo 11, 38) diante da caverna fechada por uma pedra, onde jazia o corpo do amigo.

Este momento nos revela que Jesus, em Sua humanidade, viveu plenamente na história e nos afetos da comunidade, e cremos que assim como participou da atroz e autêntica condição humana, também Ele Ressuscitou, e todo aquele que n’Ele crer e viver, não morrerá para sempre (Jo 11,26).

Vivendo este Tempo Quaresmal, tempo de intensa e profunda oração, contemplemos e, como que, ouçamos o choro de Jesus diante de tantos “Lázaros” em seus túmulos.

Mas Jesus tem a Palavra: “Lázaro, vem para fora” (Jo 11,43).
Contemplemos a comoção interior do Senhor e o Seu choro:
A perturbação momentânea por Ele sentida...

Seu choro é expressão de humanidade com dor cortante;
Indignação diante do mal que parece reinar sobre nossa humana condição.

Seu choro não é de desespero, mas de participação na dor humana,
Pois tudo que nos diz respeito e nos fere, não é indiferente a Ele,
Que é verdadeiramente homem, verdadeiramente Deus.

Jesus chorou, porque amou verdadeiramente a todos.
Chorou, porque é próprio da condição humana comover-se e chorar.

Ele experimentou o sofrimento interior, o doloroso aperto do coração,
O vazio angustiante da mente, 
quando invadida pela morte de quem se ama.   

A lágrima que corre na face do Senhor, 
e intensa é a Sua dor, 
comoção e compaixão diante da morte do amigo.

Mesma a morte bem perto de nós ou mesmo dentro de nós,
Que nos ameaça em suas múltiplas expressões:
Divisões profundas, marginalizações de tantos nomes,
Desesperos por motivos diferenciados,
Corrupção e pulverização de direitos adquiridos.
A violência contra a existência humana, em sua dignidade e sacralidade,
Bem como a violência contra a casa comum em que habitamos: a Terra.

Mas como, diante da morte de Lázaro, 
Jesus pôde remover a pedra do túmulo.
Desatar-lhe as ligaduras, 
devolver-lhe a vida, 
também cremos em Sua Eterna Palavra,
Que tem poder e nos cumula de esperança.

A miséria de nossa condição mortal, pela Sua infinita misericórdia,
Será redimida por Sua Morte e Ressurreição,
E seremos revitalizados pelo Seu Espírito, 
que nos revivifica e nos renova.

O choro de Jesus é um não à cultura da morte e do ódio que nos cerca,
Que vidas de inocentes e empobrecidos vorazmente devora,
Para que, decididamente, participemos da cultura da vida e do amor,
Onde cada entardecer, será como que sementes plantadas,
Para um novo tempo, um novo e desejado amanhecer. 

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