A verdadeira Oração
Na passagem do Evangelho (Mc 7,24-30), temos a súplica da mulher pagã que se dirige a Jesus pedindo que Ele libertasse sua filha possuída por um espírito impuro.
Jesus, depois da súplica insistente da mulher, realizou o que ela pedira, mandando que esta voltasse para casa, pois o demônio já havia saído de sua filha: “Ela voltou para casa e encontrou sua filha deitada na cama, pois o demônio já havia saído dela” (Mc 7, 30).
A súplica desta mulher nos ensina como deve ser a verdadeira Oração: expressão de fé; feita com humildade, acompanhado de perseverança e confiança.
O bispo Santo Agostinho (séc. IV) nos ensina que se nossa Oração não for escutada deve-se a três razões:
- primeiro, porque não somos bons, nos falta pureza no coração ou retidão na intenção;
- porque pedimos mal, sem fé, sem perseverança, sem humildade.
- ou porque pedimos coisas más, isto é, o que não nos convém, o que nos pode fazer mal ou desviar-nos do nosso caminho. (1)
A Oração não é eficaz quando não é verdadeira Oração, mas quando verdadeira ela será infalivelmente eficaz, como afirmou São Tomás de Aquino (séc XIII), porque Deus nunca se desdiz e decretou que o fosse. (2)
Sendo a Quaresma tempo favorável de nossa salvação, somos convidados pela Igreja a intensificar e prolongar nosso tempo de Oração, acompanhado de jejum e expresso em gestos concretos através da esmola (solidariedade).
Concluo com as palavras do Bispo São Pedro Crisólogo (séc. V), que nos ajuda neste aprofundamento:
“Há três coisas, meus irmãos, três coisas que mantém a fé, dão firmeza à devoção e perseverança à virtude. São elas a Oração, o Jejum e a Misericórdia. O que a Oração pede, o Jejum alcança e a Misericórdia recebe".
Que nossa Quaresma seja marcada então pela verdadeira Oração, que aprendemos com a mulher pagã e com a Tradição da Igreja, com seus imprescindíveis ensinamentos, e assim nossa Oração será a expressão de nossa fé, que busca um sincero diálogo com Deus, e nossas súplicas, feitas com humildade e confiança, e de coração puro e sincero, saberemos o que pedir, e Deus, no seu tempo, saberá como e quando nos atender.
1 - cf. Santo Agostinho, Sobre o sermão do Senhor no monte, II, 27, 73)
1 - cf. Santo Agostinho, Sobre o sermão do Senhor no monte, II, 27, 73)
2 - cf. São Tomás, Suma Teológica, 2-2, q. 83, a. 2.
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