sexta-feira, 28 de julho de 2023

O Semeador, Sua Palavra, nosso coração...

O Semeador, Sua Palavra e o nosso coração 

Reflexão à luz da passagem do Evangelho (Mt 13,1-23; Mc 4,1-9; Lc 8,4-15), sobre a centralidade da Palavra de Deus em nossa vida.  

As parábolas de Jesus mexem com os ouvintes, arma controvérsia; utiliza-Se deste método pedagógico de reflexão para nos ajudar no encontro da verdade que nos desestabiliza, nos chama à conversão: 

"Não se trata de anunciar uma Palavra anestesiante, mas desinstaladora, que chama à conversão, que torna acessível o encontro com Ele, através do qual floresce uma humanidade nova" (Verbum Domini - 93).  

A Parábola, embora de construção simples, somente pode ser compreendida na sua essência pelos pobres, pelos simples, pelos aflitos, aqueles a quem Jesus revelou o amor preferencial de Deus. Elas exortam, animam, ensinam, fortalecem, comprometem, abrem novos caminhos, iluminam horizontes, firmam os passos...  

Que tipo de terra é o coração de cada um na acolhida da Palavra, que o Semeador, o próprio Jesus, nele semeia? 

De modo sintético, vejamos o que nos diz a parábola do Semeador: 

Coração duro – beira do caminho – superficial, egoísta, insensível, orgulhoso, não há lugar para a Palavra de Deus. 

Coração inconstante – entusiasmo momentâneo, sem enraizamento, cristianismo de meias-tintas, não suporta contrariedades e dificuldades. 

Coração materialista - dividido entre as preocupações e riquezas; coração acomodado e instalado; não tem coração, por Deus seduzido, mas dividido, o que é impossível. 

Coração fértil – coração aberto à graça para frutos abundantes produzir; aberto à novidade e propostas do Reino que Jesus inaugurou com Sua Encarnação.  

Com os nossos olhos iluminados pela Palavra de Deus, temos um olhar de futuro para a humanidade com os óculos da esperança, e não um olhar para o holocausto, para a destruição, para o nada... 

A Palavra de Deus tem que iluminar nosso olhar – nem caos, nem êxtase... Esperança de mãos dadas e entrelaçadas com a caridade é sinal da verdadeira fé. 

Acolher a Palavra de Deus nos compromete no cuidado de Sua criação em todos os níveis, âmbitos e aspectos. Cuidar da vida da pessoa, de sua existência e do planeta, nossa Casa Comum, pois é impossível cuidar de um destruindo o outro.

Deixemo-nos conduzir pela Palavra de Deus, princípio ético para todo o nosso existir, que ilumina nossos pensamentos, palavras e ações e nos questiona em nossas omissões.  

Reflitamos:

- De que modo acolho a Palavra do Senhor?
- Como a tenho não apenas acolhido, celebrado, meditado, partilhado, anunciado, mas vivido?

- Quatro atitudes distintas diante da Palavra: indiferença, recusa, desprezo e acolhimento. Como tem sido comigo?
- Como o amor à Palavra de Deus tem me ajudado a viver segundo o Espírito que faz novas todas as coisas, cria uma nova humanidade, um mundo novo? 

- De que modo cuidamos da criação que o Senhor nos confiou? 

Como a chuva que cai e não volta para os céus sem antes regar e fecundar a terra, a Palavra que cai em nosso coração deve voltar para ao Pai acompanhada de sua eficácia, com gestos multiplicados de amor e solidariedade para com o outro e para com Deus.
De fato, a Palavra de Deus é viva e eficaz (Hb 4,12). 

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