sexta-feira, 28 de julho de 2023

“Nosso coração se dilatou”



 “Nosso coração se dilatou”

“Pois aquele que é amado,
sem temor passeia no íntimo do coração do que ama”


A Liturgia das Horas nos apresenta uma Homilia do Bispo São João Crisóstomo (séc. IV), sobre a segunda Carta de Paulo aos Coríntios, possibilitando-nos uma reflexão sobre a verdadeira caridade.

“Nosso coração se dilatou. Aquilo que produz calor costuma dilatar. Assim é próprio da caridade dilatar, pois é uma virtude cálida e fervente.

Ela abria também a boca de Paulo e lhe dilatava o coração. ‘Não amo só de boca, diz ele, meu coração, em verdade, harmoniza-se com o amor; por isso falo confiante, com toda a voz e toda a mente’.

Nada mais amplo do que o coração de Paulo que, à semelhança de um enamorado, abraçava a todos os fiéis com intenso amor, sem dividir e enfraquecer a amizade, mas conservando-a indivisa.

(...) Aquele que é amado, sem temor passeia no íntimo do coração do que ama.(...) Em várias passagens, extraindo textos de cada epístola sua, pode-se ver de que amor incrível ardia para com os fiéis.

Aos romanos escreve: Desejo ver-vos: e muitas vezes fiz o propósito de ir até vos; e também: Se de qualquer modo puder ir fazer-vos voa visita.

Aos gálatas escreve: Meus filhinhos, aos quais gero de novo; e aos efésios: Por esta razão dobro meu joelhos por vós.

E aos tessalonicenses: Qual a minha esperança ou gáudio, ou coroa da glória? Não sois vós? Dizia também carregá-los em suas cadeiras e em seu coração.

Igualmente aos colossenses, escreve: Desejo que vejais vós e aqueles que ainda não viram meu rosto, a grande luta que sustento por vós, para que vossos corações se fortaleçam.

Aos tessalonicenses: À semelhança de uma mãe que acalenta seus filhos, assim amando-vos, desejávamos vos dar não só o Evangelho, mas nossas vidas. Não estais apertados em nós.

Não diz apenas que os ama, mas que é amado por eles, para deste modo atraí-los melhor. Pois assim escreve: Tito chegou e contou-nos vosso desejo, vossas lágrimas, vosso zelo”.

Notável o enamoramento do Apóstolo por Jesus Cristo. Este fez de Cristo a razão de seu viver, sua vida foi transformada; fez deste amor fonte de relacionamento amoroso com as comunidades fundadas e acompanhadas.
Somente nutridos da Fonte do Amor, enamorados por Ele, é que chegaremos à maturidade do amor pela Igreja que somos.

Invoquemos o Fogo do Espírito, para que aqueça e dilate nosso coração; e assim, “os amados” de Deus, no íntimo dele passeiem sem medo algum, como nos falou São João Crisóstomo.

Reflitamos:

- Sinto-me enamorado por Cristo?
- A caridade dilata meu coração para que nele caibam os irmãos e irmãs da comunidade que faço parte?

- Como vivencio este amor por Cristo em relação a Sua Igreja?
- O que significa para mim a comunidade que participo?

- O que mais toca meu coração ao contemplar o testemunho de Paulo em relação a Cristo e a Sua Igreja?

Concluindo, no coração onde o amor está presente, alargado, redimensionado fica, para amar na mesma medida de Deus: um Amor verdadeiramente imensurável!

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG