Quaresma: viver iluminados pela sabedoria divina
Reflexão à luz da passagem do Livro da Sabedoria (Sb 2,1a.12-22).
Acolher e viver a sabedoria de Deus, implica em suportar as perseguições, num aparente caminho de fracasso, opondo-se a toda forma de idolatria, numa verdadeira adoração a Javé.
O autor do Livro mais recente do Antigo Testamento assegura que vale a pena ser justo e fiel aos valores da fé; garante que a fidelidade do justo a Javé não ficará sem recompensa.
A sabedoria de Deus deve ser vivida até a morte, por amor, em relação de serviço, unidade, caridade, verdade, construindo um mundo mais justo e fraterno.
É preciso renunciar a todo orgulho e autossuficiência, pois a vivência da sabedoria do mundo condena ao vazio, à frustração, à depressão, à escravidão e a uma felicidade ilusória, passageira.
Somente a sabedoria de Deus é garantia de uma verdadeira felicidade, realização plena, embora não garanta uma vida fácil, pois mesmo na vida daquele que a vive pode estar presente a calúnia, a perseguição, a tortura e até mesmo o martírio.
Em Tempo Quaresmal, reflitamos sobre a missão do discípulo missionário do Senhor, para discernir e pautar a sua vida na “sabedoria de Deus” e não na “sabedoria do mundo”.
Vivamos a Sabedoria de Deus, que passa pela Cruz, com aparência de fracasso, mas é certeza de vitória; na doação da própria vida, acolhendo as críticas, as perseguições, as incompreensões (Mt 5,1-12 – as Bem-Aventuranças), numa vida de serviço por amor, alegremente, deixando nossas atitudes e pensamentos moverem-se pelos critérios de Jesus.
Urge que a virtude da humildade se concretize na acolhida e serviço aos pequenos, que são os preferidos de Deus. E como afirmou Jon Konings – “Os humildes despertam a força do amor que dorme no coração do ser humano”.
Cuidando dos preferidos de Deus, estaremos cuidando do próprio Deus (Mt 25 – o julgamento final).
Como Igreja, Povo Eleito do Senhor, sejamos uma comunidade que pauta a vida pela sabedoria e verdade divinas e se coloca a serviço de unidade, na prática da caridade, aprendendo a viver a complementaridade e subsidiariedade.
Reflitamos:
- Qual sabedoria pauta nossa vida: a do mundo ou a de Deus?
- O que constrói ou destrói nossas comunidades?
- Qual a nossa alegria em embarcar na aventura do Reino de Deus?
- De que modo o poder é verdadeiramente serviço dentro e fora da Igreja?
- Quem foi eleito para qualquer cargo o exerce com doação, promovendo o bem comum, no compromisso com os últimos de nossa sociedade?
- Todos nós temos algum poder (família, escola, trabalho...). Como o exercemos?
Trilhando o itinerário quaresmal, demos mais um passo na fidelidade ao Senhor, com renúncias necessárias, carregando, quotidianamente, nossa cruz, até que mereçamos a glória e o descanso eterno. Amém.
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