quinta-feira, 31 de outubro de 2024

O símbolo da fé que professamos


O símbolo da fé que professamos

Sejamos enriquecidos com esta reflexão extraída Das Catequeses do Bispo São Cirilo de Jerusalém (séc. IV).

“Abraça, cuidadoso, unicamente a fé que agora a Igreja te entrega para aprendê-la e confessá-la, protegida pelos muros de toda a Escritura. Já que nem todos podem ler as Escrituras, uns por falta de preparo, outros por qualquer ocupação que os impede de conhecê-la, para que não pereçam por ignorância, encerramos nos poucos versículos do símbolo todo o dogma da fé.

Exorto-te a tê-lo como viático durante a vida inteira e não admitir nenhum outro mais. Nem se nós próprios, tendo mudado, dissermos algo contrário ao que ensinamos agora, nem mesmo se um anjo adverso, transfigurado em um anjo de luz, te quiser arrastar ao erro. Pois ainda que nós ou um anjo do céu vos anuncie coisa diferente do que agora recebestes, vos seja anátema (Gl 1,8).

Ouves neste momento apenas simples palavras, mas guarda na memória o símbolo da fé. Em tempo oportuno receberás a confirmação de cada versículo tirado das Sagradas Escrituras. Porque não foi a bel-prazer dos homens que este resumo da fé foi composto, mas selecionados dentre toda a Escritura, os tópicos mais importantes perfazem e abraçam a única doutrina da fé. Da forma como a semente de mostarda num pequenino grão contém muitos ramos, assim este símbolo em poucas palavras encerra como num seio materno o conhecimento de toda a religião contida no Antigo e no Novo Testamento.

Considerai, portanto, irmãos, e mantende as tradições que recebestes agora e gravai-as no fundo de vosso coração.

Observai-as religiosamente, não aconteça que o inimigo em qualquer lugar venha a espoliar os covardes e negligentes, ou um herege alterar algo do que vos foi entregue. A fé é depositar no banco o dinheiro que vos confiamos. Mas Deus vos pedirá contas do depósito.

Peço-vos, assim diz o Apóstolo, diante de Deus, que tudo vivifica, e de Cristo Jesus, que deu seu belo testemunho sob Pôncio Pilatos (1Tm 6,13), que conserveis imaculada esta fé entregue a vós, até que apareça nosso Senhor Jesus Cristo.

Agora te foi dado o tesouro da vida. O Senhor exigirá seu depósito por ocasião de Seu aparecimento, que no tempo preestabelecido o bem-aventurado e único Soberano, o Rei dos reis e Senhor dos senhores, manifestará. Ele, o único a possuir a imortalidade, que habita em luz inacessível, a quem ninguém jamais viu nem pode ver (1Tm 6,15-16). A ele glória, honra e império pelos séculos dos séculos. Amém.”

Trata-se da importância do “Credo” ou “Creio”, como dizemos normalmente, que a Igreja também chama de símbolo da fé, no qual contém uma síntese das verdades que cremos, fundadas na Sagrada Escritura.

Como é precioso o tesouro que a Igreja nos confia com a graça da recitação do símbolo da fé, pois toda vez que o rezamos, afirmamos o conteúdo de nossa fé, o que nos move, o que nos ilumina, o que nos impulsiona para o horizonte último da eternidade, configurados ao Cristo que veio do Pai, fez-Se morada em nosso meio, pelo Seu Espírito, para nos redimir e nos reconciliar com Aquele que nos criou por amor.

Recitar o Creio com sinceridade, profundidade, leva-nos necessariamente a ter nova postura diante de Deus, do outro e do mundo.

Recitado e não apenas dito com os lábios; ressoando aquilo que está sedimentado em nossa alma, coração, nos faz mais luminosos e frutuosos, para que o mundo seja mais iluminado, belo e fraterno.

Recitar o creio é professar as verdades que nos fazem mais humanos, mais tementes a Deus, e nos coloca no caminho do discipulado do Senhor, procurando as coisas do alto, onde Deus habita.

Recitar o creio impregna a nossa humanidade, envolvendo-a com o esplendor da luz divina, para que Sua luz então venha a brilhar pelo testemunho que dela possamos dar.

Que o mundo glorifique a Deus pelas obras que fazemos como fruto e expressão de nossa fé. Amém! 

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG