O Grão de Trigo
“Se o grão de trigo que cai na terra não morre,
ele continua só um grão de trigo; mas, se morre,
então produz muito fruto.” (Jo 12,24)
Contemplo-Vos, Senhor, nestes dias de recolhimento e Oração, como devem ser todos os dias da Quaresma, para celebrar o transbordamento da alegria de Vossa Páscoa.
Contemplo Vossa Pessoa, através da qual Deus e homem uniram-se, indissoluvelmente, de maneira absoluta e para sempre, pois com o Pai sois um.
Contemplo-Vos, a Palavra feita Carne, com conhecimento perfeito de Deus, porque estais inserido na mais perfeita comunhão e intimidade com Ele, no Espírito.
Contemplo-Vos por terdes vindo a este mundo para fazer em tudo a vontade d’Aquele por quem fostes enviado, plenamente e decididamente, através de Palavras e obras, até à morte, e morte de Cruz.
Tudo isto, Senhor, fizestes por nós; Vós que sois o Filho único, que estais no seio do Pai e que nos fazeis conhecer Deus, que ninguém jamais viu, e partícipes de Vossa plenitude, recebendo graça sobre graça (cf. Jo 1,16-18).
Senhor, imenso é meu amor por Vós, que selastes, com a própria vida e o Sangue derramado por nós, a Nova e Eterna Aliança, e assim nos alcançastes o perdão dos pecados, e nos fizestes Povo da Nova Aliança.
Creio, Senhor, que sois como o grão de trigo caído na terra, e que Vos tornastes uma árvore de vida carregada de frutos para nosso Alimento e deleite.
Contemplo-Vos na Cruz em que fostes elevado, erguido diante de nossos olhos e ouvimos o eco da voz de Deus vinda do céu: "Glorifiquei-O e tornarei a glorificá-Lo".
Medito em Vossas Palavras, Senhor: "É agora o julgamento deste mundo".
Contemplo Vossa entrega voluntariamente no Mistério da Paixão, não como um herói impassível, mas como o Filho que teve de aprender a dizer ao Pai: "Faça-se a Tua vontade!".
Cremos que Satanás, chefe dos que fazem o mal e se opõem a Deus, vai definitivamente "ser lançado fora".
Unimo-nos convosco em Vossa “hora”; a hora da Vossa morte e glorificação, que é a marca de uma linha divisória em que temos que tomar uma decisão.
Esta “hora”, Senhor, expressivamente mencionada no Quarto Evangelho, é a hora da Vossa Páscoa, cume e chave de interpretação de toda a Vossa missão salvífica e redentora da humanidade.
É a hora de nossa decisão, e que seja a decisão de ficar do lado dos que Vos conhecem, e não somarmos com os que resistem em deixar-se atrair por Vós, que morrestes na Cruz em que foi elevado, com os braços abertos para nos acolher e nos redimir.
Vós que viestes para esta “hora”: uma hora temida, uma hora de agonia e, no entanto, profundamente desejada, por ser a hora do Sacrifício perfeito da Vossa obediência ao Pai, e da Vossa glorificação.
É a hora em que os próprios pagãos e também nós reconhecemos em Vós, atrás das marcas da agonia e dos açoites, e flagelo suportado, no corpo inerte e morto na Cruz, pelos cravos preso, todo chagado, beleza ocultada pelo Sangue derramado, verdadeiramente o Filho de Deus.
Contemplo-Vos com fé; Vós que fostes trespassado e que sois para nós o caminho da Salvação.
Ensinai-me, Senhor, e fortalecei-me no caminho por que me conduz, e que consiste no caminho de obediência custosa, mas que desemboca na manhã radiosa da Páscoa eterna.
PS: Livre adaptação do Comentário do Missal Quotidiano Dominical e Ferial - Editora Paulus – Portugal - pp. 443-445
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