domingo, 17 de março de 2024

A dimensão Pascal do sofrimento (VDTQB)

 A dimensão Pascal do sofrimento 

Reflexão à luz da passagem da Carta aos Hebreus (Hb 5,7-9): 

“Cristo, nos dias de Sua vida terrestre, dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas, Àquele que era capaz de salvá-Lo da morte, e foi atendido, por causa de Sua entrega a Deus. 

Mesmo sendo Filho, aprendeu o que significa a obediência a Deus por aquilo que Ele sofreu. Mas, na consumação de Sua vida, tornou-Se causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem”. 

Uma página emocionante e de extrema beleza, que nos revela a plena humanidade de Jesus Cristo associada à Sua divindade. 

Sua existência terrena foi acompanhada de Orações e súplicas, com fortes clamores, e assim, aprendeu a obediência na escola do sofrimento, que teve o momento ápice na agonia vivida no Horto das Oliveiras. 

A Oração de Jesus não O livrou da morte, assumida por amor e obediência ao Projeto do Pai, mas O libertou definitivamente do sepulcro com Sua gloriosa Ressurreição: não poderia ficar morto para sempre Aquele que nos amou até o fim. N’Ele e com Ele, a Vida venceu a morte. 

Nesta escola de dor e sofrimento, também somos chamados a viver, em contínuo aprendizado com Ele que, apesar de ser Filho, percorreu este caminho, que se tornou loucura para os gregos, escândalo para os judeus. 

Jesus Cristo Se fez semelhante a nós, exceto no pecado para destruí-lo, e assim nos libertar definitivamente de suas amarras, e uma vez amando, Seus preceitos confirmados no amor a Deus e ao próximo, fôssemos introduzidos na vida nova da graça e da paz. 

Nesta escola do sofrimento, Ele deixou ao mundo as mais belas lições de amor, obediência e fidelidade. Aprendemos com o Divino Mestre que esta obediência custa o sacrifício, a dor e mesmo a morte em sua máxima expressão. 

Aprendiz e Mestre para a humanidade, Jesus tornou-Se perfeito, fonte de Salvação Eterna, a quem rendemos toda honra, glória, poder e louvor. 

Continuando nosso itinerário quaresmal, nesta escola do sofrimento, aprendamos a fazer do sofrimento fonte de vida e solidariedade. Evidentemente que não se trata da apologia do sofrimento pelo sofrimento, mas o sofrimento assumido conscientemente por amor e obediência ao Projeto de Deus, como o grão de trigo que morre para não ficar somente um grão de trigo, como nos falou o Senhor: “Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas, se morre, então produz muito fruto” (Jo 12,24). 

Sofrimento com matizes pascais, vividos e assumidos para completar em nossa carne o que falta à Paixão de Jesus, por amor à Sua Igreja (Cl 1,24). 

Neste momento, unamo-nos elevando a Deus nossas orações e expressando nossa solidariedade, com todos aqueles que sofrem.  

Saibamos reler, a partir da fé, os sofrimentos que possivelmente estejamos passando, com a certeza de que, se assumidos com fé, poderão dar frutos de vida e esperança, como a expressão do amor verdadeiro, que tudo crê, tudo suporta (1 Cor 13), amor que não desiste diante do impossível e não desanima diante das dificuldades. 

 

Fonte de Pesquisa: Comentários à Bíblia Litúrgica - texto unificado - Gráfica Coimbra 2 - PP. 1681-1682

 

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG