quinta-feira, 2 de novembro de 2023

Se pudéssemos ver o céu... E, podemos!

Se pudéssemos ver o céu... E, podemos!

Deixemos que “eles” nos falem do céu...

Reflexão para quem no céu acredita e dá asas à imaginação…

Se pudéssemos ver o céu...
E, podemos!
Sim, a partir da fé que professamos. Céu não como realidade alcançada, palpável, localizável aqui ou ali.

Se pudéssemos ver o céu...
E, podemos!
Mas com os olhos do coração.
Quando o céu mergulha em nosso ser, já ensaiamos o próprio mergulho nele, na hora de nossa morte.

Se pudéssemos perguntar a quem lá está sobre o céu, teríamos como resposta a partir da Bíblia e de dois santos da Igreja.

Apóstolo Paulo:
“Aqui o céu é algo que ‘o que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou’, tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que O amam; como eu falei na Primeira Carta aos Coríntios (1 Cor 2,9)”.

São João:
“No Livro do Apocalipse (Ap 21 e 22) eu fiz uma descrição sobre o céu: os muros da Jerusalém celestial serão de jaspe. A cidade e suas ruas serão de ouro, semelhantes a vidro puro. Nem conseguimos imaginar essa exuberância e beleza. Os fundamentos dos muros serão adornados com pedras preciosas da mais fina espécie e as doze portas de entrada da cidade serão doze pérolas, tão grandes como a porta.  Do trono de Deus e do Cordeiro sairá um rio de águas vivas, brilhante como o cristal.

É o que você poderá confirmar na Epístola aos Hebreus (Hb 11,10), onde Deus é apresentado como  o construtor, arquiteto e edificador desta casa. Deus vive com o Seu povo e não há mais morte, lamento ou dor, como eu também deixei escrito: ‘E ouvi uma grande voz, vinda do trono, que dizia: Eis que o tabernáculo de Deus está com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o Seu povo, e Deus mesmo estará com eles. Ele enxugará de seus olhos toda lágrima; e não haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem lamento, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas’”.

Mas o Senhor mesmo nos falou na passagem do Evangelho de São João (Jo 14,2-3): ‘Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, Eu vo-lo teria dito; vou preparar-vos lugar’. ‘E, se Eu for e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos tomarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também’. Aqui tem uma morada para cada justo que em mim acreditou e em mim e por mim viveu aí na terra…”

Também nos falou pela passagem do Evangelista Mateus (Mt 13,43), ao nos explicar a Parábola do joio, sobre o fim do mundo “… os justos brilharão como o sol no Reino de meu Pai”.

Depois de ter visto na Sagrada Escritura e ouvido o próprio Senhor pelos seus Evangelistas, ouçamos São Cipriano, Bispo e Mártir (séc. III), nos falar do céu a partir de uma reflexão sobre a morte, em que convidava seus ouvintes a superar o pavor da morte com o pensamento da imortalidade. Ele desperta o desejo profundo de lá chegarmos um dia, se o buscarmos aqui e agora.

"Aqui no céu, contemplamos o coro dos Apóstolos;
Aqui no céu, contemplamos o exultante grupo dos Profetas;
Aqui no céu, contemplamos o incontável povo dos mártires coroados de glória e de triunfo pelos combates e sofrimentos;
Aqui no céu, contemplamos as virgens vitoriosas que, pelo vigor da continência corporal, subjugaram a concupiscência da carne;
Aqui no céu, contemplamos remunerados os misericordiosos, que partilharam com liberalidade o alimento com os pobres e multiplicaram obras de justiça, fiéis ao preceito do Senhor;
Aqui no céu, contemplemos os que transferiram seu patrimônio terreno para os tesouros celestes.“

E conclui fazendo-nos um convite:

Para o céu, aqui, irmãos caríssimos, corram com ávida sofreguidão. Que Deus considere esse modo vosso de pensar! Que Cristo olhe vosso propósito de espírito e da fé! Os maiores prêmios de Sua caridade Ele vos dará àqueles, cujos desejos forem intensos”.  (1)

Também ouçamos o grande Bispo Santo Agostinho, ao nos dizer como podemos ver o céu, à luz da fé:

“Aqui no céu, irmãos, tem no jardim do Senhor não apenas rosas dos mártires; têm também lírios das virgens, heras dos casados, violetas das viúvas. Absolutamente ninguém, irmãos, seja quem for, desespere de sua vocação; por todos morreu Cristo…”. (2)

Continuemos falando do céu, não como refúgio, fuga, algo distante e alienante, mas com a mesma certeza daqueles que o alcançaram, porque o buscaram e o construíram na terra.

Falemos do céu como algo que se conquista em infatigável subida da escada da caridade que nos alcança a eternidade, e nos mergulha na plenitude do Amor de Deus, na plenitude de Sua luz.

Reflitamos:

- O que significa o céu para nós?
- Diante da contemplação bíblica que fizemos e das duas belíssimas descrições, qual o sentimento que desperta em cada um de nós?
- Como buscamos céu e o que fazemos para merecê-lo?
- Como descrever e falar do céu para quem está enfrentando a realidade da morte que separa os casados e também dura e cruelmente separa os amigos?

E como pensar a relação entre céu e Maria?

À luz dos que nos ensina a Igreja, poderíamos concluir dizendo que falar do céu, sem falar de Maria, que foi Assunta ao mesmo, a reflexão ficaria incompleta.

Se pudéssemos ver o céu... e podemos. Podemos ver lá com os anjos e santos (as), a presença amorosa da Mãe de Jesus junto com todos os Apóstolos, todos aqueles que foram considerados dignos de participar do Banquete Eterno.

Se do céu nos viesse uma resposta de tantos quantos viveram a piedosa devoção Mariana, na fidelidade a Seu Filho Jesus, no temor de Deus, no amor e prática da Palavra, assim responderiam os justos, santos e santas de Deus nos céus:

“Não mais cantamos: ‘com minha mãe estarei’, mas com nossa mãe estamos na santa glória tão desejada, junto à Virgem Maria, no céu triunfamos…”.

(1) Liturgia das  Horas - vol. IV - pp. 529-530
(2) Idem - pp. 1179

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG