No dia de Finados rezamos e fazemos memória de todos aqueles que nos antecederam na glória dos céus.
Esta reflexão é dedicada a todos que choram a partida de seus entes queridos; àqueles que procuram juntar os pedaços, estilhaços de seu coração, em meio à dor e lágrimas; e àqueles que conseguem ver além da morte, com olhar pascal; que conseguem vislumbrar as fronteiras da eternidade pela fé, ultrapassando os limites da existência.
Morte, mistério que nos acompanha inexoravelmente. Ressurreição que nos acompanha, muito mais que inexoravelmente!
A fé e a esperança na Ressurreição apontam para uma vida/existência no amor. Quando enraizados no amor de Deus somos eternos.
A Ressurreição não é uma mera e pensada repetição da vida, ao contrário, é plenitude. O que aqui começa lá se desabrocha na perfeição. Entraremos numa novidade de vida.
Segundo o grande teólogo Tertuliano, (séc.II):
“A esperança cristã é a ressurreição dos mortos: Tudo o que nós somos, o somos na medida em que acreditamos na Ressurreição”.
O horizonte da Ressurreição deve influenciar as nossas atitudes no tempo presente:
Não vivê-lo como evasão e nem tão pouco como simplesmente um fim em si mesmo... Deve influenciar nossa oração, valores e atitudes... A vida que não se acaba – Deus é o Deus dos vivos... Um Deus que inaugura e eterniza uma relação conosco!
A fé cristã não tem dúvida quanto à incompatibilidade entre a fé na Ressurreição e na Reencarnação.
A fé na Ressurreição implica em estabelecer valores e verdades pelas quais pautamos nossa vida, porque neles acreditamos e nos consumimos; pelos quais somos capazes de morrer.
Não se perder entre verdades que passam e verdades que são eternas...
A eternidade deve ser alcançada na fidelidade e vigilância ativa, fazendo da oração expressão da ajuda divina e, ao mesmo tempo, fonte da solidariedade humana.
Na oração somos, por Deus, ajudados, assistidos, fortalecidos, para o mesmo fazer em relação ao próximo, pois, de fato, a Oração é expressão da força de Deus e da solidariedade humana.
Para finalizar, reflitamos as palavras de Dostoievski, grande escritor russo do século XIX:
“Minha imortalidade é indispensável, porque Deus não iria cometer iniquidade e apagar completamente o fogo do amor depois que este se acendeu para Ele em meu coração...
Comecei a amá-Lo e me alegrei com Seu amor. Será possível que Ele me apague e minha alegria se transforme em nada. Se Deus existe, também sou imortal”.
A inevitabilidade da morte pode ser para quem crê o mergulho na plenitude do amor de Deus.
A existência momentânea no amor (vida terrena) é existência eterna na plenitude do amor (céu).
Lá, na eternidade, enfim, contemplaremos Deus face a face. Lá veremos o que aqui cremos de mente e coração.
Ressurreição: O rompimento de nossa finitude para um mergulho na plenitude.
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