sábado, 29 de julho de 2023

Amizades verdadeiras...

Amizades verdadeiras...

Celebramos dia 29 de julho a Memória dos Santos Marta, Maria e Lázaro:

“Celebrar sua memória nos permite entrar uma vez mais no lar de Betânia, tantas vezes abençoado pela presença de Jesus. Ali, numa família formada pelos três irmãos, Marta, Maria e Lázaro, o Senhor encontrava carinho, e também descanso para o Seu corpo fatigado pelo incessante ir e vir entre aldeias e cidades.

Jesus procurava refúgio nesse lar, sobretudo quando tropeçava mais frequentemente com a incompreensão e o desprezo, como aconteceu na última época da Sua vida na terra.

Os sentimentos do Mestre para com os irmãos de Betânia foram anotados por São João no seu Evangelho: Jesus amava Marta e sua irmã Maria e Lázaro (João 11,5) Eram amigos!”  (1)

O Bispo Santo Agostinho (séc. V) em seu Sermão assim se expressou sobre ela:

“Marta e Maria eram irmãs, não apenas irmãs de sangue, mas também pelos sentimentos religiosos. Ambas estavam unidas ao Senhor; ambas, em perfeita harmonia, serviam ao Senhor corporalmente presente. 

Marta O recebeu como costumam ser recebidos os peregrinos. No entanto, era a serva que recebia o seu Senhor; uma doente que acolhia o Salvador; uma criatura que hospedava o Criador. Recebeu o Senhor para lhe dar o alimento corporal, ela que precisava do alimento espiritual. 

O Senhor quis tomar a forma de servo e, nesta condição, ser alimentado pelos servos, por condescendência, não por necessidade.

Também foi por condescendência que se apresentou para ser alimentado. Pois tinha assumido um corpo que lhe fazia sentir fome e sede... Aliás, Marta, permite-me dizer-te: Bendita sejas pelo teu bom serviço! Buscas o descanso como recompensa pelo teu trabalho. Agora estás ocupada com muitos serviços, queres alimentar os corpos que são mortais, embora sejam de pessoas santas.

Mas, quando chegares à outra pátria, acaso encontrarás peregrinos para hospedar? encontrarás um faminto para repartires com ele o pão? um sedento para dares de beber? um doente para visitar? um desunido para reconciliar? um morto para sepultar?

Lá não haverá nada disso. Então o que haverá? O que Maria escolheu: lá seremos alimentados, não alimentaremos. Lá se cumprirá com perfeição e em plenitude o que Maria escolheu aqui: daquela mesa farta, ela recolhia as migalhas da Palavra do Senhor.

Queres realmente saber o que há de acontecer lá? É o próprio Senhor quem diz a respeito de Seus servos: Em verdade Eu vos digo: Ele mesmo vai fazê-los sentar–se à mesa e, passando, os servirá (Lc 12,37).”

Muitas vezes recai sobre Marta a falta de compreensão, reduzindo-a como modelo de ativismo, contrapondo-a a Maria como modelo de contemplação.

Nem ativismo, nem contemplação. Se de um lado Maria pôs-se a escutar o Divino Mestre, Marta não deixou de acolhê-Lo dando também o melhor que possuía. Em outro momento é ela que sai correndo ao encontro do amigo Jesus, para n'Ele encontrar palavra de conforto, quando da morte de seu irmão Lázaro, amigo de Jesus.

Marta com seu modo próprio de ser soube aos poucos abrir-se ao Amigo Maior, ímpar – Jesus. Impressiona-nos como a casa daqueles irmãos era para Jesus um espaço da acolhida, do restaurar as forças, da amizade verdadeira.

Impressiona a sinceridade no diálogo dos amigos nestas passagens mencionadas. Amigos não dão rodeios, expressam sua verdade regada de caridade para que algo melhor possa nascer. Assim era a amizade de Jesus com os três.

Reflitamos sobre a nossa amizade com Jesus; nossas amizades dentro e fora da comunidade – sua beleza e autenticidade; a necessidade que todos possuímos de um lugar e pessoas com quem possamos compartilhar nossos cansaços, sonhos, esperanças, alegrias e tristezas, fracassos e vitórias.

- Jesus nos chamou de amigos, o somos, de fato?
- Temos e somos amigos, de fato?

Descubramos a cada momento caminhos para a construção de verdadeiras amizades que se eternizam, quando celebradas no Banquete Eucarístico sinalizando a amizade a ser vivida no Banquete da Eternidade.


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