“Creio na Ressurreição da carne, creio na vida eterna...”
Ressurreição da carne e vida eterna são os dois últimos artigos de nossa fé, que professamos ao rezar o Credo.
Apresento três pequenos textos da Igreja, para nossa reflexão sobre esta verdade que nos motiva o bom combate da fé, intrépidos e fortalecidos pela força da Oração, nutridos pelo Pão da Palavra e da Eucaristia.
O primeiro é um belíssimo testemunho dos mártires, no contexto de perseguição e martírio que sofreram tantos e tantas, com sangue derramado, vidas ceifadas, mas sempre com a esperança da eternidade. Assumiram o martírio e o viveram não por desgosto, mas pela verdadeira paixão pela vida:
Assim se dirigiram os carrascos aos mártires cristãos, no terceiro século, e de modo especial a Piônio:
− "Tu és digno de continuar a viver... é tão doce viver e a luz é tão linda"
Mas ele respondeu:
− “Sim, sei que é bonito viver, mas nós desejamos a verdadeira luz; eu sei que a terra é linda é obra de Deus. Se nós renunciamos a ela não é por desgosto, nem por desprezo, mas porque conhecemos bens melhores”.
O segundo texto, do Bispo São Cirilo de Jerusalém, é sobre a fé na Ressurreição, que não priva o crente de seu empenho moral na história, assim como o compromisso social no tempo presente, mas o impele:
− “A esperança da ressurreição é a raiz de toda boa ação; a espera da retribuição fortalece a alma para o cumprimento do bem. Todo operário está pronto a suportar a fadiga se prevê a recompensa [...]. Cada alma que crê na ressurreição tem cuidado de si mesma, que não crê na ressurreição abandona-se à ruína.
Quem crê que o corpo permanece para a ressurreição cuida desta veste da alma e não a suja com a fornicação. Quem, ao invés, não crê na ressurreição abandona-se à impureza, abusando do próprio corpo como de algo que não lhe pertence.
A fé na ressurreição dos mortos é, portanto, um grande ensinamento e advertência da Igreja Católica, grande e necessário, negado por muitos, embora provado pela verdade. Os gregos o combatem e os hereges o derrubam: a contradição tem várias faces, enquanto a verdade só tem uma”.
O terceiro é do Bispo Santo Agostinho, que um pouco mais tarde também deixou uma contemplação que nos possibilita ver o céu à luz dos olhos da fé:
“Tem, irmãos, tem o jardim do Senhor não apenas rosas dos mártires, tem também lírios das virgens, heras dos casados, violetas das viúvas. Absolutamente ninguém, irmãos, seja quem for, desespere de sua vocação; por todos morreu Cristo…” .
Renovemos em nós a graça batismal, e, assim, vivamos o tempo presente com inadiáveis e santos compromissos com a vida e sua sacralidade.
Crendo na Ressurreição, empenhemo-nos para que um dia também possamos nos céus, com aqueles que nos antecederam, nos encontrarmos, na plenitude do Amor Trinitário com todos os Anjos e Santos. Amém.
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