segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

Sedentos do Amor Divino, purifiquemos nossa alma

Sedentos do Amor Divino, purifiquemos nossa alma

“Já falamos algumas vezes do vazio que deve ser cheio.
Vais ficar repleto de bem, esvazia-te do mal.”

Esta reflexão dos escritos do Bispo Santo Agostinho (séc. V), leva-nos ao necessário reconhecimento de nossas limitações, imperfeições, fazendo renascer um desejo imensurável do encontro com o Amor Deus.

O que nos foi prometido? Seremos semelhantes a Ele porque nós o veremos como é. A língua o disse como pôde. O coração imagine o restante. O que pôde dizer, até mesmo João, em comparação d’Aquele que é? O que poderíamos nós dizer, homens tão longe do valor do próprio João?

Recorramos por isso, para Sua Unção, para aquela Unção que ensina no íntimo o que não conseguimos falar. Já que não podeis ver agora, prenda-vos o desejo. A vida inteira do bom cristão é desejo santo. Aquilo que desejas, ainda não o vês. Mas, desejando, adquires a capacidade de ser saciado ao chegar à visão.

Se queres, por exemplo, encher um recipiente e sabes ser muito o que tens a derramar, alargas o bojo seja da bolsa, do odre, ou de outra coisa qualquer. Sabes a quantidade que ali porás e vês ser apertado o bojo. Se o alargares ele ficará com maior capacidade.

Deste mesmo modo, Deus, com o adiar, amplia o desejo. Por desejar, alarga-se o espírito. Alargando-se, torna-se capaz.

Desejemos, pois, irmãos, porque havemos de ser saciados. Vede Paulo como alarga o coração, para poder conter o que vem depois: Não que já tenha recebido ou já seja perfeito; irmãos, não julgo ter conseguido o prêmio.

Que fazes então nesta vida, se ainda não conseguiste? Uma coisa só, esquecido do que ficou para trás, lanço-me para a frente, para a meta, corro para a palma da vocação suprema. Diz lançar-se e correr para a meta. Sentia-se incapaz de captar o que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram, nem subiu ao coração do homem.

É esta a nossa vida: exercitamo-nos pelo desejo. O santo desejo nos exercita, na medida em que cortamos nosso desejo do amor do mundo. Já falamos algumas vezes do vazio que deve ser cheio. Vais ficar repleto de bem, esvazia-te do mal.

Imagina que Deus te quer encher de mel. Se estás cheio de vinagre, onde pôr o mel?  É preciso jogar fora o conteúdo do jarro e limpá-lo, ainda que com esforço, esfregando-o, para servir a outro fim.
Digamos mel, digamos ouro, digamos vinho, digamos tudo quanto dissermos e quanto quisermos dizer, há uma realidade indizível: chama-se Deus.

Dizendo Deus, o que dissemos? Esta única sílaba é toda a nossa expectativa. Tudo o que conseguimos dizer, fica sempre aquém da realidade. Seremos semelhantes a Ele; porque O veremos como é.”

Refletindo o “Tratado sobre a Primeira Carta de São João”,  nossa alma é iluminada e nossos passos redirecionados e fortalecidos, para que continuemos perseverantes trilhando o caminho da santidade que Deus nos oferece, conduzidos pela luz Divina acesa em nosso caminhar marcado por luzes e sombras, erros e acertos, perdas e ganhos, pecado e graça.

Saciemos nossa sede de água cristalina que Deus tem sempre a nos oferecer, para fazermos a travessia do deserto que todos temos que passar.

No entanto, é preciso que façamos a purificação de nosso coração de tudo quanto seja desnecessário, e até mesmo incompatível com aqueles que professam a fé no Senhor, voltando-nos mais intensamente para Deus e à Sua Palavra, com o firme propósito de viver as Bem-Aventuranças do Senhor na planície, dia a dia, carregando com fé, esperança e amor a cruz que, com renúncias e coragem, temos que carregar no seguimento do Senhor, até que possamos alcançar a glória da eternidade. 

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG