E podemos.
Ah! Se pudéssemos ver o céu...
E podemos! Sim, a partir da fé que professamos; o céu como realidade alcançada, palpável, localizável aqui ou ali.
Ah! Se pudéssemos ver o céu...
E podemos! Não com os olhos, mas com o coração. Quando o céu mergulha em nosso ser, já ensaiamos o mergulho que se dará na hora de nossa morte.
Na Bíblia há várias passagens que nos falam do céu:
“O que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou, tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que o amam” (1Cor 2,9).
“Os muros da Jerusalém celestial serão de jaspe. A cidade e suas ruas serão de ouro, semelhantes a vidro puro. Nem conseguimos imaginar essa exuberância e beleza. Os fundamentos dos muros serão adornados com pedras preciosas da mais fina espécie e as doze portas de entrada da cidade serão doze pérolas, tão grandes como a porta. Do trono de Deus e do Cordeiro sairá um rio de águas vivas, brilhante como o cristal.” (Ap 21 e 22)
“Abraão esperava a cidade bem alicerçada, cujo construtor é o próprio Deus” (Hb 11,10).
“E ouvi uma grande voz, vinda do trono, que dizia: Eis que o tabernáculo de Deus está com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e Deus mesmo estará com eles. Ele enxugará de seus olhos toda lágrima; e não haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem lamento, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas.” (Ap 21,3-4),
“Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito; vou preparar-vos lugar. E, se eu for e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos tomarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também.” (Jo 14,2-3).
“… os justos brilharão como o sol no Reino de Seu Pai”. (Mt 13,43)
Ah! Se pudéssemos ver o céu...
E Podemos! A partir da fé.
São Cipriano, bispo e mártir (séc. III), em reflexão sobre a morte, convidava seus ouvintes a superar o pavor da morte com o pensamento da imortalidade.
Tomo emprestadas suas palavras para falar céu, pois ele o fez com imensa felicidade e precisão. São Cipriano desperta o desejo profundo de lá chegarmos um dia, se o buscarmos aqui e agora.
Contemplemos o céu:
Lá no céu, contemplamos o coro dos Apóstolos;
Lá no céu, contemplamos o exultante grupo dos Profetas;
Lá no céu, contemplamos o incontável povo dos mártires coroados de glória e de triunfo pelos combates e sofrimentos;
Lá no céu, contemplamos as virgens vitoriosas, que pelo vigor da continência corporal subjugaram a concupiscência da carne;
Lá no céu, contemplamos recompensados os misericordiosos, que partilharam com liberalidade o alimento com os pobres e multiplicaram obras de justiça, fiéis ao preceito do Senhor;
Lá no céu, contemplemos os que transferiram seu patrimônio terreno para os tesouros celestes.
Ele faz um convite a todos nós:
“Para lá, irmãos caríssimos, corramos com ávida sofreguidão. Que Deus considere este nosso modo de pensar! Que Cristo olhe este propósito de espírito e da fé! Os maiores prêmios de sua caridade Ele os dará aqueles, cujos desejos forem intensos” (L. Horas vol. IV p. 529-530).
O grande Bispo Santo Agostinho, um pouco mais tarde também deixou esta contemplação que nos possibilita ver o céu à luz dos olhos da fé:
“Tem, irmãos, tem o jardim do Senhor não apenas rosas dos mártires, tem também lírios das virgens, heras dos casados, violetas das viúvas. Absolutamente ninguém, irmãos, seja quem for, desespere de sua vocação; por todos morreu Cristo…” (idem p. 1179).
Reflitamos:
- O que significa o céu para nós?
- Diante da contemplação bíblica sobre o céu (acima) e destas duas belíssimas visões, qual o sentimento que desperta em cada um de nós?
- Como o buscamos, ou o que fazemos para merecê-lo?
- Como você descreveria e falaria do céu para quem está enfrentando a realidade da morte que separa os casados, e também dura e cruelmente separa os amigos, como nos falou o Bispo de Saragoça no século VII?
Falar do céu sem falar de Maria, que foi assunta ao mesmo, a reflexão ficaria incompleta.
Se pudéssemos ver o céu...
E podemos ver lá com os Anjos e Santos/as, a presença amorosa da Mãe de Jesus junto com todos os Apóstolos, com todos aqueles que foram considerados dignos de participar do Banquete Eterno.
Um canto para encerrar:
“Com minha Mãe estarei”
Com minha Mãe estarei na santa glória, um dia,
junto à Virgem Maria, no céu triunfarei!
No céu, no céu, com minha Mãe estarei!
No céu, no céu, com minha Mãe estarei!
Com minha Mãe estarei, mas já que hei ofendido
a meu Jesus querido, as culpas chorarei.
Com minha Mãe estarei! E que bela coroa,
de Mãe tão terna e boa, feliz receberei.
Com minha Mãe estarei, em seu coração terno,
em seu colo materno sem fim descansarei!”
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